Suspirou amargamente.
Se alcançasse a sua ambição final, retirar-se-ia como Brigadeiro-General. Ainda assim, estaria completamente sozinho quando se aposentasse. Mas talvez pouco importasse.
Talvez pudesse desaparecer tranquilamente – “desvanecer-se” como um dos proverbiais “velhos soldados” de Douglas MacArthur.
Ou como um animal selvagem, Pensou.
Fora caçador toda a sua vida, mas não se lembrava de alguma vez ter encontrado a carcassa de um urso ou de um veado ou de qualquer outro animal selvagem que tivesse morrido de causas naturais. Outros caçadores lhe tinham dito o mesmo.
Ssempre tinha sido um mistério! Onde é que essas criaturas selvagens morriam e apodreciam?
Gostava de saber para que também ele para lá se encaminhasse quando chegasse a sua hora.
Entretanto, apetecia-lhe um cigarro. Era inacreditável não poder fumar no seu próprio gabinete.
E nesse momento o seu telefone tocou. Era a sua secretária.
A mulher disse, “Coronel, tenho o responsável pela investigação criminal em linha, quer falar consigo.”
O Coronel Adams ficou surpreendido.
Ele sabia que se tratava de Brigadeiro-General Malcolm Boyle. Adams não se lembrava de falar com ele.
“De que é que se trata?” Perguntou Adams.
“Dos crimes, creio,” Disse a secretária.
Adams mostrou-se desagradado.
É claro, Pensou.
O responsável da investigação criminal no Exército em Washington era responsável por todas as investigações de cariz criminal no Exército. Sem dúvida que soubera que a investigação ali seguia a ritmo lento.
“OK, eu falo com ele,” Disse Adams.
Atendeu a chamada.
De imediato lhe desagradou o tom de voz do homem. Era demasiado suave para o seu gosto, não tinha suficiente atitude para um oficial de alta patente. Apesar disso, a sua patente era muito mais elevada do que a de Adams. Tinha que pelo menos fingir respeito.
Boyle disse, “Coronel Adams, só lhe queria dar conhecimento de uma situação. Três agentes do FBI de Quantico chegarão em breve para ajudar com a investigação dos crimes.”
Adams sentiu uma súbita irritação. Na sua opinião, já havia demsiados agentes a trabalhar naquilo. Mas conseguiu manter a sua voz calma.
“Senhor, não percebo porquê. Temos o nosso próprio gabinete do Comando de Investigação Criminal aqui em Fort Mowat. Eles estão a trabalhar no caso.”
Agora a voz de Boyle soou um pouco mais dura.
“Adams, teve três homicídios em menos de três semanas. A mim parece-me que precisam de ajuda.”
A frustração de Adams crescia a cada minuto que passava. Mas ele sabia que não podia demonstrá-la.
Disse, “Com todo o respeito senhor, não sei porque é que me ligou a comunicar essa notícia. A Coronel Dana Larson é o comandante do ICE aqui em Fort Mowat. Porque é que não lhe ligou primeiro?”
A resposta de Boyle apanhou Adams de surpresa.
“A Coronel Larson entrou em contacto comigo. Ela pediu-me para ligar para a UAC para ajudar.”
Adams estava perplexo.
Aquela puta, Pensou.
A Coronel Dana Larson parecia fazer tudo o que estava ao seu alcance para o aborrecer à mínima oportunidade.
E porque é que estava uma mulher à frente do ICE?
Adams fez o que podia para engolir a sua repugnância.
“Compreendo, senhor,” Disse ele.
Depois terminaram a chamada.
O Coronel Adams estava furioso. Bateu com o punho na secretária. Ele não tinha uma palavra a dizer sobre o que se passava naquele lugar?
Ainda assim, ordens eram ordens e ele tinha que obedecer.
Mas não tinha que gostar – e não tinha que facilitar a vida a ninguém.
Não queria saber que pessoas fossem mortas.
As coisas iam ficar muito feias.
CAPÍTULO CINCO
Ao levar Jilly, April e Gabriela para casa, Riley não foi capaz de lhes dizer que se ia embora dali a pouco. Ia perder o primeiro grande evento de Jilly, um papel de protagonista numa peça. Será que as miúdas perceberiam que ela se limitava a seguir ordens?
Mesmo depois de chegarem a casa, Riley não lhes conseguiu dizer.
A vergonha dominava-a.
Naquele dia ganhara uma medalha de perseverança e no passado fora reconhecida por valor e coragem. E claro, as suas filhas estavam na plateia a vê-la receber a medalha.
Mas ela não se sentia uma heroína.
As miúdas dirigiram-se ao exterior para se entreterem no quintal e Riley foi para o seu quarto e começou a fazer as malas. Era uma rotina familiar. O truque era preparar uma mala pequena com items suficientes para durar alguns dias ou um mês.
Enquanto dispunha as coisas em cima da cama, ouviu a voz de Gabriela.
“Señora Riley – o que é que está a fazer?”
Riley virou-se e viu Gabriela na soleira da porta. A empregada segurava um monte de roupa lavada que iria colocar no armário do corredor.
Riley gaguejou, “Gabriela, eu… Eu tenho que ir.”
Gabriela ficou espantada.
“Ir? Para onde?”
“Tenho um novo caso. Na Califórnia.”
“Não pode ir amanhã?” Perguntou Gabriela.
Riley engoliu em seco.
“Gabriela, o avião do FBI está neste momento a minha espera. Tenho que ir.”
Gabriela abanou a cabeça.
Disse, “É bom combater o mal, Señora Riley. Mas às vezes penso que perde a noção do que é importante.”
Gabriela desapareceu em direção ao corredor.
Riley suspirou. Desde quando é que Riley pagava a Gabriela para ser a sua consciência?
Mas não se podia queixar. Gabriela era demasiado boa no que fazia.
Riley ficou a olhar para a sua mala ainda incompleta.
Abanou a cabeça e murmurou para si própria…
“Não posso fazer isto à Jilly. Não posso.”
Durante toda a sua vida sacrificara os filhos em detrimento do trabalho. Sempre. Nunca colocara os filhos à frente.
E isso, apercebeu-se, era o que estava errado na sua vida. Isso era parte da sua escuridão.
Ela era suficientemente corajosa para enfrentar um assassino em série. Mas era suficientemente corajosa para fazer dos filhos a sua prioridade?
Naquele momento, Bill e Lucy estavam a preparar-se para ir para a Califórnia.
Esperavam encontrá-la na pista de Quantico.
Riley suspirou.
Só havia uma maneira de resolver aquele problema – se o conseguisse resolver.
Tinha que tentar.
Pegou