Aquilo era uma das coisas que mais gostava nele. Parecia muito masculino e forte, mas depois mostrava-se muito amável.
– E queres que eu te ajude.
– Eu não sei muito sobre esse tipo de coisas. E Connor está com Alex e não pode ajudar.
– Posso fazer um jantar especial – ofereceu ela. – Posso arranjar Maren, preparar uma recepção simples com a família.
– Obrigado, Grace. É perfeito!
Grace recordou que tinha a sua própria casa muito suja. Mas não importava. Ninguém ia ver a casa dela. Suspirou e pensou que passar a tarde com os Madsen seria muito bom.
Mike ouviu o suspiro e interpretou-o mal.
– Lamento muito. Não devia ter perguntado. Tens muito para fazer e estás ocupada. Posso pedir que tragam algo de um restaurante.
– Não. Não é isso. Eu gostaria…
Mike mudou de humor tão depressa que a impressionou. Fez uma careta dura. Parecia zangado com ela e Grace não sabia porque seria.
– És sempre assim, Grace. Queres sempre ajudar. Cada vez que alguém te pede um favor, lá estás tu. Estás a matar-te a trabalhar e para quê? É óbvio que estás cansada. Seria melhor encomendar comida… assim tu descansas um pouco. Devia ter pensado nisso antes.
Novamente, estava a dizer-lhe que parecia cansada. Grace enfureceu-se. Ele não sabia nada da sua vida e não era ninguém para lhe dizer o que devia fazer.
– Sabes uma coisa, Mike? Sou uma rapariga crescida e acho que conheço os meus limites.
– Acho que não os conheces – contradisse ele, com dureza. – Trabalharias sem parar se te deixasse. Não te preocupes com o jantar. Esquece que o mencionei.
– Sabes? Estás a começar a zangar-me – respondeu Grace.
Para alguém que não fosse Mike, aquilo teria parecido uma ameaça.
– Se tu me deixasses? Não me lembro de te ter pedido permissão, Mike Gardner. Se não tivesse tempo para o fazer, dir-te-ia. Quando foi um problema para mim passar tempo com Connor e Alex? Não tenho nada para fazer à tarde.
Óptimo! Devido ao seu aborrecimento, ia parecer que ela não tinha vida social.
– Podias dormir – continuou Mike. – Vejo como trabalhas arduamente, Grace. Limpas metade da vila e geres a contabilidade da outra metade. Um dia destes, vais ficar doente!
Grace levantou-se da cadeira, prestes a chorar devido à raiva que sentia.
– Quem achas que és para me criticar? És o meu anjo da guarda?
Grace sentiu-se contente por ver que ele desistia.
– Bom, se tu não vais cuidar de ti própria, alguém tem de o fazer!
– No caso de não teres percebido, sou uma mulher adulta!
– Oh, claro que percebi! – exclamou ele.
Então, criou-se um silêncio tenso.
– Ainda bem, fico contente por termos esclarecido este assunto. Agora afasta-te do meu caminho. Se vou fazer o jantar, tenho de acabar isto – Grace dirigiu-lhe um olhar fulminante. – Sem a tua interferência.
Mike virou-se. Afastar-se do caminho de Grace não era nenhum problema, sobretudo quando ela o atacava daquela maneira. Podia ir esquecendo que ele voltasse a preocupar-se com o seu bem-estar.
Saiu de casa e dirigiu-se para o lugar onde a sua própria casa ia ser construída.
Ela não entendia nada. Sempre a vira como uma irmã mais nova, mas quando crescera, ele apercebera-se disso. Ela fora a imagem da beleza inocente. Durante algum tempo, permitira-se preocupar-se com ela e deixara que ela fizesse o mesmo com ele. Durante um curto período de tempo, deixara que fosse o seu coração a mandar e não a sua cabeça. Abraçara-a e beijara-a. Mas apaixonara-se demasiado depressa e soubera que, quando ela visse como era ele na verdade, fugiria. Por isso, assim que começara a temporada de rodeos, ele pegara no carro e fora-se embora sem olhar para trás.
Quando ela regressara à vila depois de se ter divorciado, ele estivera por lá durante algumas semanas e ficara impressionado ao vê-la. Transformara-se numa mulher linda. Era mais do que bonita, era exactamente o que uma mulher devia ser.
Ao aproximar-se dos alicerces da sua futura casa, brincou com os operários, o que o ajudou, mas ela permanecia na sua mente.
Naquele mesmo Verão, na festa de aniversário dos Riley, Grace bebera demasiado e tinham dançado juntos. Velhos amigos…
– Mike, és tão bonito! – exclamara ela, sorrindo abertamente.
Ele brincara com isso, mas ela permanecera imperturbável.
– Aposto que também és bom na cama. Estivemos a especular sobre isso.
Aquilo impressionara Mike, para o dizer suavemente, e envergonhara-o. Não soubera como responder. Pensara que ela deixara a sua aventura amorosa no passado, sobretudo depois de se ter mudado para Edmonton e de se ter casado. Ele só regressara para ficar a viver na vila na Primavera.
Enquanto tinham estado a dançar, sentira as curvas sexys dela.
– Pensas sobre isso? – perguntara-lhe claramente.
Parecera que ela percebia, de repente, o que dissera, já que se endireitara e corara.
– Cala-te! – ordenara ela. – Esquece o que disse.
A mudança de tom de voz dela tranquilizara Mike. Mas o problema era que ele não conseguira esquecê-lo. Não fizera outra coisa senão pensar nisso, perguntando-se como ficariam juntos. Queria beijá-la, abraçá-la…
Mas Grace merecia uma pessoa que fosse melhor do que um ex-cavaleiro com um passado turvo. E de alguma forma ia demonstrar-lhe que ele era muito mais do que isso. Simplesmente, precisava de tempo.
Mike parou à porta, respirando fundo. Fora demasiado duro com ela. Fizera-o porque odiava vê-la a trabalhar tanto, mas não expressara bem a sua preocupação e ela zangara-se com ele. Esperava que já não estivesse zangada.
Não bateu à porta, simplesmente entrou. Ao passar pela cozinha, parou à porta ao ver Grace a levar os pratos para a mesa.
– Falta algo à mesa.
Ela levantou a cabeça, surpreendida.
– Quando entraste?
– Há um segundo. O jantar cheira muito bem.
– É só frango e salada. Vesti Maren e Johanna levou-a com ela para o hospital. Regressarão todos juntos.
– Pensei que podia usar alguns enfeites – indicou ele, entrando na cozinha e mostrando-lhe o que tinha nas mãos.
– Flores. Cortaste flores do jardim?
– Pensei que talvez fizessem com que as coisas parecessem um pouco mais especiais – esclareceu, entregando-lhas.
Não oferecia flores a uma mulher desde que estivera na escola e quisera impressionar uma das mães adoptivas que tivera.
– Também pensei que te suavizariam um pouco e que me desculparias.
– Desculpar-te?
– Lamento que tenhamos discutido – desculpou-se, sem ser capaz de dizer que lamentava tudo o que se passara. Lamentava tê-la aborrecido.
– Eu também lamento.
Então, os seus olhares encontraram-se. Ela estava linda e ele perguntou-se o que ela faria se se aproximasse e a beijasse, como estivera a pensar fazer há semanas…
– Simplesmente, estava preocupado, é só isso. Conheço-te há