“As nossas miúdas estão a jogar bem,” Disse Riley.
“Sobretudo a tua,” Disse Blaine.
O golo de April tinha impressionado Blaine.
“Estás aqui com alguém?” Perguntou Riley.
“Não. E tu?”
“Só com a Jilly,” Disse Riley. “Penso que não a conheces. A Jilly é… bem, é uma longa história.”
Blaine fez um gesto de assentimento com a cabeça.
“Já sei da Jilly pela minha filha,” Disse ele. “Adotá-la é fantástico.”
Blaine lembrou-se de mais uma coisa que a Crystal lhe dissera. Riley estava a tentar entender-se novamente com Ryan. Blaine interrogou-se como é que isso estaria a correr. O Ryan não estava ali no jogo.
Algo timidamente, Riley disse, “Ouve, estamos sentadas nas últimas bancadas. Temos algum espaço extra. Queres ver o resto do jogo connosco?”
Blaine sorriu.
“Gostaria muito,” Disse ele.
Atravessaram a multidão e subiram para as bancadas. Uma rapariguinha magra sorriu quando viu Riley aproximar-se, mas não pareceu satisfeita quando reparou que Blaine estava com ela.
“Jilly, este é o meu amigo Blaine,” Disse Riley.
Sem dizer uma palavra, Jilly levantou-se e começou a afastar-se.
“Senta-te perto de nós, Jilly,” Disse Riley.
“Vou para junto dos meus amigos,” Disse Jilly, passando por eles e continuando a descer as escadas. “Ainda tenho espaço perto deles.”
Riley parecia chocada e desanimada.
“Peço desculpa,” Disse ela a Blaine. “Aquilo foi inqualificável.”
“Não faz mal,” Disse Blaine.
Riley suspirou quando ambos se sentaram.
“Não, faz mal sim senhor,” Disse ela. “Há muitas coisas que estão mal. A Jilly está zangada porque estou sentada ao lado de alguém que não é o Ryan. Ele tinha-se mudado lá para casa e ela afeiçoou-se muito a ele.”
Riley abanou a cabeça.
“Agora o Ryan está a sair de casa,” Disse ela. “Ainda não tive a oportunidade de dizer nada às miúdas. Ou ainda não tive a coragem. Vão ficar muito sentidas.”
Blaine sentiu-se u pouco aliviado por Ryan já estar fora de cena. Ele tinha visto o ex-marido de Riley algumas vezes e a arrogância do homem deixara-o fora de si. Para além disso, tinha que o admitir, esperava que Riley não tivesse nenhum relacionamento em curso.
Mas também se sentiu culpado por reagir dessa forma.
O jogo entretanto recomeçara. Tanto April coo Crystal estavam a jogar bem, e Blaine e Riley aplaudiam de vez em quando.
Mas Blaine não conseguia parar de pensar na última vez que vira Riley. Fora pouco depois de regressar do hospital. Batera-lhe à porta para lhe dizer que ele e Crystal se iam mudar. Blaine tinha dado a Riley uma desculpa esfarrapada. Dissera-lhe que a casa ficava muito longe do restaurante.
Também tentara dar a sensação de que a mudança não era nada de especial.
“Será como se nada tivesse mudado,” Dissera-lhe ele.
É claro que não era verdade e Riley sabia-o.
Riley ficara claramente desagradada.
Aquele parecia um momento tão bom como qualquer outro para falar no assunto.
Co uma voz hesitante, Blaine disse, “Ouve Riley, peço desculpa de como as coisas correram da última vez que nos vimos. Quando te disse que nos íamos mudar. Não estava muito bem.”
“Não é preciso explicares nada,” Disse Riley.
Mas Blaine sentia as coisas de forma diferente.
Disse, “Ouve, penso que ambos conhecemos a razão pela qual eu e a Crystal nos mudámos.”
Riley encolheu os ombros.
“Pois,” Disse Riley. “Receaste pela segurança da tua filha. Não te censuro Blaine. A sério que não. Apenas estavas a ser sensível.”
Blaine não sabia o que dizer. É claro que Riley tinha razão. Ele temera pela segurança de Crystal, não pela sua. E também queria zelar pelo bem-estar mental de Crystal. A ex-mulher de Blaine, Phoebe, era uma alcoólica violenta e a Crystal ainda estava a lidar com as cicatrizes emocionais dessa relação. Não precisava de mais traumas na sua vida.
Riley tinha conhecimento das ações de Phoebe. Na verdade, ela tinha salvo Crystal de uma das fúrias alcoólicas de Phoebe.
Talvez ela realmente compreenda, Pensou ele.
Mas não podia saber o que é que ela realmente sentia.
E naquele preciso momento, a equipa das filhas marcou outro golo. Blaine e Riley aplaudiram. Assistiram ao jogo em silêncio durante alguns instantes.
Depois Riley disse,”Blaine, eu admito que fiquei desiludida contigo quando te mudaste. Talvez até tenha ficado um pouco zangada. Estava errada. Não foi justo da minha parte. Peço desculpa pelo que aconteceu.”
Ela parou de falar por um momento e depois prosseguiu.
“Senti-me muito mal com o que te aconteceu. E culpada. Ainda me sinto assim. Blaine, eu…”
Durante um momento, ela parecia estar a lutar com os seus pensamentos e sentimentos.
“Não consigo evitar pensar que trago perigo a todos os que se atravessam no meu caminho. Odeio isso no meu trabalho. Odeio isso em mim.”
Blaine começou a objetar.
“Riley, não podes…”
Riley impediu-o.
“É verdade e ambos o sabemos. Se eu fosse minha vizinha, eu também ia querer mudar. Pelo menos enquanto tivesse uma adolescente a meu cargo.”
Naquele momento, uma jogada correu mal para a equipa das suas filhas. Blaine e Riley protestaram juntamente com a multidão que apoiava a equipa da casa.
Blaine começava a sentir-se algo tranquilizado. Riley já não o levava a mal por ter tomado a decisão que tomara.
Seria possível reacenderem o interesse que haviam tido um pelo outro?
Blaine ganhou coragem e disse, “Riley, queria convidar-te e às tuas filhas para jantarem no meu restaurante. Também podes trazer a Gabriela. Eu e ela podemos falar de receitas da América Central.”
Riley ficou muito sossegada durante alguns segundos. Parecia que não tinha ouvido o que Blaine dissera.
Por fim disse, “Não me parece Blaine. As coisas estão demasiado complicadas neste momento. Mas obrigada pelo convite.”
Blaine não conseguiu evitar sentir-se desiludido. Riley estava não só a rejeitá-lo, como parecia não deixar em aberto quaisquer possibilidades futuras.
Mas nada podia fazer quanto a isso.
Assistiu ao resto do jogo com Riley em silêncio.
*
Riley ainda estava a pensar em Blaine enquanto jantava nessa noite. Perguntava-se se tinha cometido um erro. Talvez devesse ter aceite o seu convite. Ela gostava dele e tinha saudades.
Até tinha convidado Gabriela, o que era uma atitude muito querida. Ele tinha apreciado a comida de Gabriela no passado.
E Gabriela tinha preparado para aquela noite uma deliciosa refeição Guatemalteca – galinha