Filmore se levantou. — Jesse, se não posso te convencer a desistir dessa ideia ridícula, eu vou encontrar alguém que possa.
— Você não deduraria um amigo, deduraria?— Hawkins perguntou, decepcionado.
— É para seu próprio bem, Jess. — Ele se dirigiu à porta.
— É uma pena você e Sylvia — Hawkins disse calmamente.
Filmore parou. — O que tem eu e Sylvia?
— Acabando com um casamento depois de treze anos juntos.
— Sylvia e eu estamos muito felizes casados. Não temos nenhuma intenção de terminar.
— Quer dizer que você não disse a ela sobre a Glória ainda?
Filmore ficou um pouco pálido. — Você sabe que Glória foi só uma aventura, Jess. Você não ousaria --
— Dedurar um amigo? Claro que não, Bill. Bom, eu tenho esse hábito irritante de deixar escapar a coisa errada na hora errada. Mas seja como for, você não acha que devemos sentar e discutir a situação um pouco mais?
***
Enquanto estava se vestindo de novo, Wilbur Starling perguntou a ela: — Babette, posso ter uma conversa com você?
Babette olhou para seu relógio. — Você vai ter que pagar outrra horra — ela avisou.
— Seu pensamento é muito estreito — Starling disse. — Você tem a vida inteira pela frente. Ao invés de simplesmente se preocupar com a próxima hora, você deveria pensar em todas as horas que ainda lhe restam.
— Por favor. Elas são o suficiente uma de cada vez.
— Você não quer segurança quando estiver velha, uma boa casa--.
— Mon Dieu, outrra prroposta de casamento!
— Não, não, querida Babette, você não entende. Sabe, eu represento o Governo dos Estados Unidos --
— Eu conheço seu consulado muito bem — ela disse amavelmente.
— Não foi isso o que eu quis dizer. Meu governo está disposto a pagar por seus serviços em uma forma especial.
— O que devo fazer?
O rosto de Starling roseou um pouco. — Bem, a mesma coisa que você faz só que no espaço.
— Espaço?
— Sim. Como nos satélites, por todo o mundo, Shepard, Glenn, Hammond. — Ele fez pequenos movimentos circulatórios com os dedos.
— Ah, oui — disse Babette, compreendendo de repente. — Tipo voando.
— Sim, — Starling suspirou. — Voando e coisas assim. Você topa?
— Non.
— Por que não, Babette?
— É muito... muito perigoso. Eu não quero perder minha vida indo... para o espaço.
— Meu governo está disposto a te pagar — ele fez uma rápida estimativa mental — cinco vezes a taxa normal. Vai haver onze outras garotas subindo com você, então você não estará sozinha. Você só terá que trabalhar duas ou três horas por dia. E hoje em dia, não há perigo nenhum envolvido. Muitas mulheres foram para o espaço e retornaram em segurança; dizem que as condições lá no espaço são muito repousantes. E quando você se aposentar, nós vamos te dar uma casa e um fundo de pensões, para que você possa passar seus anos de declínio em conforto.
— Tudo isso só parra mim?
— Só para você.
Babette engoliu a seco e fechou os olhos. — Então de onde eu adquiri a impressão que os americanos são, como você disse, puritanos?
***
Sen. McDermott: E você diz que foi você mesmo que recrutou todas essas garotas?
Sr. Starling: Sim, senhor, foi.
Sen. McDermott: A maioria delas cooperou?
Sr. Starling: Esse é o trabalho delas, senhor.
Sen. McDermott: Quero dizer, quais foram as reações delas ante sua proposta incomum?
Sr. Starling: Bem, elas provavelmente já receberam um monte de propostas incomuns. Elas pareceram aceitar muito bem.
Sen. McDermott: Uma última pergunta, Sr. Starling. Como achou este trabalho?
Sr. Starling: Muito cansativo, senhor.
***
— Você deve estar muito cansado, Wilbur — Hawkins disse, mostrando seu sorriso infame. — Quantas garotas você diz que entrevistou?
— Depois de vinte eu parei de contar.
— E você escolheu uma dúzia para nós, é?
— Sim, senhor, nove francesas e três britânicas.
— Bem, acho que você conseguiu umas férias; você as terá assim que as meninas estiverem em segurança no USSF 187. A propósito, qual o nome delas?
Starling fechou os olhos, como se os nomes tivessem sido escritos no interior das pálpebras dele. — Vamos ver, tem Babette, Suzette, Lucette, Toilette, Francette, Violette, Rosette, Pearlette, Nanette, Myrtle, Constance e Sydney.
— Sydney?
— Não posso ajudar chefe, é o nome dela.
— Ah, suponho que poderia ter sido pior — Hawkins sorriu. — O sobrenome dela poderia ter sido Austrália.
— É pior, chefe. O sobrenome dela é Carton.
***
Hawkins estava conversando com as novas astronetes sobre os preparativos para decolagem. — Eu gosto de pensar que vocês são como um pequeno exército de Florence Nightingales. — Ele disse a elas. — Com sorte, vocês receberão todo o crédito que seu corajoso ato de auto sacrifício merece, no entanto --
Starling entra na sala, pânico em seus olhos. — O General Bullfat está vindo pelo corredor!— Ele gritou.
Filmore saltou da mesa que estava sentado. — Jess, você tem certeza que sabe o que está fazendo? Se Bullfat encontrar essas garotas --
— Relaxe, Bill — Hawkins sorriu casualmente. — Eu posso lidar com Bullfat com os dois olhos fechados. Ele é mamão com açúcar.
— Quem é mamão com açúcar?— Bullfat rugiu quando entrou na sala. O general era um homem grande -- mas quarenta anos atrás de uma mesa poderia fazer o mesmo com qualquer um.
— Você é. — Hawkins disse, voltando-se para encará-lo com calma. — Eu estava falando com Bill que será mamão com açúcar você ser promovido para meu cargo caso eu decida renunciar.
Bullfat murmurou incoerentemente. — Quem são elas?— Ele perguntou depois de um momento, indicando para as garotas.
Era uma pergunta esperada. As astronetes, ao contrário do procedimento padrão, usavam trajes espaciais largos e desgrenhados. A placa facial delas era pequena, mal revelando seus olhos e narizes, enquanto o resto de suas cabeças estava completamente coberto pelo capacete. Alguém poderia dizer que elas pareciam mais palhaços do que viajantes espaciais.
— Elas são o grupo programado para decolar em três horas. Gostaria de conhecê-las? Filmore e Starling quase desmaiaram com esse convite, mas Hawkins deu um sorriso assegurando-os.
— Eu estou muito ocupado para apresentações, Hawkins. E porque diabos os trajes delas parecem tão malfeitos? Elas já fizeram os exames físicos?
—