Mantém-te concentrada, Disse a si própria. Tens um bandido para apanhar.
E a situação era sombria. A colega mais nova de Riley, Lucy Vargas, já tinha sido ferida. O parceiro de longa data de Riley, Bill Jeffreys, tinha ficado com Lucy. Estavam ambos a uma esquina de distância atrás de Riley, a tentar detetar atiradores. Riley ouviu a espingarda de Bill.
Com perigo à espreita à sua frente, não podia olhar para trás para ver o que se estava a passar.
“Como está a situação, Bill?” Gritou.
Agora ouvia uma série de tiros de semiautomática.
“Um abatido, faltam dois,” Gritou-lhe Bill. “Eu abato estes tipos, sem problema. E cubro a Lucy, ela vai ficar bem. Mantém os teus olhos focados no que tens à tua frente. Aquele tipo à frente é bom. Muito bom.”
Bill tinha razão. Riley não conseguia ver o atirador à frente, mas ele já tinha atingido Lucy. Se Riley não o abatesse, o mais certo era matá-los aos três.
Manteve a sua carabina M4 erguida e pronta. Há muito que não manuseava uma arma de assalto, por isso ainda se estava a habituar à sua forma e peso.
À sua frente estava o corredor com todas as portas abertas. O atirador podia estar em qualquer um daqueles compartimentos. Ela estava determinada a encontrá-lo e a abatê-lo antes que fizesse mais estragos.
Riley manteve-se junto à parede, movimentando-se na direção da primeira porta. Esperando que ele lá estivesse, manteve-se afastada da entrada, pegou na arma e disparou três vezes para o interior. Depois colocou-se à entrada e disparou mais três vezes. Desta vez pressionou a coronha contra o ombro para amparar o recuo.
Baixou a arma e viu que o compartimento estava vazio. Virou-se para se certificar que o corredor ainda estava vazio, depois pensou durante um instante sobre qual seria a sua próxima ação. Para além de ser perigoso, verificar cada compartimento daquela forma ia custar-lhe munições preciosas. Mas naquele momento, parecia não ter escolha possível. Se o atirador estivesse num daqueles compartimentos, estava preparado para matar quem tentasse ultrapassar a entrada.
Parou por um momento para avaliar as suas próprias reações físicas.
Estava agitada, nervosa.
A pulsação estava acelerada.
Respirava com dificuldade e aceleradamente.
Mas era da adrenalina ou da fúria da noite passada?
Lembrou-se outra vez…
“E se estiver a andar com alguém?” Dissera Ryan.
“Riley, nunca fizemos nenhum acordo de exclusividade.”
Dissera-lhe que o nome da mulher era Lina.
Riley perguntou-se que idade teria.
Provavelmente muito jovem.
As mulheres de Ryan eram sempre demasiado jovens.
Raios, para de pensar nele! Estava a reagir como uma novata estúpida.
Tinha que se lembrar de quem era. Ela era Riley Paige e era respeitada e admirada.
Tinha vários anos de treino e trabalho de campo.
Descera ao inferno e voltara vezes se conta. Tirara vidas e salvara vidas. Tinha sempre calma perante o perigo.
Então como podia ela deixar Ryan afetá-la daquela forma?
Abanou-se, tentando afastar as distrações da cabeça.
Dirigiu-se ao compartimento seguinte, disparou à entrada, depois entrou e disparou novamente.
Naquele momento a sua arma encravou-se.
“Raios,” Resmungou Riley audivelmente.
Por sorte, o atirador também não estava naquele compartimento. Mas ela sabia que a sua sorte podia acabar a qualquer momento. Pousou a M4 e sacou a sua pistola Glock.
Nessa altura, um movimento captou a sua atenção. Ele estava ali, naquela porta logo à frente, a espingarda apontada diretamente a ela. Instintivamente, Riley baixou-se e rebolou, evitando o disparo. Depois ficou ajoelhada e disparou três vezes, protegendo-se do recuo. As três balas atingiram o atirador que caiu no chão.
“Apanhei-o!” Gritou a Bill. Observou a figura cuidadosamente e não viu sinal de vida. Terminara.
Então Riley levantou-se e removeu o seu capacete de RV, fones e microfone. O atirador caído desaparecera, juntamente com o labirinto de corredores. Deu por si numa sala do tamanho de um campo de basquetebol. Bill estava próximo e Lucy levantava-se. Bill e Lucy também tiravam os seus capacetes. Tal como Riley usavam outros equipamentos, incluindo correias à volta dos pulsos, joelhos e tornozelos que detetavam os seus movimentos na simulação.
Agora que os seus companheiros já não eram fantoches simulados, Riley parou por um momento para apreciar a sua presença real. Pareciam um par estranho – um deles maduro e sólido, e outro jovem e impulsivo.
Mas ambos estavam entre as pessoas de quem mais gostava no mundo.
Riley já tinha trabalhado com Lucy mais do que uma vez no terreno e sabia que podia contar com ela. A jovem agente de pele e olhos escuros parecia sempre brilhar por dentro, irradiando energia e entusiasmo.
Por contraste, Bill tinha a idade de Riley e apesar dos seus quarenta anos o estarem a tornar um pouco mais lento, ainda era um excelente agente de campo.
Também ainda é um pão, Lembrou a si própria.
Durante alguns instantes pensou – agora que as coisas com Ryan não tinham dado certo, talvez ela e Bill pudessem…?
Mas não, ela sabia que era uma péssima ideia. No passado, ela e Bill tinham feito tentativas desastradas de iniciar algo sério e os resultados tinham sido desastrosos. Bill era um ótimo parceiro e um amigo ainda melhor. Seria uma estupidez estragar isso.
“Bom trabalho,” Disse Bill a Riley, sorrindo abertamente.
“Pois, salvou-me a vida, Agente Paige,” Disse Lucy a rir. “Nem acredito que me deixei atingir. Não o consegui abater quando estava mesmo à minha frente!”
“Isso faz parte do objetivo do sistema,” Disse Bill a Lucy, dando-lhe uma palmadinha nas costas. “Mesmo agentes muito experientes tendem a falhar os seus alvos a curta distância. A RV ajuda a lidar com esse tipo de problema.”
Lucy disse, “Bem, nada como ser atingida por uma bala virtual no ombro para nos ensinar essa lição.” Esfregou o ombro onde o equipamento a tinha atingido com uma ligeira ferroada para que soubesse que tinha sido atingida.
“É melhor do que se for uma real,” Disse Riley. “De qualquer das formas, desejo-te uma rápida recuperação.”
“Obrigada!” Disse Lucy, rindo novamente. “Já me sinto melhor.”
Riley guardou a pistola modelo e apanhou a falsa espingarda de assalto. Lembrou-se do recuo que sentira ao disparar ambas as armas. E o edifício abandonado não existente fora detalhado e realista.
Ainda assim, Riley sentiu-se estranhamente vazia e insatisfeita.
Mas era óbvio que tal não era culpa de Bill ou Lucy. E ela estava grata por eles se terem juntado a ela naquela manhã para aquele exercício.
“Obrigada por concordarem em fazerem isto comigo,” Disse ela. “Acho que precisava de libertar alguma tensão.”
“Sentes-te melhor?” Perguntou Lucy.
“Sim,” Disse Riley.
Não era verdade, mas pensou que uma pequena mentira não faria mal a ninguém.
“E se fôssemos buscar um café?” Perguntou Bill.
“Parece-me uma excelente