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E ela vai fazer isso no dia em que lhe derem essa oportunidade. –concluiu.

      Alice discordou.

      - Há tanta confusão no rosto e nas respostas dela; não é uma assassina, é apenas uma criança.

      Zara olhou para Alice com lágrimas nos olhos, e fez um comentário final.

      - Muitas vezes tenho um desejo enorme de sumir na floresta, mas espero que com o tempo eu consiga esquecer o que o Boko Haram e o pessoal da minha vila fizeram comigo. Mas ainda é cedo para isso.

      Triste, com raiva e confusa, ela se sentia abandonada pela família e estigmatizada pela sua comunidade.

      Ao sair, Alice expressou sua preocupação.

      - A comunidade é responsável por continuar abusando de meninas que não foram quem gerou essa situação. Se continuarem estigmatizando pessoas traumatizadas, podem estar criando algo que será muito, muito mais problemático no futuro do que o Boko Haram é hoje. Sem terem tido culpa nenhuma, essas vítimas não são bem recebidas de volta pela sociedade, e ninguém quer ajudá-las. Estou tentando fazer o governo ajudar as vítimas na sua reintegração, demonstrando preocupação e compreensão.

      Tess saiu, abanando a cabeça. Entrou no carro de Alice e voltaram para a base. Na última vinda à Nigéria, depois da operação a equipe se recolheu no bar do hotel, e desta vez não foi diferente, à exceção de Tess pedir um uísque duplo com gelo. Tomou o segundo, até começar a acalmar seus nervos costumeiramente inabaláveis. Carmen havia parado de beber por causa do bebê, mas nesse dia resolveu abrir uma exceção. Até Alice tomou um copo de vinho. O trio havia superado o fato de terem passado tão perto da morte.

      - Não sei o que houve com vocês, garotas. - começou Claudine, assim que as coisas se acalmaram. - Não sou avessa a se arriscar, mas desta vez vocês passaram dos limites.

      - Não posso discordar de você, Claudine, - respondeu Tess – mas eu não poderia aceitar a ideia de uma menina da idade da Aara se explodindo. Então ela encarou Carmen, que estava pálida.

      - Carmen, se você fizer isso de novo, vou lhe dar uma surra.

      Ainda tentando controlar o enjoo, Carmen fingiu um sorriso.

      - Não me venha com lorotas, Tess. Você sabe que acreditamos nos quatro mosqueteiros, tipo “um por todos, todos por um”.

      - Daqui para a frente, você está de castigo. Aposto que o Nicola vai concordar comigo. Tenho certeza de que ele quer ver o filho dele nascer.

      - O nome dele é Luca. – disse Carmen casualmente.

      - É um menino? Por que esperou tanto para me contar?

      - Sei guardar segredos. Nem o pai dele ainda sabe.

      Antes que Tess pudesse dizer qualquer coisa, Alice disse que tinha uma notícia. Iria se casar com o General Okafor.

      - Isso é ótimo, Alice. Você sempre dizia que não queria se casar. O que a fez mudar de ideia?

      - Somi é um homem moderno, bem educado. Eu o respeito e tivemos a mesma ideia sobre como levaríamos a nossa vida de casados.

      Claudine ficou perplexa.

      - E que método é preciso para isso?

      - Vou manter a minha independência, continuar tocando música junto com as Valquírias. O Somi e eu vamos ficar em pé de igualdade, e eu não vou aceitar ordens sobre o que devo fazer.

      - Fico surpresa com o general ter aceito isso. – comentou Tess. - Pelo andar da carruagem, ele está prestes a se tornar um homem muito importante no governo, e vai precisar de uma esposa bela e submissa para conduzir pelo braço.

      - Não vou ser submissa, mas vou apoiá-lo se ele me apoiar da mesma forma. Não acho que vamos ter qualquer problema, nós nos amamos.

      Galina ergueu a mão.

      - Este casamento eu não perco!

      - Nem eu! – concordaram Tess, Carmen e Claudine.

      Todas se abraçaram e começaram a discutir os detalhes do casamento.

      Jake e Nicola entraram no bar, com cara de cansaço de quem passara o tempo mexendo com motores. Seus rostos tinham borrões de fuligem, e os macacões pareciam ter levado um banho de óleo.

      - Lá vêm os mecânicos! – disse Carmen. - Não resistiram à tentação de meter a mão na graxa?

      - Estávamos ensinando ao pessoal daqui o modo correto de consertar os aviões. Tivemos de dar uma incrementada num dos motores. É praticamente certeza que o pessoal local consegue assumir isso daqui por diante. Mais à frente, vou voltar para a Nigéria, ver como estão se saindo.

      Tess ergueu o copo.

      - Um brinde aos homens lambuzados de óleo. Agora já podemos voltar para casa.

      - Nós precisamos de uma cerveja bem gelada. – disse Jake.

      Enquanto a equipe conversava sobre suas aventuras, Jake pegou Tess pela mão e a levou a um canto mais discreto do bar.

      - Tess, contaram-me o que aconteceu. Não acredito que você arriscou a sua vida e a das suas amigas para desarmar uma mulher-bomba suicida. O que lhe passou pela cabeça?

      - A menina estava drogada e apavorada, então eu me arrisquei, e consegui convencê-la a não detonar os explosivos que estavam amarrados ao seu corpo.

      - Tess, deve ter percebido que a chance de isso dar certo era mínima, e mesmo assim entrou com tudo. Em que universo disseram que você é indestrutível? Não percebeu que estava pondo em risco as vidas de Carmen e Alice? E iria querer que Aara e eu enterrássemos o que restasse de você? Você foi valente, porém irresponsável. Às vezes eu gostaria que pensasse um pouco, antes de cometer loucuras.

      - Jake, você está fazendo tempestade num copo d’água. Eu precisava fazer alguma coisa, e no fim deu tudo certo, então me dê uma folga.

      Jake se afastou, ainda furioso... e abalado.

      Claudine observara a discussão entre Jake e Tess do outro extremo do bar. Ela entendia o que Jake vira em Tess: ela era linda, destemida e carinhosa. Mas também era impetuosa, e às vezes isso aborrecia o metódico Jake. Esta era a oportunidade dela. Claudine tinha planos concretos para roubar o marido de Tess.

      O

       repositório de armas nucleares da Coreia do Norte ficava num bunker profundo, de segurança máxima. Um comboio levando um pelotão de soldados parou no portão, e o coronel no comando desceu do primeiro caminhão para mostrar os papéis aos guardas. Após um rápido exame, deixaram-no entrar.

      Lá dentro, o coronel foi levado à sala do comandante da unidade. Depois das saudações de praxe e elogios ao Líder Supremo, o coronel informou ao comandante que viera buscar duas armas, para levá-las a um local secreto onde passariam por testes especializados.

      O comandante da unidade já havia recebido a autorização para essa transferência algumas horas antes de o coronel chegar, e estava pronto para a entrega. Um caminhão do comboio entrou na unidade, e soldados carregaram as armas na sua plataforma. Ao sair, os soldados do coronel repentinamente sacaram suas armas e mataram, não só o comandante da unidade, mas todos os seus soldados. Os atiradores partiram rapidamente com sua carga, duas bombas nucleares de cinco quilotons cada.

      Na cabine do primeiro caminhão, um jovem oficial não estava muito satisfeito.