"Você é a Cathy?" Slim perguntou, lembrando-se de algo que Croad havia dito e esperando que o velho não estivesse se referindo à loja fechada do outro lado da rua.
Se a mulher ficou surpresa, não houve sinal disso em seu rosto. "Quem é você?" ela perguntou, desviando o olhar dele, distraidamente arrumando uma cesta de vime no balcão cheia de latas de milho doce. Uma estrela rosa luminosa presa à cesta anunciava um desconto de outono de 50%.
"Vou ficar na região por alguns dias," disse Slim, evitando a pergunta. "Na verdade, estou procurando Dennis Sharp. Ou estava, mas ouvi que ele faleceu."
"É uma maneira educada de se dizer. O que você queria com ele?"
"É pessoal. Prefiro não dizer."
Ela deu de ombros. "Você que sabe. Uma libra e dez."
Ela enfiou o macarrão em um saco de papel. Slim procurou em seu bolso por dinheiro, fazendo uma cena para ganhar algum tempo. Finalmente retirando um par de moedas, ele disse, "As pessoas gostavam de Dennis por aqui?"
"Porque você se importa se ele está morto?"
"Só estava me perguntando."
"Há pessoas piores para se conhecer, eu acho. Sempre tinha uma piada, o Den, mesmo sendo meio saidinho."
"Como assim?"
A mulher cutucou o menino nas costas com seu joelho. "Volte lá dentro, seja útil. Limpe o chão ou algo assim."
Enquanto o menino se afastava, ela se voltou para Slim e deu-lhe um sorriso mais caloroso do que ele poderia ter pensado que ela era capaz. "Gostava das mulheres. Nunca deveria ter se aproximado daquela garota."
"Que garota?"
"Ellie Ozgood. Ele nunca ficava satisfeito com alguma coisa fácil. Ele foi atrás de problemas e não poderia ter procurado em um lugar melhor."
"Eu gostaria muito de conhecê-la. Você sabe onde ela mora?"
"Lá em cima no Hall, é claro. Mas boa sorte para entrar lá. É mais provável que você a encontre no trabalho, se é que se pode dizer que o que ela faz naquele lugar é trabalho. Meu Tom está sempre reclamando dela, diz que ela não faz nada além de sentar com aquela..." Cathy se interrompeu. Ela passou a mão pelo cabelo, colocando uma mecha oleosa atrás da orelha direita. "Bem, acho que já chega disso."
"Qual lugar?"
"Você esteve morando embaixo de uma pedra? O Vincent's. O matadouro. Segunda esquina à direita depois da nossa. Não se preocupe se você se perder, você sentirá o cheiro a um quilômetro de distância."
11
"Vincent's? Não há necessidade de você ir lá," disse Croad, sentando-se do outro lado da mesa. "Preciso te lembrar de quem o contratou?"
"Disseram que Ellie Ozgood trabalhava lá. Se alguém falou com Dennis Sharp, foi ela."
Croad balançou a cabeça. "O Sr. Ozgood quer que Ellie fique fora disso. Ele não quer que o estupro venha a tona novamente."
"Mas..."
"Esqueça, Sr. Hardy. Sou apenas o mensageiro, mas essas são as regras do trabalho. É pegar ou largar."
Slim queria se levantar e ir embora, mas as lembranças de casas flutuantes e botas balançando tornavam este lugar seguro... por hora.
"Como você diz," disse ele. "Faça algo útil, pode ser? Me arrume uma lista de pessoas com alguma conexão com Dennis. Família, amigos, conhecidos."
Croad sorriu. "Você só precisava pedir." Ele tirou um pedaço de papel amassado do bolso e colocou-o sobre a mesa, fazendo o melhor para esticá-lo com seus dedos ásperos.
"Isso deve te servir."
Parecia uma teia de aranha de caligrafia infantil. Slim encarou-o, esperando que algo legível ou cognitivo aparecesse. Quando nada aconteceu, ele olhou para Croad.
"Talvez você possa me explicar isso," disse ele.
Croad apontou um dedo para um rabisco que poderia significar qualquer coisa.
"Shelly Holland. A mãe de Den."
"Casou de novo?"
"Nunca foi casada. Viviam juntos. Den pegou o nome do pai apenas para irritá-la."
"Ah. Onde eu encontro ela?"
Croad levantou-se. Ele apontou com a mão para o casaco de Slim pendurado sobre o encosto de uma cadeira e foi até a porta.
"Vou te levar lá agora. Se ela ainda estiver lá.
Eles pegaram o carro de Croad, mas levou menos de dois minutos antes de eles saírem dele, Croad estacionou em orla coberta de vegetação fora do terreno da igreja. Uma fila de chalés antigos os encarava através de uma calçada de cascalho pontilhada com ervas, em piores condições do que Slim esperaria para propriedades potencialmente tão lucrativas.
"Ozgood é dono desses também?" perguntou Slim.
Croad fez um sinal de desdém com uma mão. "Todos eles. Há inquilinos em três. O do quarto lote fugiu depois de um ano. Seis meses de atraso."
"Aposto que correu tudo bem."
"Aqueles de nós que éramos responsáveis não ficamos muito felizes, mas para o Sr. Ozgood não foi nada mais do que uma picada de mosquito nas costas."
"E os outros três?"
"Trabalham no Vincent's, como a maioria aqui."
"Essa é a principal fonte de renda de Ozgood?"
Croad deu de ombros. "Uma delas. Quer conhecer Shelly ou não? Por aqui."
Croad mostrou o caminho pelos degraus até o portão do terreno da igreja. Slim parou enquanto Croad puxou o portão de um emaranhado de ervas e segurou-o aberto.
"Pensei que ela estivesse viva."
"Ela está. Pelo menos da última vez que a vi."
A grama no cemitério estava muito alta. Slim se perguntou se cuidar dela era outra das funções de Croad e se valia a pena tocar no assunto com o velho. Lápides antigas surgiam da grama longa esvoaçante, com inscrições encrustadas de líquen quase ilegíveis.
"Parece que ninguém vem aqui," disse Slim.
"Ninguém vem mesmo. Não mais. Poucas pessoas por aqui significa poucas mortes. Den foi um dos mais recentes e ele já está enterrado há seis anos.
"Onde ele está?"
"Você vai ver."
O caminho continuou ao redor da parte de trás da igreja, depois dividiu-se, dirigindo-se sobre uma subida baixa em direção a uma fila de árvores que o separavam de um segundo cemitério que parecia mais um pequeno campo artificial feito para conter enchentes. Slim tentou enxergar além de Croad para ver onde o caminho ia dar. Ele só podia supor que passava pelo outro lado da igreja e chegava numa pequena propriedade do outro lado, embora ele não pudesse ver nada, exceto mais gramado.
"Não há uma maneira mais rápida de passar?" ele perguntou a Croad. "A grama parece bem alta."
"Não vamos passar," disse Croad. "Só vamos até aqui."
Eles passaram pela fila de árvores. O cemitério secundário era um campo, afinal. Uma fila de sepulturas mais recentes ficava perto das árvores, mas o resto do campo estava sem cuidados. O caminho terminava poucos metros depois, coberto pela grama.
"Cuidado