— Me LARGUE!— Ele gritou. Ele a empurrou para longe. Ela caiu de costas e sua cabeça bateu contra o chão duro. Houve um som de rachar, e o sangue começou a fluir de onde a cabeça dela tinha batido. Ela estava muito quieta, seus olhos o encarando como um peixe morto. Ele teve ânsia de vômito, mas seu estômago estava vazio e nada além do ácido de gosto amargo saiu.
Depois que os espasmos digestivos desapareceram, ele se endireitou e continuou a andar, apesar do fato de que podia sentir os olhos sem vida dela encarando a parte de trás de sua cabeça. Se ele olhasse para trás, saberia que ela estaria o encarando. Esse conhecimento tornava difícil não olhar para trás.
Ryan continuou a andar.
***
Eles estavam esperando por ele quando ele virou a esquina. Bael e sete dos outros exploradores estavam em pé em uma única linha bloqueando seu caminho. — Se você não vai seguir as regras, você terá que sair do jogo, Jeff — Bael disse uniformemente.
— Vai me deixar passar?
O outro sacudiu a cabeça. — Não. Não podemos deixar você ir mais adiante.
— Então o que devo fazer agora?
— Uma de duas coisas: voltar, ou se juntar a nós.
— E a minha missão aqui?
— Pare de brincar de soldadinho de chumbo, Jeff. Você é capaz de fazer coisas melhores.
— Eu acho que quero ver o que está atrás de você.
— Há oito de nós aqui, Jeff, e só um de você.
— Sim, mas eu tenho uma arma.
— Não vai funcionar — Bael disse uniformemente. — Não em nós. A cidade não o deixaria.
E Ryan sabia que ele estava certo. Qualquer força que estivesse no controle aqui não o deixaria destruir nada importante. Mas ele deve estar perto de algo, ou esse esforço concentado não estaria aqui para impedi-lo.
— Bem, — ele começou a dizer devagar. Em seguida, com pressa, ele se virou em direção à fila de homens. O mais próximo se aproximou para bloquear o caminho dele; Ryan deu um rápido chute na virilha e o homem se dobrou, deixando o caminho livre para se passar por ele. Ryan correu e continuou correndo ao longo da pista entre os edifícios.
— Atrás dele!— Bael gritou - desnecessariamente, já que os outros homens já tinham começado a perseguição. A princípio, o conhecimento deles da cidade os mantinham quase ao lado de Ryan, mas o desespero emprestou velocidade aos pés de Ryan. Ele deixou de pensar no momento, deixando somente o instinto guiá-lo pelas esquinas curtas que, em outro momento, teriam confundido a mente dele. Ele percebeu que estava correndo diretamente contra um paredão, e uma abertura apareceu bem antes dele se chocar contra ela. Ele correu pelos edifícios, subiu escadas, passou por delicadas pontes arqueadas a 100 metros do chão, então desceu e saiu. Entrou, saiu, deu volta; seus caminhos eram os mais aleatórios e rápidos que ele podia fazer. Seus perseguidores ficaram bem atrás, até que, eventualmente, ele não podia vê-los mais. Então, até os passos deles ficaram ao longe. Ryan parou.
O silêncio apareceu de novo, o mesmo silêncio que tinha dado as boas vindas a ele à cidade. O único barulho era ele ofegante buscando por ar. Ele despencou em seus joelhos, suas pernas tremulantes não eram mais capazes de suportá-lo. Então ele se deitou de lado, enquanto largas golfadas de ar encontravam seu caminho no peito dele.
Sua mão foi em busca do comunicador de novo. O metal frio continuava a ter o efeito relaxante na psique agredida dele. Havia uma Terra. Havia uma nave em órbita acima da cidade, pronta para ajudá-lo. Ele não estava sozinho neste Calvário, sozinho.
— Você não me pegou ainda, Bael — ele arfou suavemente.
— Eu ainda não tentei — a voz de Bael chegou até ele. Ryan olhou para cima, assustado. Acima da cabeça dele havia um imenso televisor 3D, preenchido com a imagem de Bael. — Não há nenhuma necessidade de correr, Jeff; a cidade pode me manter informado sobre seu paradeiro a cada minuto. Posso te achar a qualquer momento que eu quiser. Mas se você quer ficar sozinho, a decisão é sua. Nós tentamos salvá-lo; aconteça o que acontecer agora é tudo culpa sua. Adeus. A tela ficou em branco.
Ryan olhou para sua mão para descobrir que seus dedos estavam brancos de tanto espremer o aparelho de comunicação. Ele afrouxou o aperto e de repente sua mão começou a tremer incontrolavelmente. Ele começou a xingar baixinho, como uma ladainha, todos e tudo conectado a essa missão, desde Java-10 até Richard Bael e finalizou no que parecia ser seu antagonista principal, a própria cidade.
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