PRÓLOGO
O homem entrou no Salão Patom e viu-se inundado de uma nuvem espessa de fumo de cigarro. As luzes estavam fracas, uma velha música de heavy metal saía dos altifalantes e ele já se sentia impaciente.
O lugar estava demasiado quente, demasiado cheio de gente. Recuou ao sentir uma agitação passageira a seu lado; virou-se e viu um jogo de dardos a ser jogado por cinco bêbedos. Ao lado deles, decorria um animado jogo de bilhar. Quanto mais depressa dali saísse, melhor.
Olhou em torno da sala durante alguns segundos antes dos seus olhos repousarem numa mulher jovem sentada no bar.
A mulher tinha um rosto engraçado e um penteado ameninado. Estava demasiado bem vestida para um lugar daqueles.
Vai servir perfeitamente, Pensou o homem.
Caminhou na direção do bar, sentou-se no banco ao lado dela e sorriu.
“Como se chama?” Perguntou.
Apercebeu-se que não conseguia ouvir a sua própria voz sobre o ruído geral.
Ela olhou para ele, devolveu-lhe o sorrido, apontou para as orelhas e abanou a cabeça.
Ele repetiu a pergunta mais alto, movendo os lábios de uma forma exagerada.
Ela encostou-se a ele. Quase a gritar, disse, “Tilda. E o seu?”
“Michael,” Disse ele, não muito alto.
É claro que não era o seu nome verdadeiro, mas isso nem era importante. Ele duvidava que ela o conseguisse ouvir. Não se parecia importar.
Ele olhou para a sua bebida, praticamente vazia. Parecia ser uma margarita. Apontou para o copo e disse muito alto, “Quer outra?”
Ainda a sorrir, a mulher que se chamava Tilda abanou a cabeça em sinal de recusa.
Mas não o estava a sacudir. Ele tinha a certeza. Teria chegado o momento para uma atitude ousada?
Ele pegou num guardanapo de cocktail e retirou uma caneta do bolso da camisa.
Escreveu no guardanapo…
Gostaria de ir para algum lado?
Ela olhou para a mensagem. O seu sorriso aumentou. Hesitou durante alguns instantes, mas ele pressentiu que ela estava ali à procura de algo diferente. E parecia satisfeita de a ter encontrado.
Por fim, para seu deleite, ela anuiu.
Antes de saírem, ele pegou numa caixa de fósforos com o nome do bar.
Ia precisar daquilo mais tarde.
Ajudou-a a vestir o casaco e foram para o exterior. O ar fresco de primavera e silêncio repentino eram assustadores depois do ruído e calor.
“Uau,” Disse ela enquanto caminhava a seu lado. “Quase ficava surda lá dentro.”
“Presumo que não pare muito por ali,” Disse ele.
“Não,” Disse ela.
Não se adiantou, mas ele tinha a certeza que era a primeira vez que ela ia ao Salão Patom.
“Eu também não,” Disse ele. “Que experiência.”
“Bem pode repeti-lo.”
“Que experiência,” Disse ele.
Ambos se riram.
“Aquele é o meu carro,” Disse ele, apontando. “Onde gostaria de ir?”
Ela hesitou novamente.
Então, com os olhos a cintilar, ela disse, “Surpreenda-me.”
Agora ele sabia que o seu primeiro palpite estava certo. Ela estava ali à procura de qualquer coisa diferente.
Bem, na verdade, também ele.
Ele abriu a porta do passageiro e ela entrou. O homem sentou-se ao volante e começou a conduzir.
“Onde vamos?” Perguntou ela.
Com um sorriso e um piscar de olho ele respondeu, “Disse que queria ser surpreendida.”
Ela riu-se. O seu riso parecia nervoso mas agradado.
“Presumo que vive aqui em Greybull,” Disse ele.
“Nascida e criada,” Disse ela. “Julgo que nunca o tinha visto antes. Vive aqui por perto?”
“Não muito longe,” Disse ele.
Ela riu-se novamente.
“O que o traz a esta cidadezinha chata?”
“Negócios.”
Ela olhou para ele com uma expressão curiosa, mas não tocou no assunto. Aparentemente, não estava muito interessada em conhecê-lo. Isso era compatível com o seu objetivo.
Ele estacionou no parque de estacionamento de um pequeno motel chamado Maberly Inn. Estacionou em frente ao quarto 34.
“Já aluguei este quarto,” Disse ele.
Ela não disse nada.
Depois, após um curto silêncio, ele perguntou, “Sente-se bem com isto?”
Ela anuiu algo nervosamente.
Entraram juntos no quarto. Ela olhou à volta. O quarto tinha um odor desagradável a humidade e as paredes estavam decoradas com quadros feios.
Ela foi até à cama e colocou a mão sobre o colchão, verificando a sua firmeza.
Estaria ela descontente com o quarto?
Ele não tinha a certeza.
O gesto enfureceu-o – enfureceu-o terrivelmente.
Não sabia porquê, mas algo dentro de si deu sinal.
Normalmente só atacaria quando ela estivesse nua na cama. Mas agora não se conseguia conter.
Quando ela se virou para ir à casa de banho, ele bloqueou-lhe a passagem.
Os olhos de Tilda dilataram-se assustados.
Antes que conseguisse reagir, ele puxou-a para trás para a cama.
Ele tentou resistir, mas ele era muito mais forte.
Ela tentou gritar, mas antes de o conseguir, ele agarrou numa almofada e pressionou-a contra o seu rosto.
Ele sabia que em breve tudo terminaria.
CAPÍTULO UM
De repente, as