“Nada mal para uma primeira vez,” Disse Riley.
De facto, Blaine pôde ver que aquelas últimos quatro tiros tinham atingido a forma humana.
Mas percebeu que o seu coração batia com força e que estava avassalado por uma estranha mistura de sentimentos.
Um desses sentimentos era o medo.
Mas medo de quê?
Poder, Percebeu Blaine.
O sentimento de poder nas suas mãos era espantoso, algo diferente de tudo o que jamais sentira.
Sentia-se tão bem que ficou assustado.
Riley mostrou-lhe como abrir o cilindro e retirar as munições vazias.
“Chega por hoje?” Perguntou Riley.
“Nem penses,” Disse Blaine sem fôlego. “Quero que me ensines tudo o que há para saber sobre esta coisa.”
Riley sorriu-lhe enquanto Blaine recarregava a arma.
Ainda sentia o seu sorriso ao apontar para outro alvo.
Entretanto ouviu o telemóvel de Riley tocar.
CAPÍTULO SETE
Quando o telemóvel de Riley começou a tocar, os últimos tiros de Blaine ainda lhe soavam nos ouvidos. De forma relutante, pegou no telemóvel. Esperava ter uma manhã sem interrupçoes com Blaine. Quando olhou para o telemóvel soube que estava prestes a ficar desiludida. A chamada era de Brent Meredith.
Estava surpreendida com o quanto se divertira a ensinar Blaine a disparar a sua nova arma. O que quer que Meredith quisesse, Riley tinha a certeza de que ia interromper o melhor dia que tivera desde há muito tempo.
Mas não tinha alternativa que não fosse atender a chamada.
Como habitualmente, Meredith foi brusco e direto ao assunto.
“Temos um novo caso. Precisamos de si. Quanto tempo demora a chegar a Quantico?”
Riley conteve um suspiro. Com Bill de licença, Riley esperava que decorresse mais algum tempo após a morte de Lucy.
Nem por sombras, Pensou.
Não havia dúvidas de que teria de sair da cidade em pouco tempo. Teria tempo suficiente de ir a casa, ver todos e mudar de roupa?
“Uma hora?” Perguntou Riley.
“Tente chegar em menos tempo. Venha ter comigo ao meu gabinete. E traga a sua mala de viagem.”
Meredith terminou a chamada sem esperar por uma resposta.
Blaine estava à sua espera. Retirou a proteção dos olhos e ouvidos e perguntou, “Alguma coisa relacionada com o trabalho?”
Riley suspirou.
“Sim, tenho que ir para Quantico de imediato.”
Blaine anuiu sem se queixar e descarregou a arma.
“Eu levo-te lá,” Disse ele.
“Não, preciso da minha mala de viagem. E está no meu carro em casa. Tens que me deixar em minha casa e estamos com o tempo contado.”
“Não há problema,” Disse Blaine, colocando cuidadosamente a nova arma na caixa.
Riley deu-lhe um beijo na bochecha.
“Parece que vou deixar a cidade,” Disse ela. “Odeio isso. Diverti-me tannto.”
Blaine sorriu e retribui-lhe o beijo.
“Eu também me diverti muito,” Disse ele. “Não te preocupes. Nós retomamos tudo quando voltares.”
Quando saíram da carreira de tiro e da loja de armas, o dono lançou-lhes um adeus caloroso.
*
Depois de Blaine a deixar em casa, Riley entrou em casa para explicar a todos que teria que se ausentar. Nem teve tempo de mudar de roupa, mas pelo menos tinha tomado banho em casa de Blaine nessa manhã. Estava aliviada por a sua família aceitar a sua súbita mudança de planos.
Estão a acostumar-se a passar sem mim, Pensou. Não tinha a certeza se gostava da ideia, mas sabia que era uma necessidade numa vida como a dela.
Riley verificou que tinha tudo o que precisava no carro e conduziu até Quantico. Quando chegou ao edifício da UAC, dirigiu-se de imediato ao gabinete de Brent Meredith. Para sua consternação, encontrou Jenn Roston a caminhar na mesma direção no corredor.
Riley e Jenn olharam-se por um breve momento, depois prosseguiram os seus caminhos em silêncio.
Riley perguntou-se se Jenn se sentia tão estranha agora quanto ela. No dia anterior tinham tido uma reunião e Riley ainda não tinha a certeza se tinha cometido um erro ao dar a Jenn a pen.
Mas Jenn provavelmente não estava preocupada com isso, Pensou Riley.
No final de contas, Jenn tivera a preponderância no dia anterior. Ela controlara a situação de forma brilhante para sua própria vantagem. Alguma vez Riley conhecera alguém capaz de a manipular daquela forma?
Rapidamente chegou a uma conclusão – é claro que sim.
Por Shane Hatcher.
Ainda a caminhar e ainda virada para a frente, a agente mais nova falou num tom baixo. “Não resultou.”
“O quê?” Perguntou Riley sem deixar de avançar.
“A informação financeira da pen. O Hatcher tinha fundos guardados nessas contas. Mas o dinheiro foi todo removido e as contas estão encerradas.”
Riley resistiu ao impulso de dizer, “Eu sei.”
No final de contas, Hatcher dissera-o ontem na sua mensagem ameaçadora.
Por um momento, Riley não soube o que dizer. Continuou a caminhar sem falar.
Será que Jenn pensava que Riley a tinha traído dando-lhe um ficheiro falso?
Por fim, Riley disse, “Aquele ficheiro era tudo o que eu tinha. Não lhe estou a esconder nada.”
Jenn não respondeu. Riley desejava saber se ela acreditava em si.
Também se interrogou – se tinha usado aquela informação, poderia Hatcher já estar preso? Ou até morto?
Quando chegaram à porta do gabinete de Meredith, Riley parou, assim como Jenn.
Riley sentiu-se alarmada.
Era óbvio que Jenn também ia ao gabinete de Meredith.
Porque é que a nova agente ia participar naquela reunião? Teria informado Meredith acerca da retenção de informação de Riley?
Mas Jenn limitou-se a estar ali a olhar.
Riley bateu à porta e depois ela e Jenn entraram.
O chefe Meredith estava sentado na sua secretária, parecendo tão intimidante como habitualmente.
Ele disse, “Sentem-se ambas.”
Riley e Jenn sentaram-se em cadeiras em frente à secretária.
Meredith ficou calado durante alguns segundos.
Depois disse, “Agente Paige, Agente Roston – gostava que conhecessem a vossa nova parceira.”
Riley olhou para Jenn Roston, cujos olhos castanho escuros se tinham dilatado com a notícia.
“Espero que isso não seja um problema,” Disse Meredith. “A UAC está sobrecarregada com casos neste momento. Com o Agente Jeffreys de licença e todos os outros envolvidos em casos, vocês calharam uma com a outra. Está arrumado.”
Riley percebeu que Meredith tinha razão.