“Ajudaria se pudesse ouvir pelas suas próprias palavras,” Disse ela.
Webber calou-se por um momento. O seu olhar era inabalável. Mas também era o de Riley.
“Deanna ficou ferida num acidente de equitação no último verão,” Disse Webber. “A anca ficou fraturada. Parecia que teria que ser substituída. Não poderia cavalgar mais em competições. Ela estava inconsolável.”
Webber parou de falar por um instante.
“Ela tomava oxycodone para as dores. Tomou demasiados – deliberadamente. Foi intencional e nada mais há a dizer sobre o assunto.”
Riley pressentiu que algo não fora dito.
“Onde é que aconteceu?” Perguntou.
“No seu quarto,” Disse Webber. “Ela estava confortável na sua cama. O médico-legista disse que morreu de paragem respiratória. Parecia que estava a dormir quando a criada a encontrou.”
E então – Webber pestanejou.
Pestanejou literalmente.
Tinha fraquejado na sua batalha de vontades.
Está a mentir! Apercebeu-se Riley.
O coração de Riley acelerou.
Agora tinha que a pressionar, sondar com as perguntas corretas.
Mas antes que Riley pensasse sequer no que perguntar, a porta do gabinete abriu-se. A mulher que encaminhara Riley para ali entrou.
“Senhora congressista, preciso de falar consigo, por favor,” Disse ela.
Webber pareceu aliviada ao levantar-se da secretária e seguir a sua assistente para fora do gabinete.
Riley respirou profundamente algumas vezes.
Gostava de não ter sido interrompida.
Tinha a certeza que estava prestes a desmascarar a fachada enganadora de Hazel Webber.
Mas a sua oportunidade perdera-se.
Quando Webber regressasse, Riley retomaria o fio da conversa.
Um minuto depois, Webber voltou. Parecia ter recuperado a sua autoconfiança.
Ficou junto à porta aberta e disse, “Agente Paige – se é que realmente é a Agente Paige – lamento mas tenho que lhe pedir que se retire.”
Riley engoliu em seco.
“Não compreendo.”
“A minha assistente acabou de ligar para a UAC. Não têm qualquer investigação em andamento sobre os suicídios em Byars. Agora, quem quer que seja…”
Riley mostrou o seu distintivo.
“Eu sou a Agente Especial Riley Paige,” Disse com determinação. “E vou fazer todos os possíveis para que essa investigação se inicie o mais rapidamente possível.”
Passou por Hazel Webber e saiu do gabinete.
Quando se encaminhava para fora da casa, sabia que tinha feito uma inimiga – e perigosa.
Era um tipo de perigo diferente daquele que ela habitualmente tinha que enfrentar.
Hazel Webber não era uma psicopata cujas armas de eleição fossem correntes, facas, armas ou maçaricos.
Ela era uma mulher sem consciência e as suas armas eram o dinheiro e o poder.
Riley preferia o tipo de adversário que pudesse esmurrar ou dar um tiro. Ainda assim, estava pronta e disposta a lidar com Webber e com as ameaças que pudesse implicar.
Ela mentiu-me acerca da filha, Continuava a pensar Riley.
E agora Riley estava determinada a descobrir a verdade.
A casa agora parecia vazia. Riley ficou surpreendida por sair sem se cruzar com uma única alma. Tinha a sensação que podia roubar o lugar e não ser apanhada.
Dirigiu-se ao exterior e partiu no seu carro.
Ao aproximar-se do portão da mansão, viu que estava fechado. No seu interior estavam o guarda que lhe dera passagem e o enorme mordomo. Ambos tinham os braços cruzados e estavam obviamente à sua espera.
CAPÍTULO SETE
Os dois homens pareciam ameaçadores. Também pareciam um pouco ridículos – o mais pequeno dos dois usando o seu uniforme de guarda, o seu parceiro muito maior usando um fato formal de mordomo.
Como dois palhaços de circo, Pensou.
Mas ela sabia que eles não pretendiam ser engraçados.
Riley parou o carro mesmo em frente deles. Baixou o vidro, olhou para o exterior e chamou-os.
“Passa-se alguma coisa, meus senhores?”
O guarda aproximou-se postando-se diretamente à frente do seu carro.
O mordomo colossal encostou-se ao vidro do passageiro.
Falou num tom de voz retumbante.
“A congressista Webber gostava de esclarecer um mal-entendido.”
“E de que mal-entendido se trata?”
“Ela quer que compreenda que os curiosos não são bem-vindos aqui.”
Agora Riley percebeu.
Webber e a sua assistente chegaram à conclusão que Riley era uma impostora, que não era uma agente do FBI. Talvez suspeitassem que fosse uma jornalista a preparar-se para escrever algo que colocasse em cheque a congressista.
Não havia dúvidas de que aqueles dois tipos estavam habituados a lidar com jornalistas curiosos.
Riley mostrou novamente o seu distintivo.
“Julgo que ocorreu realmente um mal-entendido,” Disse ela. “Eu sou mesmo uma agente especial do FBI.”
O homem grande riu. Era óbvio que pensava que o distintivo fosse falso.
“Saia do carro, por favor,” Disse ele.
“Prefiro não o fazer, obrigada,” Disse Riley. “Abram o portão se não se importarem.”
Riley deixara a sua porta destrancada. O homem grande abriu-a.
“Saia do carro, por favor,” Repetiu ele.
Isto não vai acabar bem, Pensou.
Riley saiu do carro e fechou a porta. Os dois homens movimentaram-se para ficar lado a lado a uma curta distância dela.
Riley interrogou-se qual deles agiria primeiro.
Então o homem enorme dirigiu-se a ela.
Riley deu alguns passos na sua direção.
Quando a alcançou, ela agarrou-a pelo colarinho e na manga do braço esquerdo e puxou-o até o desequilibrar. Depois baixou-se. Mal sentiu o peso massivo do homem quando o seu corpo voou por cima das suas costas. Foi contra a porta do carro e aterrou de cabeça no chão.
O carro é que ficou maltratado, Pensou Riley consternada.
O outro homem já se dirigia a ela e ela voltou-se para ele.
Deu um pontapé na virilha. Ele curvou-se com um uivo estarrecedor e Riley percebeu que a altercação tinha terminado por ali.
Tirou a pistola do homem do coldre.
Depois inspecionou o resultado das suas ações.
O homem mais volumoso ainda estava deitado ao lado do carro, olhando para ela com uma expressão de horror. A porta do carro estava amolgada mas não tanto como Riley temera. O guarda de uniforme estava com mãos e joelhos no chão a tentar recuperar o fôlego.