Embora o Duque falasse com sinceridade, Aletha sabia que o pai duvidava que fosse possível existir, um amor tão pleno quanto o dele e da esposa. Como ele dissera, isso só ocorria uma vez em um milhão de anos.
—Já que partirei amanhã bem cedo, creio que devo ir para a cama— o Duque disse, erguendo-se—, não se preocupe com nada, minha querida. Quando eu voltar, conversaremos sobre este assunto antes de irmos para Londres— ele abraçou a filha—, faça seus passeios a cavalo e procure distrair-se. Prometo que mais tarde vou recompensá-la destas duas semanas entediantes.
—Vou sentir muita saudade, papai.
—Também sentirei saudade de você, minha doçura.
O Duque e a filha subiram a escada abraçados. À porta do quarto de Aletha, ele beijou-a afetuosamente e seguiu pelo corredor em direção aos próprios aposentos, pensando nos jovens aristocratas que vira recentemente na corte.
Não deixava de ser uma tarefa difícil escolher um cavalheiro que lhe parecesse digno de ser marido de sua filha. Em cada um deles sempre havia um ou mais defeitos.
Sua percepção lhe dizia que, se um daqueles nobres viesse a se casar com Aletha, não lhe permaneceria fiel depois do primeiro ano de casamento.
«Hei-de encontrar alguém», o Duque pensou, decidido, ao entrar sob as cobertas.
Já trocada para dormir, Aletha afastou as cortinas e ficou à janela. O céu estava estrelado e a lua cheia permitia uma boa visibilidade.
A noite estava fria, os raios do luar tornavam o lago um espelho de prata. Sob os carvalhos vetustos, os narcisos que acabavam de desabrochar formavam um verdadeiro tapete.
Normalmente Aletha se emocionava com a beleza de Ling e tudo que dizia respeito àquela casa e aos que ali viviam. Porém naquele instante ela mostrava-se alheia ao encanto da noite. Um único pensamento a atormentava; teria de partir, deixando tudo o que amava e que lhe era familiar, para ir morar com um estranho numa casa também estranha.
Teria criados estranhos e não aqueles que a cercavam e que vinham cuidando dela desde que nascera. Teria parentes estranhos que a criticariam e desaprc variam o que quer que ela fizesse.
Seria difícil encontrar um marido que cavalgasse tão bem quanto seu pai ou como ela própria.
«Não poderei suportaria», pensou. «Desejo amar e ser amada. Só o amor fará até mesmo uma casinha parecer maravilhosa... e ele estará lá».
Seu pensamento voltou-se para a Imperatriz Elizabeth. Ela era amada por tantos homens devido a sua beleza e talvez também retribuísse esse amor. Mas Aletha desejava para si mesma algo diferente.
Desejava amar, viver uma união feliz, tão feliz que o mundo fora do seu lar não importasse. Um casamento no qual o que contava era o amor entre ela e seu marido.
Erguendo a cabeça, ela fitou a lua.
—Será que estou desejando algo impossível?— Aletha perguntou—, será que devo me contentar com menos?
Vir a amar alguém depois do matrimônio jamais seria o mesmo que se casar com o homem de seus sonhos. Como seria amar apaixonadamente? Devia ser muito mais emocionante do que possuir e cavalgar puros-sangues extraordinários, velozes e indômitos.
Fora uma pena que o assunto que estivera conversando com o pai surgira antes de ele partir para a Dinamarca. Seria tão bom se pudesse continuar falando com ele, tentaria fazê-lo compreender que ela precisava tentar tornar seu sonho uma realidade, ainda que isso parecesse impossível.
Subitamente Aletha teve um terrível pressentimento. Poderia acontecer que viesse a ser casada com um estranho com quem nada tinha em comum, antes mesmo de se dar conta do que estava acontecendo.
—Não posso suportar ao menos esta simples ideia!— ela disse em voz alta.
Ocorreu-lhe que, se algo semelhante lhe acontecesse, só lhe restaria a alternativa de fugir.
Com um estremecimento, veio-lhe à mente que nessa viagem para a Dinamarca talvez o pai encontrasse um marido para ela. Então se veria ao lado de um estrangeiro, cuja língua e costumes eram diferentes dos dela e de quem nada sabia.
Dominada pelo pânico, Aletha sentiu-se como se estivesse navegando num mar calmo que, de repente, se tornara tempestuoso.
«Tenho de fugir!», pensou.
O bom senso, porém, falou mais alto e ela reconheceu que, sendo o pai um homem compreensivo, iria ouvi-la se ela lhe explicasse o que estava sentindo. Seu primeiro impulso foi correr até os aposentos do Duque, exporia seus receios, e ele a entenderia como costumava fazer quando Aletha ainda era criança e o procurava, assustada, com medo do escuro.
Pensando mais no pai do que em si mesma, ela decidiu que seria egoísmo de sua parte ir aborrecê-lo, uma vez que ele iria partir logo pela manhã; teria que atravessar o mar do Norte, a caminho da Dinamarca.
«Por que papai tem que fazer esta viagem exatamente agora?», Aletha perguntou a si mesma, zangada.
Não fosse o pedido da Rainha, no dia seguinte o Duque e a filha estariam partindo para a Hungria. Seria maravilhoso ambos examinarem belos cavalos húngaros! Os dois cavalgariam lado a lado num país que ela não conhecia e que a Imperatriz Elizabeth tanto amava.
«Se papai e eu estivéssemos na Hungria, eu me sentiria mais à vontade para falar com ele sobre o amor», Aletha pensou.
Infelizmente seria o Sr. Heywood e não eles quem iria fazer a viagem até a Hungria. O administrador, sim, teria o prazer de selecionar os mais magníficos cavalos que encontrasse.
Era desesperador pensar que tudo havia saído errado, ela via-se privada do grande prazer que seria ajudar o pai a escolher os animais que desejariam trazer para a Inglaterra.
Frustrada, Aletha afastou-se da janela. De nada adiantava ficar desejando algo tão inatingível como a lua. Teria que se conformar, ficaria em casa, cheia de preocupações quanto ao seu futuro.
De nada adiantava ter a companhia da prima Jane em casa, nunca iria se abrir com ela.
Impulsivamente Aletha decidiu voltar para a janela e olhar para as estrelas. Estas a inspiraram a dirigir um pedido para o céu:
—Desejo tanto encontrar o amor… permita-me encontrar um homem a quem eu ame verdadeiramente… e que me ame também.
Suas palavras foram quase uma prece, e Aletha sentiu que elas subiam para os páramos etéreos.
Quando ia correr as cortinas deixando lá fora a noite com sua beleza, ela teve uma ideia. O que lhe ocorreu era tão extraordinário, tão incrível que, por um momento, nem se moveu.
Então, algo forte, desafiador e incitante surgiu como uma chama dentro de seu peito, para em seguida se infiltrar por todo o seu corpo e seu cérebro.
Erguendo a cabeça, Aletha fitou a lua, como se fosse desse astro que lhe tivesse surgido a ideia , e com voz suave afirmou:
—Farei isso... mas você terá que me ajudar!
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