Foram várias horas depois que Kyoko sentiu calor. Ela congelou. Lentamente, como se tivesse medo de saber a verdade, ela virou a cabeça para o lado assim que o Toya se sentou. Sentindo- a a mexer- se, ele franziu a testa, sabendo que ele se deveria ter levantado e se afastado dela horas atrás.
Kyoko olhou para ele curiosamente, tentando ver os seus olhos, mas a sua cabeça baixou e o seu cabelo caiu sobre eles, protegendo a sua expressão. Ele levantou- se sem dizer nada e entrou na folhagem em torno do seu acampamento. As sobrancelhas de Kyoko semicerraram- se em confusão. Ele dormiu aqui com ela ontem à noite? Então a memória voltou para ela.
Ela lembrou- se de sonhar e Toya... Ela engasgou- se. Não foi um sonho. Ele tinha- a segurado ontem à noite. Ela olhou para o cobertor que ainda tinha a sua marca nele. Ele deve ter adormecido ao lado dela. Ela esboçou o seu sorriso secreto, alcançando e traçando os dedos sobre a marca que ele deixou para trás. Ela olhou para cima e Kamui entrou na clareira:
- Olá, Kamui. Ainda bem que voltaste.
O seu cabelo puxado para trás brilhava com as madeixas roxas no sol da manhã e os seus olhos mostravam as cores mais bonitas. Aqueles que estavam perto o suficiente para ver sabiam que seguravam um brilho multicolor dentro das esferas brilhantes, mas para Kyoko, era o seu sorriso que o tornava irresistível.
Kamui olhou em volta e viu que ela estava sozinha e perguntou- se por quê. Onde estavam todos? Suki e Shinbe ainda não tinham voltado? E onde estava Toya? Kamui puxou uma sacola do seu ombro e colocou- a na frente de Kyoko com as sobrancelhas levantadas.
- Não, ainda não, mas Toya deve estar de volta em alguns minutos. O que tens aqui?
Kyoko viu Kamui começar a tirar comida da sacola.
- Sennin enviou isso comigo e disse para apreciá- lo, já que quase nunca temos uma refeição muito boa, a menos que tragas algo de volta do teu tempo.
Kamui olhou para ela com os seus olhos grandes brilhando com uma variedade de cores e sorriu para a sua expressão quando ela viu os doces que vieram com o pequeno banquete.
- Vamos lá, vamos comer. - anunciou Kamui.
- Bem, voltaste cedo esta manhã, Kamui. - disse Toya preguiçosamente enquanto ele voltava para a clareira. Ele olhou para Kyoko com algumas emoções ilegíveis a refletir nos seus olhos dourados, e em seguida, rapidamente olhou para o outro lado. Kamui olhou para Toya.
Eles lutaram muito, mas na verdade, Kamui admirava Toya. Ele mudou muito desde que passou tanto tempo perto de Kyoko. Na opinião de Kamui, Kyoko fez de Toya uma pessoa melhor.
- Sennin disse que a floresta a leste teve uma revolta de demónios aterrorizando a área na última semana. Pode haver talismãs envolvidos, e então devemos verificar isso. O último foi dito enquanto Kamui recheava a sua boca com um pedaço saboroso de pão.
- Ei, vais ajudar- me com um pouco disso, certo Kamui? - sentou- se Toya ao lado deles e começou a pegar um pouco da comida para si mesmo.
Kyoko sorriu enquanto os via lutar por uma bola de arroz de morango que Sennin havia enviado. A normalidade disso não durou muito.
Toya tenso, pegando um cheiro montando a brisa.
- Bolas! - saltou com os seus olhos estreitados. - O que ele quer?
Antes que Kyoko pudesse perguntar, uma onda de ar explodiu através da clareira e parou menos de um pé na frente dela, deixando Toya desequilibrada. Kyoko viu- se a olhar para os olhos azuis de Kotaro, um dos cinco guardiões. Assim como Kyou, ele caçou o talismã sozinho, procurando pistas de onde Hyakuhei estava escondido.
Ele era perfeito, com músculos magros e cabelos ébanos que ficavam mais tempo nas costas e olhos azuis de gelo. Ele estava vestido todo de preto com uma camisa roxa transparente. Ele e Toya não se suportavam, mas era principalmente porque Kotaro tinha dito a todos que Kyoko pertencia a ele.
- Bom dia, Kyoko. - disse Kotaro com uma voz suave e masculina, pegando as mãos na dele e levantando- as na frente dele. - Como está a minha futura namorada esta manhã? - olhou profundamente nos seus olhos fazendo- a corar.
Não importava quantas vezes Kyoko lhe dissesse que ela não era dele ou de ninguém, ele ainda a chamava de sua futura companheira com tanta confiança e charme.
- Kotaro, bolas! Deixa Kyoko e porque nunca percebes o que estás a fazer? - rosnou Toya enquanto ele se empurrava da árvore para onde ele praticamente tinha sido empurrado pelos ventos guardiões de Kotaro.
Kotaro enrugou o nariz e nem se preocupou em olhar para Toya e apenas olhou na direção do seu irmão.
- Eu sabia que te cheirava em algum lugar. - disse ele insultando o irmão.
Kamui assistiu com espanto enquanto Toya estava ali e podia dizer que estava ficar mais irritado com o passar dos segundos. Ele deslizou mais perto de Kyoko e sussurrou:
- Ah, Kyoko, queres parar com isso antes que os problemas comecem.
Sabendo que Kyoko era a única coisa que os impedia de se separarem, Kamui deu um passo seguro para trás do trio. Kyoko sabia que Kotaro era inofensivo... Bem, para ela de qualquer maneira. Ela tirou as mãos dele... ainda corando da maneira como ele estava a olhar para ela. Ela podia realmente ver o amor e a devoção brilhar nos seus olhos azuis de gelo.
- Kotaro, o que te traz aqui? - perguntou para tirar a atenção dele de Toya.
Kotaro sorriu, esquecendo Toya de uma vez e respondendo à sua pergunta.
- Ouvi dizer que há problemas na área leste perto da floresta. Eu estava à espera de encontrar Hyakuhei e matá- lo por vocês para que vocês se pudessem apressar e para te tornares minha companheira, minha doce Kyoko.
Ele amava Kyoko, mas também adorava irritar Toya.
Kyoko ficou com uns tons mais rosados nas suas bochechas ao ouvir as suas palavras. Os seus lábios separaram- sea para dizer algo, mas perdendo sua linha de pensamento, ela simplesmente desistiu.
Toya já tinha ouvido suficiente absurdo daquele estúpido. Pisando na frente de Kyoko para protegê- la da visão de Kotaro, ele rosnou:
- Afasta- te!
Ele estreitava os olhos dourados e carrancudo.
- Não precisamos da tua ajuda para nos livrarmos de Hyakuhei. Então por que não tentas ficar fora do nosso caminho e deixar Kyoko em paz?
Kotaro agiu como se Toya não estivesse lá. De repente, ele moveu- se ao redor de Toya para dar um beijo casto na bochecha de Kyoko. Com uma piscadela, ele tinha ido embora tão rápido quanto ele tinha aparecido.
Toya bateu os punhos para os lados. Ele estava tão bravo que parecia que ia explodir. Por que todo mundo, de repente, queria beijar Kyoko? Ela era a droga dele!
- Kotaro, volta aqui e luta, bastardo! - gritou do topo dos seus pulmões.
Kyoko virou- se para Kamui como se nada tivesse acontecido.
- Então, acho que a informação de Sennin estava certa.
Toya desistiu e virou- se.
- Vamos lá, vamos juntar as nossas coisas. Podemos pegar Suki e Shinbe no caminho. Temos que passar por onde eles estão para chegar à floresta leste de qualquer maneira. - arrasou ainda com o seu irmão devasso por espalhar mentiras sobre Kyoko. Ele nunca deixaria Kotaro tê- la e ele mal podia esperar para encontrá- lo e bater nele para deixá- lo saber disso.
Kyoko sabia que Toya tinha ciúmes de Kotaro. No entanto, do jeito que ela via, pelo menos Kotaro poderia dizer- lhe os seus verdadeiros sentimentos, onde Toya apenas a mantinha confusa.