Era enfurecedor – e doloroso.
George não fazia ideia porque é que os miúdos lhe arranjavam problemas. Nunca lhes fizera mal que soubesse. Dera conhecimento dos incidentes a Joe Sinard, o chefe da policia de Angier, mas nunca nada fora feito.
“O que é que aqueles sacanas fizeram desta vez?” Disse em voz alta, calcando a terra com o pé.
Achou que o melhor era descobrir. O que quer que estivesse enterrado ali, poderia estragar o equipamento.
Virou-se para a sua equipa e acenou a Duke para parar o trator. Quando motor foi desligado, George gritou aos filhos.
“Jasper, Roland – tragam-me essa pá que está na cabina do trator.”
“O que é que se passa pai?” Indagou Jasper.
“Não sei. Traz-me a pá.”
Um momento mais tarde, Duke e os rapazes já caminhavam na sua direção. Jasper entregou a pá ao pai.
George manejou a pá contra a terra enquanto o grupo observava a operação com curiosidade. Ao enterrar a pá na terra, um cheiro estranho, azedo, inundou-lhe as narinas.
Sentiu uma onda de pavor instintivo.
Que raio está aqui em baixo?
Continuou a escavar até atingir algo sólido mas mole.
Escavou com mais cuidado, tentando desenterrar o que quer que fosse. De repente, avistaram algo pálido.
Demorou alguns segundos até George conseguir perceber de que se tratava.
“Oh, meu Deus!” Exclamou com horror.
Era uma mão – a mão de uma mulher jovem.
CAPÍTULO SEIS
Na manhã seguinte, Riley deparou-se com Blaine a preparar um pequeno-almoço de ovos Benedict com sumo de laranja fresco e café escuro. Chegou à conclusão que fazer amor com paixão não se resumira aos ex-maridos. E percebeu que acordar confortavelmente ao lado de um homem era algo novo.
Sentiu-se grata por aquela manhã e gratidão para com Gabriela que se assegurou de tratar de tudo quando Riley lhe ligara na noite anterior. Mas não conseguia evitar pensar se uma relação daquele tipo sobreviveria devido às muitas outras complicações da sua vida.
Riley decidiu ignorar essa questão e concentrar-se na deliciosa refeição. Mas ao comerem, notou de imediato que a mente de Blaine parecia estar noutro lugar.
“O que é que se passa?” Perguntou-lhe.
Blaine não respondeu. Os seus olhos denotavam incómodo.
Riley ficou preocupada. O que é que se passava?
Estaria com dúvidas em relação à noite passada? Estaria menos satisfeito com a situação do que ela?
“Blaine, o que é que se passa?” Perguntou Riley com a voz a tremer ligeiramente.
Passados alguns instantes, Blaine disse, “Riley, eu não me sinto… seguro.”
Riley tentou compreender o que Blaine acabara de dizer. Teria todo o afeto partilhado na noite anterior subitamente desaparecido? O que se passara que alterara tudo?
“Eu… eu não compreendo,” Gaguejou Riley. “O que é que queres dizer quando dizes que não te sentes seguro?”
Blaine hesitou, depois disse, “Penso que tenho que comprar uma arma. Para proteção em casa.”
As suas palavras sacudiram Riley. Não estava à espera daquilo.
Mas talvez devesse, Pensou.
Sentada na mesa à frente de Blaine, viu a cicatriz na sua bochecha direita. A cicatriz que obtivera em novembro último em casa de Riley quando tentava proteger April e Gabriela de um atacante que se queria vingar de Riley.
Riley lembrava-se da terrível culpa que sentira ao ver Blaine inconsciente numa cama de hospital.
E agora voltava a sentir essa culpa.
Será que Blaine alguma vez se ia sentir seguro com Riley na sua vida? Alguma vez sentiria que a sua filha estava segura?
E seria uma arma aquilo de que precisava para o fazer sentir-se mais seguro?
Riley abanou a cabeça.
“Não sei Blaine,” Disse ela. “Não sou muito favorável a civis terem armas em casa.”
Mal proferiu as palavras, Riley percebeu como soara tão paternalista.
Não conseguia perceber pela expressão de Blaine se ficara ou não ofendido. Parecia estar à espera que ela dissesse algo mais.
Riley bebericou o café, organizando os pensamentos.
Ela disse, “Sabes que estatisticamente, ter armas em casa pode mais rapidamente levar a homicídios, suicídios e mortes acidentais do que a uma defesa caseira bem-sucedida? Na verdade, os donos de armas têm um maior risco de se tornarem vítimas de homicídio do que as pessoas que não possuem armas.”
Blaine assentiu.
“Sim, sei tudo isso,” Disse ela. “Fiz alguma pesquisa. Também conheço as leis de auto-defesa da Virginia. E que este é um estado em que há liberdade para possuir armas.”
Riley anuiu aprovadoramente.
“Bem, já estás mais preparado do que a maior parte das pessoas que decide comprar uma arma. Ainda assim…”
Não completou o raciocínio. Estava relutante em dizer o que lhe ia na cabeça.
“O que é?” Perguntou Blaine.
Riley respirou fundo.
“Blaine, ias querer comprar uma arma se eu não fizesse parte da tua vida?”
“Oh, Riley…”
“Diz-me a verdade. Por favor.”
Blaine ficou a olhar para o café durante alguns segundos.
“Não, não ia,” Disse finalmente.
Riley estendeu os braços na mesa e pegou na mão de Blaine.
“Era o que pensava. E deves imaginar como me sinto. Gosto muito de ti Blaine. É terrível saber que a tua vida é mais perigosa por minha causa.”
“Eu sei,” Disse Blaine. “Mas quero que me digas a verdade sobre uma coisa. E por favor não leves isto a mal.”
Riley preparou-se silenciosamente para o que Blaine lhe ia perguntar.
“Os teus sentimentos não são um bom motivo para eu comprar uma arma? Quero dizer, não é verdade que estou mais exposto que o cidadão comum e que me devo poder defender a mim e à Crystal – e talvez mesmo a ti?”
Riley encolheu os ombros. Sentiu-se triste por admiti-lo, mas Blaine tinha razão.
Se uma arma o fizesse sentir-se mais seguro, devia arranjar uma.
Ela também tinha a certeza que ele seria muito responsável enquanto dono de uma arma.
“OK,” Disse ela. “Vamos terminar o pequeno-almoço e vamos às compras.”
*
Mais tarde nessa manhã, Blaine entrou numa loja de armas com Riley. Blaine pensou de imediato se estaria a cometer um erro. Via armas nas paredes e em montras de vidro. Nunca dispara uma arma – a não ser que se pudesse contar com a arma de pressão que usara quando era miúdo.
No que é que me estou