Tess. Andres Mann. Читать онлайн. Newlib. NEWLIB.NET

Автор: Andres Mann
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Серия:
Жанр произведения: Приключения: прочее
Год издания: 0
isbn: 9788873049579
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amiga e confidente de Aara.

      Jake verificou seus investimentos e leu diversos noticiários no computador, equipado com dois monitores de tela plana. Os investimentos não lhe tomaram muito tempo. Jake fora um brilhante corretor em Wall Street, e conseguia aumentar sua fortuna analisando as tendências e padrões do mercado financeiro com argúcia e conhecimento. Fazia transações quase que diariamente, e saía delas com bons rendimentos, agregando-os ao seu já considerável patrimônio.

      Jake não confiava em nenhuma fonte noticiosa específica, e punha George Kimmel, o especialista em inteligência da empresa, a lhe compilar rotineiramente diversas notícias e outras informações relevantes. Jake contava com uma memória fantástica e lia com extrema rapidez, o que lhe permitia digerir rapidamente e reter quantidades formidáveis de informação. A leitura do material não lhe consumia mais de meia hora.

      Jack balançou a cabeça em desânimo. A situação mundial, que já era ruim, estava piorando. Parecia haver uma corrida armamentista em disparada. Depois de ter tomado a península da Crimeia da Ucrânia, a Rússia passou a reforçar seu armamento e exibir novos tanques e aviões de combate nas exposições internacionais. A OTAN reagiu, fazendo exercícios militares com equipamentos adicionais fornecidos pelos Estados Unidos.

      A Coreia do Norte, ainda furiosa com a recusa americana à negociação, agitava seu sabre e fazia testes com mísseis balísticos. A China construía freneticamente novos aviões e barcos de guerra, e se apoderava de várias ilhas desabitadas no mar do sul da China. Defendendo seus direitos de usucapião, começou a construir pistas de pouso e instalações aeronáuticas nesses pequenos pontos de terra no meio do oceano.

      Não obstante a constituição japonesa pós-guerra proibir o país de criar forças militares de ataque, o Japão estava montando embarcações militares bem sofisticadas e equipando sua força aérea com aviões de combate projetados pelos americanos.

      No Oriente Médio, a confusão desestabilizadora causada pela invasão americana e a Primavera Árabe haviam se metabolizado no Estado Islâmico, um califado horrendo. Para piorar a situação, milhares de desabrigados da Síria, Afeganistão e países africanos estavam indo procurar refúgio na Europa, cruzando o Mediterrâneo, ou por rotas terrestres pela Turquia e Grécia, atravessando os Bálcãs.

      No Mediterrâneo, entre a Líbia e a Itália, traficantes de pessoas operando um navio de refugiados que estava fazendo água tentaram passar as pessoas para uma embarcação maior, superlotada. Durante a transferência, o navio maior adernou e afundou. Os refugiados ficaram à deriva por três dias até serem localizados e resgatados pela marinha italiana. Cerca de 500 pessoas pereceram.

      Os europeus clamavam para que seus governos fizessem algo para sustar o influxo de refugiados para seus países. Todavia um aumento no rigor, por si só, não conseguiu impedir as pessoas que tentavam migrar para a Europa. Havia uma necessidade premente de combater os traficantes que, ao perceberem qualquer problema, despejavam os refugiados em alto mar e voltavam correndo para a Líbia.

      Como estudioso da História, Jake estava apreensivo. Havia tantas coisas que poderiam sair erradas, que essa situação poderia se transformar numa calamidade mundial. A I Guerra Mundial começara com muito menos desafios. Ele desligou o computador e voltou para a sala de estar.

      A hora de jantar se aproximava, então ele chegou por trás de Tess, que ainda assistia ao noticiário. Envolveu-a em seus braços e deu-lhe uma mordiscada na nuca.

      - Se você acha que com isso irá conseguir alguma coisa, está certo. - comentou Tess.

      - Espero que sim.

      - Então seja um bom menino e sente-se ao meu lado.

      Jake serviu dois uísques de puro malte e atendeu ao pedido.

      - Quando você quer sentar para conversar, geralmente é sinal de problemas.

      - Não seja tão pessimista, Jake. Acabei de ver a situação dos refugiados na Europa. Quase um milhão de pessoas do Oriente Médio entraram na Alemanha. A Itália está repleta, a França não quer nenhum deles, e a Europa Oriental fechou as fronteiras. Os britânicos estão se escondendo atrás do canal. Nunca vi tamanha confusão.

      - É uma bagunça, concordo. Ninguém tem ideia de como conter o êxodo de tanta gente desses países falidos. Para piorar, uma multidão de sírios está fugindo das áreas controladas pelo Estado Islâmico. Como não têm para onde ir, escapam para a Turquia, e de lá tentam chegar à Europa.

      - E tem mais. – Tess acrescentou - Centenas de africanos morreram afogados tentando cruzar o Mediterrâneo. Isso é horrível. Devíamos tentar fazer alguma coisa.

      Um alarme disparou dentro da cabeça de Jake.

      - Tess, sempre que você diz que deveríamos fazer alguma coisa, isso acaba virando um grande transtorno. Preciso lembrá-la daquele ano que passamos trabalhando no tráfico de pessoas? Ocupou a nossa equipe inteira, e quase quebrou a empresa.

      - Não exagere. Você teve a brilhante ideia de reunir as garotas para fazer concertos beneficentes, e deu tudo certo. Ainda fazemos isso, e a maior parte do dinheiro vai para obras assistenciais.

      - Beleza! Então vamos procurar mais situações fora do nosso controle.

      - Por que não podemos tentar ajudar a resolver o problema dos refugiados? Tenho certeza de que o pessoal não vai se incomodar em participar.

      - Não acho, Tess. Nosso pessoal ficou decepcionado ao ter tão pouco resultado para mostrar, depois de um ano inteiro se arriscando para combater traficantes de pessoas. Tenho certeza de que seria uma luta morro acima tentar convencê-los a embarcarem numa aventura fútil.

      - Jake, por que você é sempre tão negativo quando eu proponho alguma coisa para fazer? Às vezes acho que você não quer me apoiar.

      - Tess, eu sempre ajudei você, mesmo quando foi atrás de ideias malucas, mas agora precisamos ser seletivos quanto aos projetos que formos assumir. Essa crise de refugiados é uma ameaça à estabilidade da Europa. Com certeza, não temos condições de ajudar. Não é da nossa conta, e na última vez em que tentamos ser bons samaritanos, nos queimamos. Sei que você se importa com as coisas mas, desta vez, por favor, deixe as autoridades resolverem o problema sozinhas. Esqueça isso.

      - Certo, Jake. Vamos adiar esta discussão. Mas ainda quero pensar um pouco mais sobre isso.

      - É disso que eu tenho medo, querida. Quando você tem uma ideia maluca, não a deixa morrer.

      Tess lançou-lhe um olhar enfezado.

      O porteiro tocou o interfone, e Jake fez o entregador de comida entrar no apartamento. Receoso de que suas papilas gustativas fossem maltratadas, Jake, o gourmand, havia encomendado delivery dos melhores restaurantes de Nova York. Tess não ligava a mínima, preferindo um belo e suculento bife ou hambúrguer. Depois de tantos anos de convívio, o casal ainda não havia reconciliado suas preferências gastronômicas. Tess raramente se rendia aos caprichos culinários de Jake, e ele não conseguia entender como alguém poderia ser feliz comendo apenas um bife com batatas.

      Jake ansiosamente abriu todas as embalagens e espalhou as iguarias sobre a mesa de jantar. Abriu o primeiro pacote e o colocou diante de Tess.

      - Aqui está o seu steak burger com batatas fritas.

      Então dobrou uma toalha sobre o antebraço e começou a sua protagonização de um maître d’hôtel, cheio de empáfia.

      - Madame, para deleite do seu paladar, também oferecemos