Durante este percurso com aproximadamente oitenta quilômetros faz as mesmas coisas do primeiro focando nas conversas e sente-se muito bem. Depois de vivida sua fase de noite escura em que as forças do universo o libertaram tornara-se um ser humano com uma nova visão de vida, mais gentil, humano e simpático diferente de antes em que era muito tímido e isto era realmente um avanço importante. Agora se sentia interligado com o mundo e não via a hora de gravar sua vitória embora fosse um processo bem demorado. Maktub, que assim fosse!
Uma hora e vinte minutos depois da partida a Arcoverde completa o percurso composto por dois trechos asfaltados das pistas BR 232 e 110.Adentram na pequena cidade, percorrem as primeiras ruas e ao chegar ao centro comercial, O vidente pede para descer, paga a passagem, despede-se e atravessa a avenida principal. Eram quase 09:00 Hs da manhã e então ele resolve procurar um restaurante simples a fim de comer alguma coisa e descansar.
Com uns cinco minutos de procura, localiza um local tranquilo chamado Raio de Esperança, composto por um prédio térreo estilo chalé e com terraço circundado de árvores onde ficam também as mesas.
Ao adentrar no estabelecimento o qual estava praticamente lotado, dirige-se a uma mesa disponível localizado do seu lado direito (No canto) e com apenas cinco passos da entrada já a alcança. Senta então na mesa, pega o cardápio disposto na mesa e começa a analisar as possibilidades disponíveis para lanche.
Em cinco minutos decide por pão com queijo acompanhado de suco de goiaba. Chama a atendente, faz o pedido e enquanto espera observa todo o movimento ao seu derredor. No estabelecimento, há casais, pessoas solteiras e grupos de amigos divididos em todas as classes sociais, cor, etnias, opção sexual e provavelmente religiões. Uma mistura comum dum Brasil de todos os povos e ele estava acostumado com isso em todas as suas andanças.
Um instante depois, a atendente volta, entrega-lhe o lanche e a nota do pedido, ele agradece e começa a degustar o lanche com muita vontade pois estava sedento de fome. Enquanto se alimenta, sua imaginação voa pelo passado, presente e principalmente futuro. Tudo podia ou não acontecer e isto encerrava o mistério da aventura atual.
Ao terminar de comer, levanta-se aproxima-se do caixa levando consigo o recibo. Pega uma pequena fila e quando chega a sua hora de pagar, enfia a mão no bolso e abre a carteira tirando uma de suas notas. Dez reais no total e ainda recebe o troco de quatro reais. Pronto. Agora estava liberado para continuar sua viagem.
Dirige-se então novamente à sua mesa, pega sua mala com rodas e finalmente sai do estabelecimento. Ao encontrar a primeira pessoa na rua, pede orientações sobre como conseguir um táxi e gentilmente a pessoa fornece um número de serviço.
Agradece a informação, pega o celular escondido na mochila e começa a discar o número. Tenta uma, duas, três vezes e nada, caindo na caixa de mensagem. Como era insistente, vai para a quarta tentativa e então começa a chamar. Uma pessoa o atende.
—Alô? Quem é?
—Oi, meu nome é Aldivan e estou precisando de um táxi urgente.
—Oi, Aldivan, meu nome é Wellington. Ligou para a pessoa certa. Qual o destino?
—O povoado de Jeritacó? Conhece?
—Sim, sim. Já fui várias vezes lá. Onde você está?
—Estou no centro da cidade, próximo ao Raio de Esperança.
—Ah, eu sei onde é. Espere um instante que já estou indo.
—Ok.
—Até.
—Até.
A ligação cai. O filho de Deus guarda o celular e começa a prestar atenção no movimento das ruas. Quando sua condução chegasse, sinalizaria com as mãos para uma localização mais rápida. Tomara que não demore, pensa com seus botões pois já eram 9:30 Hs da manhã.
O desejo do vidente é atendido pelos deuses. Cerca de dez minutos depois, sua condução chega, ele entra no automóvel (Um gol cor prata ano 2013) com suas mala e inquietações. Cumprimenta Wellington, o mesmo retribui e então é dada a partida rumo ao destino final: O povoado Jeritacó.
Com uns quinze minutos de partida, já saem do perímetro urbano da cidade, pegam uma estrada precária de terra e então Wellington aproveita para puxar conversa.
—De onde é você mesmo?
—Sou natural de Arcoverde-PE e você?
—De Ibimirim mesmo. Diga-me, qual vosso interesse no povoado?
—Nada de especial. Vou visitar um amigo que conheci e buscar uma nova história.
—História? Você é escritor?
—Sim. Sou autor da série o vidente que já tem quatro livros prontos.
—Ainda não ouvi falar. Quais os títulos e temas dos livros?
—Forças opostas o mistério da gruta é o livro de estreia que tem como pano principal a luta por um sonho e uma viagem no tempo buscando corrigir injustiças, ajudar alguém a se encontrar e reunir as forças opostas desequilibradas. O segundo título denomina-se a noite escura da alma e foi inspirada num momento difícil e crítico da minha vida. Traz como lição principal a força do perdão e a recuperação mesmo nas situações mais difíceis. “O encontro entre os dois mundos” é uma viagem ao passado buscando encontrar suas origens. Trata dos dons, da luta contra as elites e as injustiças e o valor da persistência. Por último, conclui recentemente “o testamento-o código de Deus” que traz a história de Phillipe, um ser humano marcado por uma grande tragédia, e seu encontro com um Javé-diferente das concepções tradicionais-que é capaz de mudar sua visão de mundo e dar-lhe as ferramentas necessárias para retomar sua vida. É o livro mais importante da humanidade.
—Muito interessante. Tem algum exemplar aí com você?
—Tenho o primeiro.
Aldivan vasculha por um instante a sua mala, encontra o livro e o entrega a Wellington. Como ele está ocupado o guarda no compartimento ao seu lado. Retoma então a conversa.
—Gosto muito de ler. O que não tenho é tempo pois trabalho o dia inteiro, mas na minha primeira folga lerei o seu livro. Eu prometo.
—Obrigado.
—De nada.
A conversa instantaneamente para e então os dois concentram-se nos seus respectivos ofícios. Enquanto Wellington dirige, o filho de Deus presta atenção na paisagem totalmente desconhecida. Logo à frente, a estrada converge próximo ás margens de um grande açude, tão grande que não se via fim. Aldivan não contem a curiosidade.
—Qual é o nome deste açude?
—Chama-se Poço da Cruz, o maior do estado.
—Caramba! Muito grande mesmo. Mas parece meio seco.
—Consequências das estiagens recentes e do uso irracional da água. No passado, gerou muita renda para região através de projetos de irrigação.
—Ahan, que pena que praticamente secou. Mas a natureza é sábia.
—Isto é o Nordeste. Temos que conviver com este problema, a estiagem, acredito que por muito tempo pois muitos projetos importantes do governo ainda não foram concluídos.
—Concordo. Mas não devemos só esperar ação do governo. Precisamos lutar com nossas armas.
—Quais, por exemplo?
—Uso racional da água, construção de cisternas, furar poços, ser um cidadão atuante na sociedade. Entre outros exemplos.
—Vou fazer isso.
—Ok.
Nova pausa na conversa. Continuam seguindo a estrada de terra com suas