Ele puxou as correntes de novo, querendo se libertar e arrancar a coleira, mas não conseguiu movê-las nem um pouco. Ela o havia tornado tão fraco quanto um humano. Cada centímetro enferrujado e mofado da prisão havia sido reforçado misticamente por um dos feitiços dela.
Seu corpo enrijeceu e a bile subiu pela garganta quando o incenso de sândalo atingiu suas narinas. Ela estava chegando. Seu pênis tentou rastejar para dentro do corpo para escapar das garras dela. Se pudesse, teria cortado a maldita coisa. A raiva que sentia por sua situação aumentou e ele lutou mais uma vez.
Odiava o que ela fazia com ele, e seu corpo odiava ainda mais. Ele afastou o desespero, o ódio e a repulsa. Mostrar-lhe qualquer emoção apenas alimentava os desejos dela e piorava as coisas. A porta rangeu quando a madeira pesada foi empurrada para o lado por um dos adoradores dela. Jace parou, preparando-se para o que viria a seguir.
Lady Angelica deslizou pela porta com seu vestido cor de esmeralda. Com um aceno de mão e uma palavra, ela acendeu as tochas que revestiam a cela. Ele poderia passar muito bem sem ter que ver as feições perfeitas dela. A pele cor de cacau brilhava com saúde e esplendor. Ela era realmente linda, com cabelos castanhos escuros caindo bem no meio das costas, mas ele nunca tinha visto nada mais asqueroso.
— Olá, querido. Tirou uma boa soneca? – sussurrou, bem próximo ao ouvido dele. Ela passou a língua pela concha da orelha dele, enquanto as unhas arranhavam o seu estômago, forçando-o a se afastar do toque dela.
Ele olhou desafiadoramente para os olhos negros como a noite, recusando-se a responder. A pupila branca sempre o enervava, antecipando a natureza maligna dela.
— Não? Bem, terei o prazer de lhe fornecer uma cama bonita e macia. – Ela fez uma pausa esperando um efeito que se encontrava perdido nele. – Diga-me onde posso encontrar o livro.
Era a mesma música e dança que vinham fazendo, só a Deusa sabia há quanto tempo. Mais uma vez, Jace utilizou sua única arma. Silêncio. Isso a deixava louca e ele gostava disso.
— Odeio machucá-lo, querido. Diga-me onde está o Grimório Místico. Nós governaremos juntos – murmurou ela, enquanto esfregava o braço dele.
Que droga, ela adorava machucá-lo. Na verdade, ele estava certo de que ela atingia o orgasmo sempre que começava a torturá-lo.
— Quantas vezes tenho que lhe dizer que não sei onde está – proferiu ele antes que pudesse se conter. Não imaginava para onde o livro havia sumido quando seu pai foi morto e, mesmo que imaginasse, nunca diria àquela desgraçada onde estava.
Sua família havia sido encarregada de manter e proteger o Grimório Místico enquanto o reino de Tehrex existisse. O livro continha todos os feitiços de magia e as profecias do reino, bem como informações sobre os feitiços de outras criaturas. Estava magicamente conectado à linha de sangue de sua família, mas o livro decidia quem poderia acessá-lo e quando.
Ele não era um dos que tinha acesso a ele. Não podia contar quantas vezes, durante a prisão ele precisou do livro, mas não foi atendido em seu chamado. Estava convencido de que estava amaldiçoado. Essa era a única explicação de por que o livro se recusava a ajudá-lo. Ele o queria mais do que ela, mas por razões diferentes. Havia feitiços contidos no livro que ele poderia usar para quebrar os encantamentos colocados nas amarras.
Lady Angelica o esbofeteou, deixando sulcos de suas unhas. O sangue pingou em seu cabelo, grudando nos anos de fuligem e sujeira.
— Agora veja o que você me obrigou a fazer. Coopere e terá uma refeição de verdade esta noite. Vai ajudá-lo a curar esse rosto lindo.
Jace cuspiu na cara dela.
— Vai se arrepender disso, escravo – gritou ela.
Seu arrependimento foi instantâneo quando as palavras em gaélico do feitiço saíram dos lábios dela e a bile subiu até sua garganta. Ele vomitou o pão mofado com o qual havia sido alimentado na noite anterior, enquanto sentia o membro se encher de sangue e enrijecer contra sua vontade. Orou à Deusa pelo fim daquele tormento.
— Não, Angelica, não faça isso. Não tenho ideia de onde está o livro. Ele não vai me atender. Juro – afirmou ele, odiando como estava fraco e indefeso. Odiava ainda mais estar implorando a uma vadia sem coração.
— Hmmm, assim é melhor – ronronou ela, alimentada pelo som de seu desespero e a visão de sua ereção crescente. Ele fechou os lábios, recusando-se a lhe proporcionar mais prazer.
Ele ficou imóvel enquanto ela corria os dedos sobre seus testículos. Qualquer movimento e ela afundaria as garras em sua carne.
— Traga-me o óleo – ordenou a um criado.
Passos arrastados ecoaram, seguidos por um líquido escaldante derramado sobre seu peito e abdômen. As mãos de Angelica brincaram com o óleo, espalhando-o em seu corpo dominado. Ele não conseguiu evitar o estremecimento quando a mão dela rodeou seu membro. Foi recompensado com unhas cravadas sobre sua ereção. Infelizmente, o feitiço dela o impedia de desinchar. Ela subiu no altar com ele, montando em seus quadris. Novamente, Jace tentou acessar seus poderes e neutralizar os feitiços. Nada.
— Você não pode me recusar. Vamos tornar isso interessante. – Ela estalou os dedos e uma bengala foi imediatamente colocada na palma da sua mão. Ela rastejou até o rosto dele e colocou o sexo sobre sua boca fechada. Esfregando-se sobre a linha de seus lábios, ela desceu a bengala em sua ereção. Jace gritou de dor e ela atingiu o clímax em seu rosto. Ela adorava causar-lhe dor e humilhação. Ele desistiu de orar à Deusa para salvá-lo daquele inferno. Nunca conseguiria escapar.
Jace se ergueu de um salto, confuso e encharcado de suor, o coração batendo forte. Era impossível afastar o medo e a ansiedade, então ele se preparou para lidar com o que Angelica o forçaria a seguir. Procurando se orientar, ele olhou ao redor do quarto e viu Cailyn dormindo, com espasmos, na cama ao lado dele.
Quando a lucidez lhe atingiu, percebeu que era apenas um sonho. Não estava de volta à câmara de tortura. Graças à Deusa. Seu alívio durou pouco, pois a náusea o dominou e ele correu para o banheiro.
Ele se curvou sobre o vaso sanitário e vomitou, esfregando a pulseira de prata que estava no pulso. A pulseira de Draiocht aliviou seus nervos e acalmou o estômago revolto.
Jace odiava os pesadelos. Em seiscentos anos, eles ainda não o haviam deixado e ele raramente tinha uma noite inteira de sono. Não foi o suficiente que seu cativeiro lhe roubasse a capacidade de ter intimidade com uma mulher. Lady Angelica havia tirado tudo dele e continuava tirando.
Mais do que tudo, Jace queria uma vida normal. O problema era que ele não fazia ideia de como assumir o controle e tornar isso realidade. Ela havia cravado as garras e deixado o veneno ali, e não importava o que acontecesse, ele não conseguia extirpá-lo de seu corpo. Ele deu a descarga e lavou as mãos e o rosto antes de voltar ao quarto para ver que Cailyn ainda dormia.
Ele bloqueou as imagens do pesadelo e se lembrou do motivo pelo qual estava em um quarto com a mulher que vinha ocupando suas fantasias por meses. Olhou para o relógio e viu que havia dormido por algumas horas. Todos haviam seguido para os seus quartos para descansar, logo depois de seu insucesso em curar Cailyn. O fracasso ainda lhe doía. Ela sofria porque ele caiu direto na armadilha da fada.
Afastando a culpa, ele mandou uma mensagem para Bhric para ter certeza de que Jessie estava protegida nas masmorras. A resposta do guerreiro foi instantânea: a mulher dormia pacificamente em uma cela. Trancar a amiga aborrecia Cailyn, mas eles não tinham escolha, com tantas incógnitas. Pelo menos Jessie ainda estava viva.
Jace inclinou a cabeça, ouvindo os outros guerreiros. A casa estava quieta àquela hora do dia, com todos dormindo. Jace havia usado sua posição