Seus rostos estavam muito próximos enquanto a voz profunda a advertia.
— Não posso mentir para você, moça. Seria um desastre.
— Um desastre?
— Sim. — aqueles olhos cor de esmeralda perfuraram os dela. — Tempos nada agradáveis estão para chegar. Mas não deve perder a fé. Você possui muita força. Use essa força e segure com firmeza o que lhe é mais caro, pois é isso que a ajudará a atravessar os tempos difíceis que estão por vir.
— O que está para acontecer, senhor? — ela o pressionou.
— É desconhecido para mim. Não sei os detalhes. As linhas na palma da mão não revelam detalhes mais específicos, apenas dizem que há conflitos em seu futuro. Basta lembrar o que falei. Mantenha-se firme em sua força.
O resto das memórias dela que levaram a este momento no tempo, aceleraram e a trouxeram de volta ao desespero que ela experimentara hoje.
Até agora. Deixe esse estranho beber a vida que flui pelo meu corpo. Deixe-o fazer o que não consigo fazer. Enfim terei paz e morrerei nos braços do homem que imagino, no momento, ser aquele que amo. Nos segundos desde o momento em que ele agarrou a garganta dela até este instante, serenidade a envolveu.
O estranho se separou dela e a jogou no chão. O pescoço de Davina latejava. Sua cabeça se agitou com as memórias rápidas que giravam em sua mente, exibindo sua própria vida como uma peça mal interpretada.
Examinando a imagem nebulosa dele começando a clarear, ela o viu inclinar a cabeça para trás e rir como um louco.
— Após duas décadas de procura, eu enfim encontrei o que queria! — ele se ajoelhou diante dela e envolveu o rosto dela com as palmas das mãos. — Deus não vê bem a minha espécie, então só posso dar crédito ao próprio Lorde das Trevas por me trazer tal prêmio! — ele respirou fundo, o sorriso crescendo. — Tão doce quanto o seu sangue é você, minha querida senhora. — o homem lambeu o sangue dos lábios. — Eu a deixarei com sua vida trágica.
O brilho de prata derretida desapareceu dos olhos dele.
As perguntas girando em sua mente desapareceram no desespero familiar movendo-se por ela e agarrando seu coração. Que jogos distorcidos os destinos estavam jogando com ela? Por que reviver todos aqueles momentos, com a Morte tão perto em seus braços, apenas para ter sua chance de liberdade arrancada dela. Ela estendeu a mão para ele, mas a fraqueza dominou seu corpo.
— Não. — ela tentou dizer mesmo com o nó em sua garganta, sufocando as lágrimas ardendo em seus olhos. — Não pode me deixar assim. Por favor… termine.
Ele passou um dedo sob o queixo dela.
— Tudo ficará bem.
Ele colocou a palma da mão na testa dela, e a mente de Davina se tornou uma névoa. Tudo ficou preto.
* * * * *
Estrelas borrifavam o céu acima com a lua no alto. Davina sentou-se, a cabeça girando e tocou o caroço latejante na parte de trás do crânio.
— Graças a Deus! — uma voz de homem, grave, exclamou. Uma figura nebulosa ajoelhou-se ao lado dela, e ela lutou para clarear a visão e tentar identificá-lo. — Em que estava pensando?
Ela franziu as sobrancelhas em confusão, sua mente uma bagunça sem fim.
— O quê…?
— Peço desculpas. Posso ter sido um pouco zeloso ao tentar salvá-la de você mesma. — quando ela tentou se levantar, as mãos quentes dele em seus ombros a empurraram de volta para baixo. — Acredito que precisa ficar sentada por mais um momento. Sabe onde está?
Davina esquadrinhou a área, o mundo aparecendo.
Ela estava sentada no meio da floresta, na clareira que costumava buscar para ficar sozinha. Heather estava parada a certa distância, mordiscando algumas folhas de um arbusto. Por que ela estava aqui? Olhando para as mãos trêmulas, esperava encontrar as respostas. Seus olhos vagaram, e na mão do estranho, ela reconheceu a própria adaga. Ela viu o estranho, os olhos verde-esmeralda cheios de preocupação na luz prateada da lua. Quão familiar ele parecia. A respiração dela ficou presa na garganta. Muito parecido com amante cigano dos sonhos dele, mas não como ele.
— Você se lembra… — ele disse balançando a cabeça. — Tem muita sorte de eu ter vindo, senhora. O que a possuiria para tirar a própria vida, só Deus saberá, mas pelo bem de sua alma, espero que não tente repetir essa tarefa medonha.
— Senhor, por favor. — ela colocou uma das mãos no braço dele, implorando. — O que aconteceu?
— Ora, pensei que você se lembrava. — ele limpou a garganta. — Estava prestes a tirar a própria vida, e eu a impedi. No processo, você bateu com a cabeça. Espero que possa me perdoar. — ele revirou os olhos e murmurou: — Eu poderia ter terminado o processo por você dada a minha falta de jeito.
— Não gostaria de ser portadora de más notícias, senhor, mas eu gostaria que você tivesse terminado o que eu estava fazendo.
— Bobagem! — ele inspirou e pareceu ganhar controle da própria explosão. — Por que acha que estou aqui, jovem senhorita?
— Não tenho certeza se entendi o que quer dizer, senhor.
— Ousarei dizê-lo, por mais loucura que minhas palavras pareçam. — ele segurou as mãos dela e a olhou fixamente nos olhos. — Não foi por acaso que vaguei por esta floresta esta noite. Digo isso após ter salvado sua vida, mas duvidei da minha sanidade no início. Eu estava passando por sua humilde cidadezinha lá embaixo e essa floresta me chamava. Uma mensagem veio à minha mente enquanto eu procurava, sem saber o que procurava. A mensagem dizia: “Deve dizer que ele voltará, que a salvará. Deve insistir para não perder a esperança e se apegar a essa visão de força.”.
Davina arfou.
— Sabe o que isso significa?
Ela assentiu.
— Bom, porque eu decerto não sei. — o canto da bela boca dele se ergueu quando ela não deu nenhuma explicação. — Bem, não importa. Estou feliz por não estar maluco, afinal.
— Eu também, senhor. — respondeu ela com admiração e uma nova esperança floresceu no peito de Davina. — Agradeço ao Senhor que você O estava ouvindo esta noite. Obrigada por me impedir.
Ela resistiu ao impulso de abraçar o estranho sombrio, que se tornou seu salvador e mensageiro na forma do homem que ela amava, e em vez disso beijou os nós dos dedos em gratidão.
— Bem, isso é mais recompensa do que já recebi e poderia ter esperado.
Ele a ajudou a se levantar, sem soltar sua mão até que ela provasse estar bem de pé e garantisse que ela era capaz de cavalgar. Assim que ela montou em Heather, ele estendeu a adaga para ela, oferecendo-lhe o cabo. Quando ela estendeu a mão para pegá-lo, ele a puxou de volta.
— Entrego isto com muita hesitação, querida senhora. Promete que nunca mais terá esta lâmina apontada para o seu coração?
— Sim, senhor, eu prometo. — ele devolveu a adaga, e ela a enfiou na bota. — A mensagem que me entregou me deu uma razão para viver.
— É um grande alívio. — ele deu um tapinha no joelho dela. — Pode cavalgar de volta por conta própria, não é?
Ela assentiu e seu rosto ficou vermelho de vergonha.
— Sim, tenho certeza de que minha família não sabia de minhas intenções quando parti em tal torpor. Ter que explicar como você me salvou de mim mesma nos colocaria em uma posição estranha.
— Com certeza. Por mais que eu queira acompanhá-la de volta, tenho outros assuntos urgentes. Espero por além há bastante tempo, e creio que não terei que esperar mais. Você