Barbara Cartland
Barbara Cartland Ebooks Ltd
Esta Edição © 2016
Título Original: “Two Hearts in Hungary“
Direitos Reservados - Cartland Promotions 2016
Capa & Design Gráfico M-Y Books
NOTA DA AUTORA
Na Páscoa de 1987, visitei Budapeste e achei-a uma das mais lindas cidades europeias. Porém tudo ali era diferente do tempo em que a Imperatriz Elizabeth, da Áustria, considerava aquela cidade a alegria e o encanto do seu coração.
Durante a revolução, como era inevitável, o Palácio Real foi despojado de seus tesouros e o mesmo é agora um museu. O Palácio Karolyi, foi arrasado em 1933, e numerosas casas foram destruídas.
Embora parecesse não haver pobreza em Budapeste, eu estava ciente das restrições impostas aos que se encontram atrás da Cortina de Ferro, e os húngaros sempre foram amantes da liberdade.
Eu seguia de carro pela estrada que acompanha o Danúbio, tendo vistas belíssimas de ambos os lados da mesma, e quis saber:
—Onde estão os cavalos? Parece-me estranho vir à Hungria e não ver cavalos!
—Esta é uma área de lazer— informaram-me—, ficou para trás a cidade que é a área comercial. A próxima área é a agrícola e, muito além desta última, terá ocasião de ver alguns dos nossos cavalos.
Não deve haver nada mais frustrante para os húngaros do que uma situação dessas, uma vez que os cavalos têm sido, no decorrer dos tempos, parte de suas vidas, sendo considerados quase parte da própria família.
Ao deixar a Hungria, meu passaporte foi apresentado três vezes e em todas elas, examinado pelos soldados que se achavam no aeroporto, armados com grandes pistolas no cinto.
Deduzi que eles queriam ter plena certeza de que eu não era uma cidadã húngara tentando fugir do país.
CAPÍTULO I ~ 1878
A manhã estava tão maravilhosa que lady Aletha Ling decidiu cavalgar por mais tempo do que o habitual.
Dando-se conta de que estava atrasada para o desjejum, dirigiu-se depressa para casa e, ao entrar na sala onde o pai já se encontrava, desculpou-se:
—Sinto muito pelo atraso, papai. Confesso que sentia-me tão bem cavalgando nesta manhã ensolarada que me esqueci das horas.
O Duque de Buclington sorriu para a filha, que, aliviada, notou que ele não ficara aborrecido com seu atraso. Na verdade o pai mostrava-se tão satisfeito que a filha ficou imaginando qual poderia ser o motivo daquela satisfação.
Indo ao aparador, Aletha serviu-se, escolhendo um pouco de cada um dos pratos, que continham peixe, salsichas, rins, ovos e cogumelos frescos.
—Recebi uma notícia auspiciosa, minha filha! — o Duque participou, assim que Aletha sentou-se à mesa.
—Boa notícia, papai? De quem?— a filha perguntou, depondo o garfo no prato.
—A Imperatriz da Áustria escreveu-me.
—Isto quer dizer que ela aceitou o seu convite?
—Aceitou— o Duque respondeu com satisfação—, sua Majestade virá passar uma semana aqui nesta propriedade, depois irá para Cottesbrook Park, em Northamptoshire.
—Então ela irá caçar no centro de caçadas de Pytchley!
—Sim. O Conde Spencer ficará encantado!
Veio à mente de Aletha que dois anos atrás a Imperatriz havia alugado a Easton Neston, em Towcester, desejando caçar no famoso centro de caçadas de Bicester e com os cães do Duque de Grafton. Seria pouco dizer que a Imperatriz causara sensação.
Os ingleses não acreditavam que ela fosse uma excelente amazona. Na mente deles, uma mulher tão linda seria, quando muito, uma simples apreciadora de um passeio pelo parque montada num belo puro-sangue. Na verdade, os dois cavaleiros escolhidos para acompanhá-la, o Capitão Middleton e o coronel Hunt, não ficaram contentes com a incumbência.
—Acompanhar a Imperatriz ? É claro que farei isso, embora prefira cavalgar sozinho— o Capitão Bay Middleton reclamara quando recebera do Duque a mencionada incumbência.
Todavia o Capitão viu como se enganara ao conhecer Elizabeth. Ele, sendo um dos melhores cavaleiros da Inglaterra, reconheceu que a Imperatriz era, além de um mulher de rara beleza, uma amazona brilhante.
Como não podia deixar de ser, ele apaixonou-se por Elizabeth.
Aletha achou que seu pai também ficara impressionado com o carisma irresistível da Imperatriz .
Logo depois de sua partida para a Áustria, a Imperatriz convidou o Duque de Buclington para visitar seu país. O convite foi aceito, e o Duque voltou da Áustria ainda mais encantado com Elizabeth.
Há algumas semanas, o pai de Aletha havia escrito à Imperatriz convidando-a para hospedar-se em Ling Park. A espera da resposta de Elizabeth deixara o Duque ansioso e até mal-humorado. Mas finalmente chegara a tão esperada carta. A Imperatriz aceitara o convite.
—Fico muito feliz por você, papai! Será maravilhoso conhecer a Imperatriz .
Há dois anos Aletha estava apenas com dezesseis anos e não havia ido a nenhuma das festas oferecidas à Imperatriz, tampouco participara das caçadas.
Nessa ocasião ela ainda estava no colégio. Ao voltar para casa pouco antes do Natal, todos em Ling só falavam na Imperatriz. Notando o entusiasmo do pai, Aletha compreendeu que Elizabeth tornara-se a mulher ideal para ele, um homem que vivia tão só depois de ter perdido a esposa.
O Duque de Buclington tinha sem dúvida suas admiradoras, todas elas desejosas de fazê-lo feliz. Porém o Duque preferia viver ocupado com suas propriedades, seus cavalos e, naturalmente, sua filha a quem amava demais.
Aletha também adorava o pai, e ambos detestavam ficar separados.
Ela fora mandada para um colégio, simplesmente porque era imprescindível que, dada sua posição social, recebesse uma educação esmerada.
Somente agora Aletha iria debutar e, tendo terminado seus estudos, poderia ficar novamente ao lado do pai.
Enquanto comia, Aletha pensou na magnífica matilha que o pai possuía e pensou que quando recebessem seus distintos hóspedes seriam organizadas caçadas excitantes.
O Duque , que acabava de pôr sobre a mesa a carta que estivera lendo, exclamou subitamente:
—Já sei o que devo fazer! Não sei por que isto não me ocorreu antes!
—O que foi, papai?
—Quando a Imperatriz hospedou-se em Easton Neston, trouxe consigo seus cavalos, todos adquiridos na Hungria.
—Eu não sabia disso, papai.
—Nós precisamos de mais cavalos. Claro que precisamos, e vou comprá-los na Hungria.
Os olhos de Aletha ganharam um brilho súbito.
—Oh, papai! Sempre achei que você devia ter cavalos húngaros!— ela exclamou—, sei que a Imperatriz ama a Hungria, e os soberbos cavalos queda possui são desse país.
—Se ela prefere montar cavalos húngaros, nós vamos oferecer-lhe esses animais, estou determinado a adquirir os mais extraordinários exemplares que houver na Hungria.
—Claro! Os melhores!— a filha concordou.
Aletha não ignorava que as cocheiras do pai já estavam cheias de cavalos excepcionais e que os puros-sangues reservados para corridas eram também extraordinários. Contudo, sempre havia lugar para outros soberbos animais.
Ela própria sempre almejara montar os fogosos