pobres diablas ahogadas en este papel de luz
y es tan mezquino en sus inicios el deseo
Nosotros solo queríamos ver el maldito mar
por favor,
por primera vez.
A ceramista
A partir de Concha e Aurora,
criações de Ângela Barros e Alberto Guzik
agora já são cinco privês
antes era um prédio respeitável
escavo escadas ante a nudez
do elevador, guilhotina pichada
no pó suspenso no ar
catedrais de coisas abandonadas
e lá dentro chafurdo com minhas duas
mãos nas peças de cerâmica
e como parteira tiro do barro
um caco, um vaso, um sonho, um sopro
La ceramista
A partir de Concha e Aurora,
creaciones de Ángela Barros y Alberto Guzik
ahora son ya cinco cabinas eróticas
antes era un edificio respetable
excavo escaleras ante la desnudez
del ascensor, guillotina grafiteada
en el polvo suspendido en el aire
catedrales de cosas abandonadas
y allá adentro refriego mis dos
manos en las piezas de cerámica
y como partera saco del barro
un pedazo, un jarro, un sueño, un soplo
As conhecidas
só me dizem agora de seus outros
: os chefes, os provedores, os bebezinhos
e com soslaios obesos e encontros pouco
calóricos
dizem duns anos bons
que mal me lembro, esqueci de dia
comentam de sobremesa
–ah, ana, só você mesmo.
minha vida é de história em quadrinhos
(embora eu a leve bem a sério)
não sou feliz, sou triste
e tenho um cachorrinho.
Las conocidas
sólo hablan ahora de los otros
: los jefes, los proveedores, sus pequeños bebés
y con notorios soslayos y encuentros bajos
en calorías
hablan de unos años buenos
que mal recuerdo, olvidé esos días
comentan de sobremesa
–ah, ana, sólo tú.
mi vida es un cómic
(aunque yo me la tome muy en serio)
no soy feliz, estoy triste
y tengo un perrito.
Dias com luz. pouca
I
quando se é noite, nos todos os dias do coração,
e os cobertores dançam nas ruas como cabides
de meninos,
uma mão é um ninho, de cachimbo e dureza,
é o que aninha o silêncio da pedra
ainda é o que aninha o que nunca conheço,
palavra
tenho bem medo dessa noite, tranco-me em
algum lugar, é a violência
medo desses dias em que todos os corações já são
escuros
aninho-me no meu cobertor que já não dança,
doente do pé,
é a preguiça, sabe? também tem isso, um cansaço
da aspirina,
uma vida besta de pedra opaca, a que tudo se
volta em volta.
Días con luz. poca
I
cuando se hace noche, en todos nuestros días del corazón
y las mantas danzan en las calles como perchas
de niños,
una mano es un nido, de pipa y dureza,
es lo que anida el silencio de la piedra
aún es lo que anida lo que nunca conozco,
palabra
tengo mucho miedo de esa noche, me encierro
en algún lugar, es la violencia
miedo de esos días en que todos los corazones ya son
oscuros
me enredo en mi cobertor que dejó de danzar,
adolorido del pie,
la pereza ¿sabes? también tiene eso, un cansancio
de aspirina,
una vida ordinaria de piedra opaca, a la que todo
regresa siempre.
III. No fundo do corredor negro, habilidosa ela exibe suas adagas
o café é atávico. o medo também. contra ela me lanço
entre pedestres e carros –e penso sempre que vou desmaiar.
III. Al fondo del corredor negro, habilidosa, ella exhibe sus dagas
el café es atávico. el miedo también. contra ella me lanzo
entre peatones y autos –y pienso siempre que me voy a desmayar.
Frida
primórdios da vida
sobre rodas
cachucha Khalo
desvia do rumo
não traçado no bonde com destino à tela
nela vértebras
do sofrimento, espadas do amor
em cores
páginas cujas palavras são
abortos em flor
caveiras num baile
diário da suicida que exibe vísceras
a morte ladra
rouba-lhes dores, e o que será dela,
rara señorita,
cicatrizada a sua ferida?