B – O passageiro tem a necessidade de conforto psicológico, protecção do stress e do medo de voar.
C – Elementos inevitáveis: cortesia, atenção e disponibilidade durante toda a duração do voo.
Percebemos com o tempo, que a nossa atitude é fundamental para contribuir na resolução de um problema a bordo.
Alguns inconvenientes e ineficiências eram justamente o objecto de queixas da parte dos passageiros e implicavam a necessidade de uma intervenção: conseguir comunicar claramente e procurar de resolver dificuldades e problemas que se apresentam a bordo não era sempre fácil.
Era preciso ter em conta a gravidade do problema, o contexto do momento, do carácter e do estado psicofísico do indivíduo com quem se relacionava, porque não se conhecia por acaso a pessoa com quem se relacionava, a situação que se poderia verificar e as possíveis posteriores degenerações que poderiam insurgir.
Com calma e determinação era fundamental assistir fazendo do problema do outro seu e apresentando-se como uma referência segura, perceber os motivos sobre o que aconteceu e equilibrar o problema.
Era importante escutar o que dizia o outro, mas também observar objectivamente a situação, informar e explicar com sensibilidade e responsabilidade, expondo com transparência as possíveis soluções.
Era preciso recordar que muitas vezes a insatisfação do passageiro era influenciado por factores externos tais como atrasos, trânsito difícil, embargos desorganizados, aeronave desconfortável, limpezas despachadas, pois um estilo compreensivo e proactivo podia ajudar-nos na resolução do problema.
Medo de voar
Eva, um dia de um longínquo Outubro, ficou insuportável depois das habituais discussões que se faziam sobre a ordem por manter em casa, porque as admoestações eram dirigidas sobretudo a ela.
Sentia as suas pragas, condimentadas com citações em língua napolitana, em contraste com a sua eloquência habitualmente desprovida de inflexão dialectal.
Serão as frequentes radiações cósmicas, os campos magnéticos, as vibrações ou o ruído dos aviões a causar estas mudanças de humor»
Ludovica, entretanto, decidiu reservar uma massagem ayurvédica para fortalecer os músculos, relaxar o corpo e estimular a circulação nas instalações da esteticista indiana que estava afecto nas proximidades, e me informou que a partir da segunda-feira seguinte faria dieta porque Eva lhe tinha dito que ultimamente lhe parecia pesada.
Eu estava encolhida no sofá, com confortáveis roupas de casa e um cardigan (casaco de malha) masculino informe cor bagaço de uvas, um xaile sobre as pernas protegia-me das primeiras correntes de ar do inverno e estava preocupada para me conceder um destaque mental, um relaxamento.
Não conseguia dormir porque a adrenalina do depois do voo não tinha passado ainda.
De repente assaltou-me a lembrança do dia apenas passado.
Tinha conhecido a bordo os cônjuges Lucherini: a senhora Lucrezia e o doutor Massimo.
Durante o embarque eu tinha notado logo uns sinais de tensão dos seus comportamentos: os dois se cingiam para ocupar os seus lugares, com a coluna um pouco inclinada, caminhando de forma rígida, com o queixo baixo, a cabeça inclinada para baixo e uma atitude passiva, dócil.
Os braços deles estavam direitos e esticados rigidamente ao longo dos lados, aqueles dela estavam cruzados, quase a proteger-se instintivamente, e ambos reparavam-se em volta, como se estivessem a procurar algo, uma via de fuga; as pupilas de ambos estavam de tal forma dilatadas para parecer afectos por midríase.
Os movimentos do corpo eram lentos e notava um ligeiro sorriso a mim dirigido, que retribuía com cortesia.
Estavam sentados rígidos, encostados na margem externa do assento, com um pé posto a frente e outro atrás, como se eles tivessem o desejo de fugir, mudando continuamente de posição, como se o assento queimasse.
O meu responsável, aparentemente o sósia de James Dean, sempre alegre, mas com uma nota triste quase imperceptível no seu olhar, deu-me sinal para me ocupar deles.
Aproximei-me ao casal, perguntando se precisassem da minha assistência, e a senhora disse não, enquanto abanava a cabeça como quem quer dizer sim, e começou a baloiçar com o busto, retendo o fôlego como quem não quer deixar-se notar.
Logo apercebi-me da situação. A senhora sofria duma perturbação, bastante comum para muitas pessoas, que cria variegados problemas e atinge de forma indiscriminada: o medo de voar.
Tinha estudado no curso como comportar-se nestes casos: o medo excessivo conduz ao risco de desembocar no pânico, o medo pode transformar-se intransponível e conduzir até a uma falta de controlo.
Os sintomas provocam vertigens, náuseas, nós na garganta, palpitações, transpirações frias, taquicardia.
Mesmo não pedidos, dei a eles alguns conselhos sobre o comportamento a adoptar em caso de má disposição: suprimir a ansiedade não faz nada apenas contribui para aumentá-la e é preciso, pelo contrário, aceitar os próprios receios e mostrar-se a eles com uma atitude positivo para conseguir geri-los e controlá-los.
Além disso, sugeri para eles nada de cafeína, um bom livro ou umas palavras cruzadas para manter a mente ocupada.
Durante a descolagem vi os seus rostos empalidecer-se e um aviso da chamada proveniente da posição deles.
Depois de ter soltado o cinto de segurança, aproximei para controlar a situação.
A senhora começou a abrir-se: «desculpe pelo incómodo» timidamente manifestou-se.
«Queria informá-la que estou aterrorizada, mal sinto uma mínima oscilação tenho a impressão que o meu estômago divide-se em dois. O meu problema é que o vácuo do ar provoca-me sensações desagradáveis. Tenho a necessidade de apanhar o avião para ir ao encontro da minha mãe, muito anciã, na Alemanha, e não posso prescindir.»
Vi que passou as mãos entre os cabelos e começou a atormentar-se, uma madeixa com um enrolamento frenético.
O marido a abraçou quase para acarinhá-la, um pouco arqueado e desajeitado com os lábios contraídos e as mãos suadas, mostrava, mesmo ele, claros sinais de desconforto.
«É perigoso o temporal?» perguntou-me com um volume muito baixo, mastigando bocados de palavras, sílabas e com contínuos movimentos dos músculos faciais.
As mãos do marido começaram a tamborilar com os dedos em cima da mesinha que estava a frente.
Com um tom calmo e decidido disse para eles: «não, está tudo sob controlo, não teríamos partido se houvesse qualquer perigo. Está tudo sob controlo» eu, disse de novo.
«A chuva não criará algum problema à nossa segurança, certas desagradáveis sensações de tédio será dado pelo vento, que provocará uma normalíssima oscilação.
Regressei para a galley/cozinha de bordo para organizar o trabalho junto da colega.
A senhora alcançou-me logo em seguida.
«Por favor, ajuda-me! Queria gritar, chorar. Cada voo é uma tragédia e eu começo a ficar nervosa mesmo um mês antes da partida, só de pensar em fazer a mala. Tenho vergonha disto, mas não sei como fazer., queria desaparecer!» ela, implorou com fervura e humildade.
«Esteja tranquila, poderia ter a impressão que o avião anda aos solavancos, mas é apenas o ajustamento da altitude.»
Aproximei-me lentamente, até chegar ao lado dela, sem hesitações.
Com um tom baixo, de forma clara e soletrando as únicas palavras: «não se preocupe, estou aqui eu» lhe disse, encurvando ligeiramente os ombros e me aproximando para tentar dar auxilio desejado, procurando