—Os senhores são estrangeiros? Nunca os vi por aqui.
—Pode ser dizer que sim. Algo nos conduziu até aqui. (O vidente)
—Em resumo, somos turistas em busca de um pouco de paz e conhecimento. (Renato)
—Ah, entendi. São da capital? (Indaga ela)
—Não. Somos duma cidade próxima. (O vidente)
—Vive sozinha aqui? (Renato)
—Sou casada. Tenho também um filho recém-nascido. Apesar das dificuldades, somos felizes. (Filomena)
—Onde está seu marido? (O vidente)
—Está no trabalho, preparando um terreno para fazer a roça do ano que vem. Esperamos ter um bom lucro e assim não ter que passar fome em algum momento do ano. (Filomena)
—Entendi. Deve ser uma barra depender só da agricultura para sobreviver e ainda mais tendo filhos. (O vidente)
—Na minha família era assim. Trabalhávamos feito condenados com o intuito de sobreviver. Quando não havia lucro, o problema era grande. (Renato)
—É como diz o jovem. Mas não temos escolha. Na vida, só sabemos lidar com enxadas e foices. Somos burros quadrados. (Filomena)
—Que é isso, não fale assim. Todo trabalho é digno e todos somos iguais diante de Deus. O importante são os bons sentimentos que carregamos no peito. (O vidente)
—Nos conhecemos a pouco, mas já percebemos a sua grandeza. Isto é muito importante. Obrigado pela água. (Renato)
—De nada. (Filomena)
Um barulho atrapalha a conversa: Um choro de um bebê. Filomena fica triste e agitada e desabafa conosco:
—O bebê está com fome e não tenho nada a oferecer, a não ser chá. Vou ver se o engano.
Dito isto, a mesma foi a cozinha esquentar no fogão de lenha o chá já preparado. A acompanhamos e a ajudamos. Quando fica pronto, vamos ao quarto. Filomena pega o bebê, coloca no colo e dá o chá através da mamadeira. Apesar de beber o líquido, o mesmo não para de chorar. A mãe se desespera e o coloca de volta no berço improvisado. Aproximo-me do bebê, perguntamos seu nome e fico sabendo que se chama Vítor. Um choque. Estava diante do meu antepassado, um ser cheio de dons. O menino, de cabelos pretos, olhos castanhos claros e um pouco escuro, se remexia de um lado para outro. O toco mas nada de especial acontece. Apenas sinto um calafrio ocasionado pela barreira do tempo. Porém, sem que eu perceba, Renato se aproxima, pega a minha mão e juntos tocamos novamente no menino. Imediatamente, entramos em transe, ultrapassamos novamente o limite do tempo, visualizamos passado, presente e futuro simultaneamente. A história então se revela por completo.
1-Infância
1.1-Sitio Fundão,01 de agosto de 1900-Nascimento
Era uma tarde ensolarada de quarta-feira. O casal Filomena e Jilmar estavam a descansar frente a sua pequena e simples e casa. Já tinham completado um ano de casamento e de mudança da sede do município Cimbres (Atual Pesqueira),e estavam muito felizes apesar das grandes dificuldades financeiras que se encontravam. Jilmar, ainda no tempo de namoro, trabalhara como condenado como ajudante de carga a fim de juntar dinheiro e comprar um pequeno pedaço de terra e fora ajudado pela então noiva Filomena que fazia rendas. Quando juntaram dinheiro suficiente, casaram, mudaram-se para o sítio, e começaram uma vida a dois. Com pouco tempo, Filomena se achara grávida.
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