Ela sentia que, no fundo, aquele seria o ponto final em sua jornada. Ali. Israel. Era um lugar e uma época tão poderosos, ela podia sentir a energia que irradiava de tudo. Tudo parecia espiritualmente carregado para ela, como se estivesse andando, vivendo e respirando dentro de um campo de energia gigantesco. Ela sabia que algo importante estava a sua espera. Mas ela não sabia o quê. Seu pai estaria realmente ali? Será que ela nunca iria encontrá-lo? Havia sido tão frustrante para ela. Ela tinha todas as quatro chaves. Ele deveria estar aqui, pensou, esperando por ela. Por que ela tinha que continuar procurando-o deste jeito?
Ainda mais esmagadores em sua mente, estavam os pensamentos sobre Scarlet. Ela olhava para baixo em cada lugar que passava, à procura de qualquer sinal dela ou de Ruth. Por um momento, ela se perguntava que talvez ela não tivesse resistido, mas rapidamente colocou isso para fora de sua mente, recusando-se a permitir um pensamento tão negativo. Ela não podia suportar a ideia de uma vida sem Scarlet. Se ela soubesse que Scarlet realmente se foi, ela não sabia se teria força para continuar.
Caitlin sentiu a Estrela de Davi queimando em sua mão e pensou novamente para onde que eles estavam indo. Ela queria ter aprendido mais sobre a vida de Jesus, queria ter lido a Bíblia com mais atenção quando era mais nova. Ela tentou se lembrar, mas ela só sabia o básico mesmo: Jesus tinha vivido em quatro lugares: Belém, Nazaré, Cafarnaum e Jerusalém. Eles haviam acabado de sair de Nazaré e estavam indo para Cafarnaum agora.
Ela não conseguia deixar de pensar que eles estavam em uma caça ao tesouro, seguindo seus passos, que talvez ele tivesse alguma pista, ou que um de seus discípulos soubesse de alguma coisa sobre onde seu pai estava ou onde o Escudo estava. Perguntou-se novamente como eles poderiam estar relacionados. Pensou em todas as igrejas e mosteiros que havia visitado durante todos os séculos e sentia que havia uma conexão. Mas ela não tinha certeza como.
A única coisa que ela sabia sobre Cafarnaum era que deveria ser uma pequena vila humilde de pescadores na Galileia, ao longo da costa do noroeste de Israel. Mas eles não passavam por nenhuma cidade há horas – na verdade, não haviam sequer visto uma alma, nem nenhum sinal de água e muito menos de um mar.
Então, bem quando ela estava pensando sobre isso, eles sobrevoaram uma montanha, e ao cruzar seu pico, o outro lado do vale se estendeu a sua frente. Era de tirar o fôlego. Lá, se espalhando eternamente, estava um mar brilhante. Era o azul mais profundo que ela já tinha visto, e brilharam lindamente sob a luz do sol, parecia um tesouro. Em sua borda, havia uma magnífica praia de areia branca, onde as ondas se quebravam, tão longe quanto seus olhos podiam alcançar.
Caitlin sentiu um arrepio de excitação. Eles estavam indo na direção certa; se permanecessem ao longo da costa, seriam levados até Cafarnaum.
“Ali,” ouviu a voz de Caleb.
Ela seguiu seu dedo, apertando os olhos contra o horizonte, e mal podia enxergá-lo: ao longe, havia uma pequena aldeia. Não era uma cidade, nem sequer uma vila. Havia talvez duas dezenas de casas e uma grande construção, localizada longe do litoral. À medida que se aproximava, Caitlin apertou os olhos, examinando, mas não via quase ninguém: apenas alguns moradores andavam pelas ruas. Ela se perguntou se era por causa do sol do meio-dia, ou se o local era desabitado.
Caitlin olhou para baixo, à procura de qualquer sinal do próprio Jesus, mas não viu ninguém. Mais importante que isso, ela não conseguia senti-lo. Se o que Caleb disse era verdade, ela sentiria sua energia mesmo de longe. Mas ela não sentiu nenhuma energia diferente. Mais uma vez, ela começou a se perguntar se eles estavam na hora e no lugar certo. Talvez aquele homem estivesse errado: talvez Jesus pudesse ter morrido anos antes. Ou talvez ele ainda sequer nasceu.
Caleb, de repente, mergulhou no ar, em direção à vila, Caitlin o seguiu. Eles encontraram um lugar discreto no terreno, fora da muralha da vila, em um bosque de oliveiras. Em seguida, eles atravessaram o portão da cidadela.
Atravessaram a pequena vila cheia de poeira, estava calor, abafado devido ao sol. Os poucos moradores que passeavam por ali mal pareciam notar suas presenças; eles aparentavam apenas estar buscando sombra, ou se abanando. Uma velha senhora foi até o poço local, levantou uma grande concha com sua mão e bebeu e, em seguida, estendeu a mão e enxugou o suor da testa.
Enquanto atravessavam as pequenas ruas, o lugar parecia totalmente deserto. Caitlin procurou por qualquer vestígio, qualquer coisa, que pudesse indicar uma pista ou sinal de Jesus, ou de seu pai, ou do Escudo, ou de Scarlet, mas não encontrou nada.
Ela se virou para Caleb.
“E agora?” pergunto.
Caleb a encarou fixamente. Ele parecia completamente perdido, assim como ela.
Caitlin se virou e examinou as muralhas da vila, sua arquitetura humilde e, quando ela olhou para a aldeia, ela notou um caminhozinho bem gasto e estreito, que levava até o mar. Ela foi seguindo seu percurso, que cruzava um portão da cidade e, ao longe, ela viu o cintilante do oceano.
Ela cutucou Caleb, ele também viu e a seguiu quando ela saiu da vila, indo em direção ao litoral.
Quando se aproximaram da costa, Caitlin viu três pequenos barcos de pesca coloridos, gastos, próximos à costa, balançando com as ondas. Em um, estava sentado um pescador e, de pé ao lado de outros dois, com os tornozelos no mar, havia mais dois pescadores. Eles eram homens mais velhos, com cabelos e barbas de cor cinza, rostos envelhecidos assim como seus barcos, eram bronzeados e profundamente enrugados. Eles usavam túnicas brancas e capuzes brancos para se proteger do sol.
Enquanto Caitlin observava, dois deles içaram uma rede de pesca e arrastaram a lentamente pelas ondas. Eles a puxaram para eles, lutando contra as ondas e um pequeno menino saltou de um dos barcos e correu para a rede, ajudando-os a retirá-la. Quando chegaram à costa, Caitlin viu que tinham capturado dezenas de peixe, que se debatiam e pulavam . O menino gritou de alegria, enquanto que os velhos estavam com a cara fechada.
Caitlin e Caleb haviam passado despercebidos por eles, especialmente por causa do som das ondas quebrando – tanto que eles ainda não sabiam que estavam lá. Caitlin limpou a garganta, para não assustá-los.
Todos se viraram e olharam para ela, e ela pode ver a surpresa em seus olhos. Não os culpava: devia ter sido uma visão meio chocante, os dois ali, vestidos de preto da cabeça aos pés, com couro moderno e armas de batalha. Eles os olhavam como se tivessem caído direto do céu.
“Desculpe-nos pelo incômodo,” Caitlin começou, “mas aqui é Cafarnaum?” ela perguntou ao rapaz mais próximo.
Ele olhou para ela e depois para Caleb e novamente para ela. E, lentamente, acenou um sim com a cabeça.
“Estamos procurando por uma pessoa,” Caitlin continuou.
“E quem seria esta pessoa?” o outro pescador indagou.
Caitlin ia dizer “meu pai,” mas não se permitiu, percebendo que isso não ajudaria em nada. De qualquer forma, como ela iria descrevê-lo? Ela não sabia quem ele era nem como era sua aparência.
Então, ao invés disso, ela disse o nome da única pessoa que lhe veio à cabeça, a única pessoa que eles talvez conhecessem: “Jesus.”
Ela meio que esperava que eles tirassem sarro dela, rissem dela, olhassem para ela como se ela fosse louca – ou que não fizessem nem ideia de quem Jesus era.
Mas, para sua surpresa, eles não pareciam chocados com sua pergunta; eles a levaram a sério.
“Ele foi embora duas semanas atrás,” um deles falou.
O coração de Caitlin parou por um segundo. Então ele estava mesmo vivo. Eles realmente estavam em sua época. E ele realmente havia estado ali, naquela vila.
“E todos os seus seguidores foram com ele,” o outro disse. “Apenas os velhos, como nós, e as crianças ficaram para trás.”
“Então ele existe?” Caitlin perguntou, em choque. Ela mal podia acreditar;