Achava que não, mas estava aprendendo muitas coisas novas sobre mim mesma esta semana.
Sentei-me na mesma poltrona da noite anterior e ponderei. Eu estava definitivamente em um momento de reflexão de vida.
Assim que deixei de lado a reflexão sobre a Terra dos Solteiros, comecei a considerar o verdadeiro problema em questão. No fundo da minha mente, eu tive uma ideia, uma que tinha vivido lá por um tempo tentando criar coragem para emergir. Mas agora, em uma situação mental de luta ou fuga, ela abriu caminho na minha mente e está cutucando o meu cérebro desde que acordei com frio e irritada.
Meu próprio negócio de marketing e design. Divulgação, sites, banners, anúncios… Muitos designs divertidos para fazer sozinha. Sem todas aquelas grandes contas corporativas discutindo sobre o que tal ou tal tom de laranja diz subconscientemente. Apenas trabalho direto para startups, indivíduos e pequenas empresas.
Trabalho acessível, mas lindo.
Eu tinha as habilidades. Eu tinha a vontade.
Examinando meus contatos, tentei descobrir onde poderia encontrar alguns clientes para lançar meu novo negócio assim que o colocasse em funcionamento. Eu não tinha certeza de onde estava a linha ética sobre entrar em contato com ex-clientes. Uma coisa que eu sabia sobre mim mesma, essa não era uma linha que eu cruzaria.
Obviamente, eu precisaria de algo para mostrar a eles. Algo tão bom quanto o que eu conseguia fazer quando tinha recursos, mas com um orçamento muito menor. O que eu poderia oferecer para me destacar? O que faria de mim um sucesso? E que me permitiria pagar o aluguel?
Pesquisei designers no Google e comecei a pegar capturas de tela. Peguei o meu Moleskine e fiz anotações de diferentes coisas ofertadas, preços, cronogramas, esquemas de cores, sites... qualquer coisa que outras pessoas estavam fazendo. Eu marquei exemplos. Fiz anotações do que poderia ser feito melhor, diferente, ou apenas que fosse mais eu.
Foi divertido. Foi emocionante. Mas foi apenas o começo e quando tentei pensar além disso, fiquei um pouco assustada.
Depois de uma hora, já tinha bebido todo o meu mocha. Definitivamente, outro era necessário para traçar um plano de negócios enquanto eu esperava por John.
E, para minha sorte, Abby ainda estava trabalhando no balcão.
— Sabe qual é o seu problema? — começou ela, antes mesmo que eu pudesse fazer o meu pedido.
— Não, mas tenho certeza de que, como minha barista, não há nada que você gostaria mais do que me dizer.
É uma situação triste quando não me sinto estranha ou culpada por discutir verbalmente com uma criança.
— Olhe para você. Você está uma bagunça.
Olhei para baixo. Provavelmente por hábito. Será que Abby começou a canalizar a minha mãe. Eu estava uma bagunça? Emocionalmente ou fisicamente? Ela provavelmente queria dizer um pouco dos dois.
— Isso não é bom — disse ela, como se estar uma bagunça ocasionalmente fosse uma coisa boa e eu pudesse ficar confusa. — Já é difícil ser uma garota, quanto mais uma garota comum. Mas você está reduzindo sua própria classificação de crédito social vindo aqui assim.
Eu não deveria perguntar. Foi um movimento idiota e eu sabia disso mesmo enquanto a pergunta escapava dos meus lábios. — Classificação de crédito social?
— Eu chamo isso de Teoria da Garota Comum. É a razão pela qual você está solteira e não sabe o que fazer sobre isso.
Eu sabia o que fazer sobre isso: Nada.
Eu estava solteira, olhei para o relógio, há catorze horas. Eu não tinha morrido por não ter um homem em minha vida ainda.
Eu estava mais do que viva. Eu estava me sentindo super bem.
Quando decidi morar com Jason, minha mãe não ficou feliz. Tantas indiretas sobre gente interesseira que perdi a conta. Minhas tias se juntaram a ela. Os casais felizes da família também juntaram forças para tentar me convencer do contrário. Ninguém, nenhuma pessoa simplesmente veio até mim e disse que não gostava dele. Eles apenas pensaram que deveríamos nos casar em vez de morarmos juntos.
Ou talvez não gostassem dele.
Mas já essa… essa adolescente, autoproclamada guru do amor, era demais.
— Veja, os caras são muito visuais. — A Garota Barista Abby acenou com a cabeça como se eu não fosse acreditar nela ou isso fosse, sei lá, novidade. — Tudo gira em torno do que eles podem ver. Eles não podem ver que você é inteligente ou engraçada, ou o que quer que seja o seu Poder Feminino. É tudo uma questão visual.
— Se você diz. — Não era minha culpa se isso soou grosseiro até mesmo para mim.
— Agora você entra aqui desse jeito. — Ela acenou com a mão vagamente para mim do seu lado do balcão. — Nada bom.
— Ontem à noite você me acusou de ser uma adúltera.
Eu estava realmente começando a desejar já não ter pago a bebida. Ou que ela já tivesse me dado o meu mocha. Ou que meu ego não estivesse sendo metralhado sem motivo aparente.
Ou… ou… ou…
Ah, a vida fabulosa da garota recém-solteira. A garota solteira comum, aparentemente.
Claro, eu não tinha me arrumado já que viria andando até aqui e trabalharia o dia todo. Calças de ioga e uma camiseta justa eram a melhor escolha. Eu já havia planejado levar todas as minhas peças executivas para revender em um bazar e conseguir um dinheiro para o aluguel.
Claro, roupas de grife e sapatos que esmagam os dedos eram uma parte que eu não me importava em cortar.
Agora só precisava de um lugar alugado para pagar.
Eu toquei o pequeno buraco começando a desfiar ao longo da borda da minha camiseta e pensei comigo mesma que a última coisa que eu precisava agora era outro cara. Eu estava deixando a garota-dependente-de-algo de lado e estava me tornando a Mulher de Negócios Independente.
A Garota Barista chamou a minha atenção quando terminei a minha inspeção do será-que-esta-camisa-pode-ser-salva.
— Talvez um pouco de maquiagem também. Você sabe. Só um pouco de rímel e gloss.
— Meu mocha está pronto? — Sério. Ela achava que esse era o caminho para uma boa gorjeta? Irritar os clientes até que eles paguem para serem deixados em paz?
Eu balancei minha bolsa de moedas. Provavelmente estava muito leve para pagar por aquela bênção.
— Ainda não. — Ela olhou para o copo de viagem vazio em sua mão. — Então, a teoria. Caras. Eles tendem a se avaliarem bem alto, enquanto colocam as mulheres muito abaixo facilmente. Portanto, vamos supor que cerca de oitenta e cinco por cento das mulheres se enquadrem nesse grupo de aparência média. Algumas são classificadas como acima, na média superior, como a classe média alta, e algumas são classificadas abaixo na escala. Mas todas elas caem no meio da curva do sino.
Olhei para a mão dela, aquela com meu copo vazio, esperando que ela terminasse para que eu pudesse voltar ao trabalho. Eu tinha uma empresa para lançar.
— De qualquer forma — continuou ela, colocando meu copo, ainda vazio, na mesa. — Caras não vivem na mesma curva de sino. Quando eles veem aquelas dez por cento das garotas realmente lindas e gostosas, setenta por cento dos caras pensam que essa garota pode ser obtida. Esses setenta por cento estão reduzindo o QGC (Quociente da Garota Comum) significativamente. Pense nisso. Se um cara que está classificado como seis pensa que pode namorar uma nove, quem as garotas seis vão namorar?
O que me deixava assustada era que ela estava realmente fazendo sentido.
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