Assim como Eliseu foi chamado quando à rabiça do arado acompanhava os bois no campo de trabalho, a fim de receber o manto da consagração ao ofício de profeta, também Guilherme Miller foi chamado para deixar o arado e desvendar ao povo os mistérios do reino de Deus [YAHWEH]. Cheio de temores, deu início ao trabalho, levando seus ouvintes passo a passo, através dos períodos proféticos, até o segundo aparecimento do Messias. Em cada preleção ganhava êle energia e coragem, vendo o grande interêsse despertado por suas palavras.
Foi sòmente às solicitações de seus irmãos, em cujas palavras êle ouvia o chamado de Deus, que Miller consentiu em apresentar suas opiniões em público. Contava então cinqüenta anos de idade, não estava habituado a falar em público, a sentia-se oprimido ao reconhecer sua incapacidade para a obra. Desde o princípio, porém, seus trabalhos para a salvação das almas foram abençoados de modo notável. Sua primeira conferência foi seguida de um despertamento religioso, no qual se converteram treze famílias inteiras, com exceção de duas pessoas. Foi imediatamente convidado a falar em outros lugares, a quase em tôda parte seu trabalho resultava em avivamento da obra de Deus. Convertiam-se pecadores, cristãos eram despertados a maior consagração, e deístas e incrédulos reconheciam a verdade da Bíblia e da religião cristã. O testemunho daqueles entre os quais trabalhava, era: "Atingia a uma classe de espíritos fora da influência de outros homens." - Bliss. Sua pregação era de molde a despertar o espírito público aos grandes temas da religião, e sustar o crescente mundanismo e sensualidade da época.
Em quase tôdas as cidades havia dezenas de conversos, e em algumas, centenas, como resultado de sua pregação. Em muitos lugares as igrejas protestantes de quase tôdas as denominações abriram-se-lhe amplamente; e os convites para nelas trabalhar vinham geralmente dos ministros das várias congregações. Adoava como regra invariável não trabalhar era qualquer lugar e que não fôsse convidado; e, no entanto, logo se viu impossibilitado de atender à metade dos pedidos que choviam sôbre êle.
Muitos que não aceitaram suas opiniões quanto ao tempo exato do segundo advento, ficaram convencidos da certeza e proximidade da vinda do Messias e de sua necessidade de preparo. Em algumas das grandes cidades seu trabalho produziu impressão extraordinária. Vendedores de bebidas abandonavam êste comércio e transformavam suas lojas em salas de cultos; antros de jogo eram fechados; corrigiam-se incrédulos, deístas, universalistas, e mesmo os libertinos mais perdidos, alguns dos quais não haviam durante anos entrado em uma casa de culto. Várias denominações efetuavam reuniões de oração, em diferentes bairros, quase a todas as horas do dia, reunindo-se os homens de negócios ao meio-dia para oração de louvor. Não havia nenhuma excitação extravagante, mas sim uma sensação de solenidade quase geral no espírito do povo. Sua obra, como a dos primeiros reformadores, tendia antes para convencer o entendimento e despertar a consciência do que a meramente excitar as emoções.
Em 1833 Miller recebeu da igreja batista de que era membro uma licença para pregar. Grande número dos ministros de sua denominação aprovou-lhe também a obra, a foi com essa sanção formal que continuou com os seus trabalhos. Pôsto que seus labôres pessoais estivessem limitados principalmente à Nova Inglaterra a aos Estados centrais, viajou e pregou incessantemente. Durante vários anos suas despesas eram cobertas inteiramente por sua bôlsa particular e posteriormente nunca recebeu o bastante para custear as viagens aos lugares a que era convidado. Assim, seus trabalhos públicos, longe de serem benefício pecuniário, eram-lhe pesado encargo às posses, que gradualmente diminuíram durante êste período de sua vida. Era chefe de numerosa família; mas como todos eram sóbrios a industriosos, sua fazenda bastava para a manutenção de todos.
Em 1833, dois anos depois que Miller começou a apresentar em público as provas da próxima vinda do Messias, apareceu o último dos sinais que foram prometidos pelo Salvador como indícios de Seu segundo advento. Disse Yahshua: "As estrêlas cairão do céu." S. Mateus 24:29. E S. João, no Apocalipse, declarou, ao contemplar em visão as cenas que deveriam anunciar o dia de Deus [YAHWEH]: "E as estrêlas do céu caíram sôbre a Terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte." Apocalipse 6:13. Esta profecia teve cumprimento surpreendente e impressionante na grande chuva meteórica de 13 de novembro de 1833. Aquela foi a mais extensa a maravilhosa exibição de estrêlas cadentes que já se tem registrado, "achando-se então o firmamento inteiro, sôbre todos os Estados Unidos, durante horas, em faiscante comoção! Neste país, desde que começou a ser colonizado, nenhum fenômeno celeste já ocorreu que fôsse visto com tão intensa admiração por uns ou com tanto terror e alarma por outros." "Sua sublimidade e terrível beleza ainda perdura em muitos espíritos. ... Raras vêzes caiu chuva mais densa do que caíram os meteoros em direção à Terra; leste, oeste, norte e sul, tudo era o mesmo. Em uma palavra, o céu inteiro parecia em movimento. ... O espetáculo, como o descreveu o diário do professor Silliman, foi visto por tôda a América do Norte. ... Desde as duas horas até pleno dia, estando o céu perfeitamente sereno e sem nuvens, um contínuo jôgo de luzes deslumbrantemente fulgurantes se manteve em todo o firmamento." - Progresso Amencano, ou Os Grandes Acontecimentos do Maior dos Séculos, R. M. Devens.
"Nenhuma expressão, na verdade, pode, chegar à altura do esplendor daquela exibição magnificente; ... pessoa alguma que a não testemunhou pode ter uma concepção adequada de sua glória. Dir-se-ia que tôdas as estrêlas se houvessem reunido em um ponto próximo do zênite, a dali fôssem simultâneamente arrojadas, com a velocidade do relâmpago, a tôdas as partes do horizonte; e, no entanto, não se exauriam, seguindo-se milhares cèleremente no rasto de milhares, como se houvessem sido criadas para a ocasião." - F. Reed, no Christian Advocate and journal, de 13 de dezembro de 1833. "Não era possível contemplar-se um quadro mais fiel de uma figueira lançando seus figos quando açoitada por um vento forte." - The Old Countryman, no Advertiser, vespertino de Portland, de 26 de novembro de 1833.
No Journal of Comerce, de Nova York, de 14 de novembro de 1833, apareceu um longo artigo considerando êste maravilhoso fenômeno, artigo que continha esta declaração: "Nenhum filósofo ou sábio mencionou ou registou, suponho-o eu, um acontecimento semelhante ao de ontem de manhã. Um profeta há mil e oitocentos anos predisse-o exatamente - se não nos furtarmos ao incômodo de compreender o chuveiro de estrêlas como a queda das mesmas, ... no único sentido em que é possível ser isso literalmente verdade."
Assim se mostrou o último dos sinais de Sua vinda, relativamente aos quais Yahshua declarou a Seus discípulos: "Quando virdes tôdas estas coisas, sabei que está próximo às portas." S. Mateus 24:33. Depois dêstes sinais S. João contemplou, como o grande acontecimento a seguir imediatamente, o céu retirando-se como pergaminho que se enrola, enquanto a Terra tremia, montanhas e ilhas se removiam dos lugares, e os ímpios procuravam, aterrorizados, fugir da presença do Filho do homem. (Apocalipse 6:12-17).
Muitos que testemunharam a queda das estrêlas, consideraram-na um arauto do juízo vindouro - "sinal espantoso, precursor certo, misericordioso prenúncio do grande a terrível dia." - The Old Countryman. Dêste modo a atenção do povo foi dirigida para o cumprimento da profecia, sendo muitos levados a dar atenção à advertência do segundo advento.
No ano de 1840 outro notável cumprimento de profecia despertou geral interêsse. Dois anos antes, Josias Litch, um dos principais ministros que pregavam o segundo advento, publicou uma explicação de Apocalipse 9, predizendo a queda do Império Otomano. Segundo seus cálculos esta potência deveria ser subvertida "no ano de 1840, no mês de agosto;" e poucos dias apenas antes de seu cumprimento escreveu : "Admitindo que o primeiro período, 150 anos, se cumpriu exatamente antes que Deacozes subisse ao trono com permissão dos turcos, e que os 391 anos, quinze dias, começaram no final do primeiro período, terminará no dia 11 de agôsto de 1840, quando se pode esperar seja abatido o poderio otomano em Constantinopla. E isto, creio eu, verificar-se-á ser o