Oficialmente são dez milhões de pessoas que vivem no norte e nordeste da China, mas há somente alguns milhares que conservam os traços da cultura tradicional, os demais se adaptaram à cultura chinesa. No entanto, muitos de seus mitos e crenças antigas estão refletidos em documentos chineses. Os mitos que traduzimos, Baiyungege, A guerra do paraíso e Fugulun, nos mostra um olimpo que era tradicionalmente habitado por 300 deusas, e um dualismo entre as forças do bem, representadas pelas deusas, e as forças do mal, representadas por um diabo masculino.
Ewenki
Com apenas 30.000 pessoas são o último povo caçador da China. A lenda da criação do mundo, que apresenta uma série de motivos em comum com outros povos vizinhos, concede a uma deusa o protagonismo.
Elunchun
Com uma população de somente 8.000 pessoas, são um dos povos menos numerosos da China. A Menina do Sol, origem dos Elunchun é mais uma das muitas lendas que nos contam sobre a origem da humanidade a partir de um personagem ancestral feminino.
8. Povos Austronésicos.
Longe da cultura chinesa nas fronteiras distantes com a Birmânia, os povos que falam idiomas austronésicos receberam pouca influência chinesa, e tarde, geralmente na segunda metade do século XX. Oficialmente só existem três minorias nacionais de idioma austronésico: os Wa, Deang e Bulang. Mas cada uma dessas minorias tem tantas ramificações diferentes que podemos falar de alguns grupos étnicos. Todos eles compartilham importantes semelhanças culturais.
Deang
Vinte mil habitantes que vivem no sudeste de Yunnan. Sobre eles incluímos uma história que conta como surgiram as três ramificações dos Deang a partir de uma antepassada em comum, e umas lendas sobre o fim do poder das mulheres.
Wa
Vivem na China e na Birmânia. São 400.000 pessoas na China. Há tempos são famosos por sua intensa atividade religiosa por caçar cabeças humanas e oferecê-la aos seus deuses. Em razão da sua ferocidade foram os povos menos influenciados pelos chineses até pouco tempo. Nas suas mitologias (Singangli ou saindo da caverna), a deusa desempenha um papel importante. Traduzimos alguns relatos breves que mostram a importância da mulher em sua sociedade, seja já na introdução à pecuária (Os animais de estimação foram trazidos pelas mulheres), ou por seu valor ritualístico (Como a mulher cede o poder ao homem).
Bulang
São quase 100.000 pessoas cujo território se estende pelas montanhas na fronteira birmanesa. Alguns abraçaram o budismo theravada, outros mantêm ainda as suas religiões tradicionais onde as deusas desempenham um papel relevante. Na sua cultura há diversos traços que lembram um tempo em que a situação social das mulheres era mais elevada, como no fato de que os filhos recebem o nome exclusivamente da mãe, ou no respeito tradicional prestado pela sociedade Bulang às suas antepassadas. Sobre eles traduzimos A Deusa do Céu dos Bulang.
Capítulo 1.
A deusa criadora
Miliujia. A deusa criadora dos Zhuang.
Há muito, muito tempo atrás, não havia absolutamente nada no universo. Era só um imenso vazio sem forma dividido em três níveis: superior, médio e inferior. De repente apareceu uma flor no nível médio, a terra. Não se sabia dizer qual era a sua cor, mas ela se abriu e do seu interior surgiu uma mulher.22 Portanto, essa mulher é a mãe da humanidade. Seu corpo era todo coberto por pelos23, que lhe caia por todos os lados. Quando as pessoas das gerações anteriores lembram dela por sua inteligência, a chamam de Miliujia,24 quando é lembrada por ter saberdoria suficiente para transformá-la em professora da humanidade, é chamada de Milouxi.25
Naquela época o mundo separou-se em dois níveis. O verme do milho voou para cima, ficando embaixo o escaravelho. Um criou o céu e o outro a terra. O escaravelho era muito ativo e fez uma terra muito ampla; o verme era mais devagar e fez um céu mais estreito. Como não criaram bem o céu e a terra, Miliujia teve que puxar a terra para cima, fazendo com que sua superfície inchasse como um tambor, fazendo com que o céu e a terra ficassem bem conectados. No lugar onde a terra havia se levantado formaram-se as montanhas e colinas; enquanto, que no lugar onde havia se afundado formaram-se os vales e as gargantas, e assim os rios e lagos.
Ao ver que a terra estava monótona, Miliujia pensou em criar a humanidade. Ela esticou suas duas pernas e as colocou sobre o alto de duas montanhas. De repente sentiu uma rajada de vento e teve a sensação de que queria urinar, assim ela fez e sua urina molhou a terra. Com as suas mãos amassou a terra molhada e seguindo sua própria forma ela modelou muitas pessoas, e quanto terminou tapou tudo com algumas ervas. Passados quarenta e nove26 dias, ela retirou as ervas para olhar. As figuras de barro tinham ganhado vida: Pessoas muito ativas que iam de um lado para outro correndo e pulando. Miliujia, ao comprovar que por mais que falasse com elas, não podia tranquilizá-las, foi floresta adentro e buscou carambolas27 e pimentas, espalhando-as sobre elas. As pessoas dispersaram-se com pressa de modo que, as que foram atingidas pelas pimentas transformaram-se em homens, e as que foram atingidas pelas carambolas transformaram-se em mulheres. Desde então há homens e mulheres no mundo.
Para animar mais ainda o mundo, Miliujia pegou o barro novamente e lhe modelou e lhe deu diferentes formas, espalhando-o por todos os lugares. Dessa maneira, surgiu no céu os pássaros que voam e sobre a terra os animais que correm.
Quando chegaram as chuvas, nem pássaros, nem os outros animais, nem as pessoas tinham onde abrigar-se. Miliujia abriu suas pernas e sentou-se, tornando-se uma caverna28. Desde então, as pessoas, os pássaros e os outros animais todos vão às cavernas para protegerem-se do vento e abrigarem-se da chuva.
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