De repente, um pastor apareceu pelo portão, andando lentamente pela praça da cidade, seguido por seu rebanho de ovelhas. Ele vestia uma longa túnica branca com um capuz, que cobria sua cabeça do sol, e estava indo na direção deles, segurando um cajado. A princípio, Caitlin achou que ele estava andando diretamente em direção a eles. Mas, então, ela percebeu: o poço. Ele estava apenas indo pegar algo para beber, e eles estavam no meio do caminho.
À medida que ele se aproximava, suas ovelhas se espalhavam ao redor dele, enchendo a praça, todas caminhando para o poço. Elas deviam saber que era a hora de beber água. Dentro de instantes, Caitlin e Caleb se viram no meio do rebanho, os animais delicados cutucavam-nos para que eles saíssem do caminho e, assim, eles pudessem chegar à água. Seus balidos impacientes tomavam conta do ar enquanto esperavam o seu pastor cuidar deles.
Caitlin e Caleb foram para o lado, quando o pastor se aproximou do poço e girou a manivela enferrujada, elevando lentamente o balde. Quando ele foi levantá-lo, puxou o capuz para trás.
Caitlin ficou surpresa ao ver que ele era jovem. Tinha uma grande mecha de cabelos loiros, uma barba loira e olhos azuis brilhantes. Ele sorriu, e ela podia ver as linhas de expressão no seu rosto, enrugando em torno de seus olhos, podia sentir o calor e bondade que irradiava dele.
Ele pegou o balde transbordando água, e, apesar de todo suor em sua testa, apesar do fato de aparentar ter sede, ele se virou e derramou o primeiro balde de água no cocho, na base do poço. As ovelhas encheram o seu entorno, balindo, empurrando umas às outras enquanto bebiam.
Caitlin foi tomada pela estranha sensação de que talvez este homem soubesse de algo, que, talvez, ele foi colocado em seu caminho por uma razão. Se Jesus viveu neste tempo, ela pensou, talvez este homem possa ter ouvido falar dele?
Caitlin sentiu uma pontada de nervosismo quando ela limpou sua garganta.
“Com licença?” ela disse.
O homem se virou e olhou para ela, ela podia sentir a intensidade daqueles olhos.
“Estamos procurado por uma pessoa. Talvez você saiba se esta pessoa vive por aqui.”
O homem apertou seus e olhos e, com isto, Caitlin sentiu como se ele pudesse ver através dela. Muito misterioso.
“Ele vivia,” o homem respondeu, como se lesse sua mente. “Mas não se encontra mais neste local.”
Caitlin mal podia acreditar. Ela verdade.
“Para onde ele foi?” Caleb perguntou. Caitlin percebeu a intensidade em sua voz e podia sentir como ele estava desesperado para saber.
O homem direcionou seu olhar para Caleb.
“Para onde mais, para Galileia,” o homem respondeu, como se fosse óbvio. “Para o mar.”
Caleb estreitou seus olhos.
“Cafarnaum?” Caleb indagou, hesitante.
O homem assentiu com a cabeça.
Os olhos de Caleb se arregalaram em reconhecimento.
“Há muitos seguidores no caminho,” o homem disse, misteriosamente. “Procurem e irão encontrar.”
O pastor , de repente, abaixou a cabeça, virou-se e começou a se afastar, seguido por suas ovelhas. Logo, ele estava cruzando a praça.
Caitlin não podia deixá-lo ir. Ainda não. Ela precisava que saber mais. E ela sentiu que ele estava escondendo alguma coisa.
“Espere!” ela gritou.
O pastor parou e se virou, encarando-a.
“Você conhece meu pai?” ela perguntou.
Para a surpresa de Caitlin, o homem lentamente acenou com a cabeça.
“Onde ele está?” Caitlin perguntou.
“Isto, é você que precisa descobrir,” ele disse. “É você quem carrega as chaves.”
“Quem é ele?” Caitlin indagou, desesperada para saber.
Devagar, o homem balançou a cabeça.
“Eu sou apenas um pastor no seu caminho.”
“Mas eu nem faço ideia de onde procurar!” Caitlin respondeu, aflita. “Por favor, eu preciso encontrá-lo.”
O pastor lentamente abriu um sorriso.
“O melhor lugar para procurar é sempre exatamente onde você está.,” ele disse.
E, com isso, ele cobriu sua cabeça, se virou e cruzou a praça. Ele atravessou o arco do portão e, um segundo depois, havia sumido de vista, com suas ovelhas o seguindo.
O melhor lugar para procurar é sempre onde você está.
Suas palavras ecoaram pela mente de Caitlin. De alguma forma, ela sentiu que aquilo era mais do que apenas uma alegoria. Quanto mais ela refletia sobre aquela frase, mais ela sentia que ela era literal. Era como se estivesse dizendo que havia uma pista bem ali, onde ela estava.
Caitlin, de repente, se virou e procurou no poço, o lugar em que estava sentada. Agora, ela sentiu algo.
O melhor lugar para procurar é sempre onde você está.
Ela se ajoelhou e passou as mãos ao longo daquela antiga parede de pedras lisas. Tocou ao longo de tosa sua extensão, sentindo cada vez mais a certeza de que algo estava lá, que ela estava perto de uma pista.
“O que você está fazendo?” Caleb perguntou.
Caitlin procurou freneticamente, olhando em todas as rachaduras de todas as pedras, sentindo que ela estava no caminho certo.
Finalmente, do outro lado do poço, ela parou. Havia encontrado uma rachadura que era levemente maior do que as outras. Grande o suficiente para caber seu dedo. A pedra em questão era um pouco mais lisa que as outras e a rachadura, um pouco maior também.
Caitlin enfiou a mão e tentou abrir o buraco. Em seguida, a pedra começou a se mexer e, depois, a se mover. A pedra se soltou da base do poço. E, atrás dela, ela ficou espantada ao ver, havia um pequeno esconderijo.
Caleb se aproximou, ficando por cima de seu ombro e ela se abaixou na escuridão. Ela sentiu algo frio e de metal em sua mão e a puxou lentamente para fora.
Ela levou sua mão para a luz e abriu lentamente a palma de sua mão.
Ela não podia acreditar o que estava ali.
CAPÍTULO CINCO
Enquanto Scarlet estava com Ruth lá, no final de uma rua sem saída, de costas para a parede, ela assistia, com medo, o grupo de valentões soltarem seu cachorro para ataca-la. Momentos depois, o enorme e selvagem cão estava ameaçando, rosnando, mirando para sua garganta. Tudo havia acontecido tão rápido, ela mal sabia o que fazer.
Antes que ela pudesse reagir, Ruth, repentinamente, rugiu e intimou o cachorro. Ela saltou e, ao encontrar o cão em pleno ar, afundou suas presas em seu pescoço. Ruth caiu em cima dele e o manteve no chão. O cão deveria ter duas vezes o tamanho de Ruth e, mesmo assim, ela impedia, esforçadamente, que ele se levantasse. Continuou cravando seus dentes com todas as suas forças e, logo, o cachorro parou de se debater, estava morto.
“Sua desgraçada!” gritou o líder deles, furioso.
Ele saiu disparando do seu grupo, e foi logo na direção de Ruth. Ele ergueu um bastão, que tinha, em uma de suas extremidades, uma ponta afiada e a lançou nas costas expostas de Ruth.
Os reflexos de Scarlet se manifestaram e ela entrou em ação. Sem pensar, ela correu na direção do garoto e alcançou o bastão no meio do ar, antes que ele atingisse Ruth. Depois, ela o puxou para perto de si, pegou impulso e lhe chutou nas costelas.
O garoto se encolheu e ela o chutou novamente, desta vez, com um chute circular bem na cara. Ele deu um giro e caiu de cara no chão de pedras.
Ruth se virou e ameaçou o grupo de meninos. Ela pulou bem alto no ar e afundou suas presas na garganta de