— Quem está no caso? Alguém que eu conheço?
— O Diretor Mullen deu o caso para as Operações Especiais, então Riker está assumindo a liderança...
Reid zombou outra vez. Menos de quarenta e oito horas atrás, ele recuperou uma memória, uma de sua antiga vida como o agente Kent Steele. Ainda estava embaçada e fragmentada, mas era sobre uma conspiração, algum tipo de encobrimento do governo. Uma guerra pendente. Dois anos atrás, ele sabia disso - pelo menos sabia de alguma parte - e estava trabalhando para construir um caso. Independentemente de quão pouco ele sabia, ele estava certo de que pelo menos alguns membros da CIA estavam envolvidos.
No topo de sua lista estava a recém-nomeada Diretora Assistente, Ashleigh Riker, chefe do Grupo de Operações Especiais. Com sua falta de confiança nela, ele definitivamente não esperava que ela desse seu melhor para encontrar suas filhas.
— Ela designou um cara novo, jovem, mas capaz — continuou Watson. — O nome é Strickland. Ele é um ex-Ranger do exército, excelente rastreador. Se alguém pudesse descobrir quem fez isso, seria ele. Além de você, é claro.
— Eu sei quem fez isso, John. — Reid balançou a cabeça amargamente. Ele imediatamente pensou em Maria; ela era uma agente, uma amiga, talvez mais - e definitivamente uma das únicas pessoas em quem Reid podia confiar. Da última que ele ouviu, Maria Johansson estava em uma missão rastreando Rais na Rússia. — Eu preciso entrar em contato com a Johansson. Ela deve saber o que aconteceu. Ele sabia que, até que pudesse provar que era Rais, a CIA não a traria de volta.
— Você não poderá fazer isso, não enquanto estiver em campo — respondeu Watson. — Porém, eu posso tentar falar com ela de outra maneira. Vou pedir para que ela te ligue quando conseguir encontrar uma linha segura.
Reid assentiu. Ele não gostava de não poder contatar Maria, mas tinha pouca escolha. Os telefones pessoais nunca eram levados em operações, e a CIA provavelmente estaria monitorando sua atividade.
— Você vai me dizer para onde estamos indo? — Reid perguntou. Ele estava ficando ansioso.
— Para alguém que possa ajudar. Aqui. — Ele jogou para Reid um pequeno telefone flip prateado, um descartável que a CIA não conseguia localizar a menos que soubessem dele e tivessem o número. — Tem alguns números programados nele. Um é uma linha segura para mim. Outro é para o Mitch.
Reid piscou. Ele não conhecia um Mitch.
— Quem diabos é Mitch?
Em vez de responder, Watson guiou o SUV para fora da estrada e entrou na garagem de uma oficina de automóveis chamada Third Street Garage. Ele manobrou o veículo em uma vaga de garagem aberta e estacionou. Assim que desligou a ignição, a porta desceu lentamente atrás deles.
Ambos saíram do carro enquanto os olhos de Reid se ajustavam à escuridão relativa. Então as luzes piscaram, lâmpadas fluorescentes brilhantes que faziam pontos nadarem em sua visão.
Ao lado do SUV, na segunda vaga da garagem, estava um carro preto, um modelo Trans Am, do final da década de 1980. Não era muito mais jovem do que ele, mas a pintura parecia nova em folha.
Também na garagem com eles estava um homem. Ele usava macacão azul-escuro que mal escondia manchas salpicadas de graxa. Suas feições estavam encobertas por uma massa emaranhada de barba marrom e um boné vermelho de beisebol puxado para baixo sobre a testa, a aba descolorida com suor seco. O mecânico limpou lentamente as mãos em um trapo sujo e manchado de óleo, olhando para Reid.
— Este é o Mitch — disse Watson. — Mitch é um amigo.
Ele jogou um molho de chaves para Reid e gesticulou para o Trans Am.
— É um modelo antigo, então não tem GPS. É confiável. Mitch vem consertando isso nos últimos anos. Então tente não destruí-lo.
— Obrigado. — Ele estava esperando algo mais discreto, mas, pegaria o que pudesse. — Que lugar é este?
— Isso... Isso é uma garagem, Kent. Eles consertam carros aqui.
Reid revirou os olhos.
— Você sabe o que eu quero dizer.
— A agência já está tentando manter olhos e ouvidos em você — explicou Watson. — De qualquer forma que eles puderem te rastrear, eles vão. Às vezes, em nossa linha de trabalho, você precisa de... Amigos do lado de fora, por assim dizer. — Ele gesticulou novamente em direção ao mecânico corpulento. — Mitch é um informante da CIA, alguém que eu recrutei dos meus dias na Divisão de Recursos Nacionais. Ele é especialista em “aquisição de veículos”. Se você precisa ir a algum lugar, ligue para ele.
Reid assentiu. Ele não sabia que Watson esteve na recruta de informantes antes de ser um agente de campo - embora, para ser justo, ele não tinha certeza se John Watson era seu nome verdadeiro.
— Vamos, eu tenho algumas coisas para você. — Watson abriu o porta-malas e, em seguida, o zíper de uma bolsa de lona preta.
Reid deu um passo para trás, impressionado; dentro do saco havia uma série de suprimentos, incluindo aparelhos de gravação, uma unidade de rastreamento GPS, um scanner de frequência e duas pistolas - uma Glock 22 e sua escolha reserva, a Ruger LC9.
Ele balançou a cabeça em descrença.
— Como você conseguiu tudo isso?
Watson deu de ombros.
— Tive um pouco de ajuda de um amigo em comum.
Reid não precisou perguntar. Bixby. O excêntrico engenheiro da CIA que passava a maior parte de suas horas de vigília em um laboratório subterrâneo de pesquisa e desenvolvimento, abaixo de Langley.
— Você e ele se conhecem há tempos, mesmo que não se lembre de tudo. Disse Watson. — Embora ele tenha se certificado de mencionar que você ainda lhe deve alguns testes.
Reid assentiu. Bixby foi um dos co-inventores do supressor de memória experimental, que havia sido instalado em sua cabeça, e o engenheiro perguntou se poderia fazer alguns testes na cabeça de Reid.
Ele pode abrir meu crânio se isso significar trazer minhas garotas de volta. Ele sentiu outra onda poderosa e esmagadora de emoção se chocar contra si, sabendo que havia pessoas dispostas a quebrar as regras, a se colocar em perigo para ajudá-lo - pessoas de quem ele mal conseguia se lembrar, mesmo tendo um relacionamento próximo. Ele piscou para segurar a ameaça de lágrimas que tentavam deixas seus olhos.
— Obrigado, John. De verdade.
— Não me agradeça ainda. Nós mal começamos. O telefone de Watson tocou em seu bolso. — Deve ser Cartwright. Dê-me um minuto. — Ele recuou para um canto para atender a chamada, sua voz baixa.
Reid fechou o saco e o porta-malas. Enquanto o fazia, o mecânico grunhiu, fazendo um som entre limpar a garganta e murmurar alguma coisa.
— Você... Disse alguma coisa? — Reid perguntou.
— Disse que sinto muito. Sobre suas filhas. — A expressão de Mitch estava bem escondida atrás de sua barba marrom grisalha e o boné de baseball, porém, sua voz soou genuína.
— Você sabe sobre… Elas?
O homem assentiu.
— Já está no noticiário. As fotos delas, um disque-denúncia para informar pistas ou avistamentos.
Reid mordeu o lábio. Ele não tinha pensado nisso, a publicidade e a conexão invariável com ele. Ele imediatamente pensou na tia delas, Linda, que morava em Nova York. Esse tipo de coisa tinha um jeito de se espalhar rapidamente e, se ela soubesse disso, ficaria preocupada, ligaria sem parar para o telefone de Reid pedindo informações e não receberia nenhuma.
— Tenho algo — disse Watson de repente. — A caminhonete de Thompson foi encontrada em uma parada de descanso a setenta milhas ao sul daqui, na interestadual