Caravana. Stephen Goldin. Читать онлайн. Newlib. NEWLIB.NET

Автор: Stephen Goldin
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Серия:
Жанр произведения: Научная фантастика
Год издания: 0
isbn: 9788885356535
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gerenciadora era a cidade-estado, e seu tamanho foi determinado por quanto um homem pode caminhar em um dia. Isso garantiu que todos não estariam mais do que um dia fora de contato com os acontecimentos atuais. Cidades-estados vizinhas, com as quais a comunicação era muito menos frequente e mais fora da data, eram tratadas com desconfiança.

      As comunicações hoje são praticamente instantâneas em qualquer parte do mundo. Esse fato nos permitiu desenvolver uma civilização global. Porém, ao construir esta rede tão rapidamente, podemos ter ido longe demais. Como um elástico estendido além de seu ponto de ruptura, a chicotada será forte e dolorosa…

      

       Peter Stone

       Colapso do Mundo

      

       * * *

      

      Enquanto Peter aproximava-se do primeiro veículo, ficou perplexo ao ver que este era blindado, o tipo utilizado para transportar dinheiro para bancos e lojas. Aquele quadrado cinzento sinistro estava ali impassível diante dele. O holofote no telhado ferroava seus olhos, habituados à escuridão, mas ele podia notar que o segundo veículo do comboio também era blindado. O resto dos carros na retaguarda eram apenas formas em sombras; Peter não sabia dizer quantos eram ou como pareciam.

      Uma figura esguia saiu do segundo veículo e veio ao seu encontro na porta do primeiro. Era Kudjo Wilson. “Que bom que conseguiu”, disse ele, abrindo a porta do passageiro na cabine do veículo. “Deixe-me fazer as introduções.”

      Ele colocou a cabeça dentro da cabine. “Honon, este é o cara, Peter. Peter, gostaria de te apresentar o honorável, ilustre, e inestimável Israel Baumberg”

      Havia uma pequena lanterna brilhante à bateria dentro da cabine, lançando luz suficiente para Peter distinguir o homem a quem estava sendo apresentado. Mesmo sentado, Israel Baumberg era um homem grande, com ombros largos e braços potentes. De pé, ele deveria ter facilmente um metro e noventa. Seu cabelo era liso e preto, cortado à tigela curto. O seu rosto era cheio de rugas e desgastado pelo tempo, parecendo mais pele curtida que carne. Era difícil distinguir os tons de pele na luz débil, mas com base na estrutura das características Peter apostaria que este homem era de cor. Um fuzil automático e uma metralhadora estavam apoiados casualmente ao lado dele.

      “Bem-vindo à nossa caravana, Sr. Smith. Venha, entre.” Enquanto Peter entrava, o interlocutor examinou-o através da luz tênue. “Ou devo dizer Sr. Stone? Que honra inesperada.”

      Peter fez uma careta. O reconhecimento não era bem-vindo; muitas pessoas tinham sentimentos ruins sobre ele. Entretanto, subiu na cabine e sentou no banco do passageiro.

      “Deixe-me ver seu braço,” o homenzarrão continuou. “Kudjo me disse que você se feriu.” Ele examinou a ferida ternamente. “Bem, não me parece muito ruim, mas não queremos quaisquer surpresas desagradáveis ao longo do caminho por isso é melhor tratar disso. Kudjo, você poderia voltar e ver se Sarah está livre? E enquanto estiver nisso, verifique como eles vão indo com o jantar.”

      “Sim, sinhô,” riu Kudjo em uma paródia do tempo de negros submissos. Ele moveu-se entre os carros alinhados para efetuar as instruções.

      “Bom homem, esse Kudjo. Você teve sorte em deparar-se com ele. Ele costumava ser um oficial de narcóticos trabalhando disfarçado para a polícia de St. Louis. Eles não o tornaram uma pessoa melhor. Já quanto a mim, antes de começar a fazer perguntas, meu pai era judeu e minha mãe indiana, e prefiro que usem meu nome indiano, Honon, que significa ‘urso.’ Isso é mais do que suficiente sobre mim no momento. Perguntas?”

      “Sim—do que se trata tudo isto?”

      “Esta,” Honon abriu seus braços e mãos para incluir a comitiva atrás de seu veículo, “é uma caravana que Kudjo e eu estamos liderando. Estamos no processo de ir daqui até lá.”

      “Eu sei onde o aqui é, mas onde fica o ‘lá’?”

      “Esta é uma longa história que vou contar em breve. Começamos em San Francisco desta vez, e andamos por toda a costa da Califórnia. Você teve muita sorte em ter nos encontrado; estávamos descendo a Rota 101 e teríamos evitado esta área por completo, não fosse por um terremoto ter destruído a estrada a sul de Ventura. Tivemos de recuar até a 138 e atravessar toda Santa Paula até a Interestadual 5, que é onde estamos agora. Íamos provavelmente acampar aqui para passar a noite e partiríamos pela manhã.”

      Neste ponto uma mulher enfiou a cabeça através da porta aberta do lado do passageiro. Ela parecia ter seus quarenta anos, com cabelos loiro-acinzentados e uma face rechonchuda. “Eu ouvi falar que tem alguém precisando de cuidados,” disse ela a Honon.

      “Certo. Peter, esta é a Dra. Sarah Finkelstein, que estará administrando nossos males nesta viagem. Sarah, eu gostaria que você conhecesse o notório Peter Stone.”

      Peter estremeceu-se novamente pela apresentação. A médica o olhou de cima a baixo de forma crítica. “Ora, ora, ora. O homem que no fim das contas estava certo. Isso funcionou de consolo?”

      “Nunca.”

      “Eu suponho que não. Bem, vamos ver o que você tem?” Ela analisou a sua ferida, cacarejando sarcasticamente consigo mesma. “Sua vacina de tétano é recente?”, perguntou ela.

      “Não faço uma em anos.”

      “Foi uma pergunta tola, eu sei, mas velhos hábitos não morrem. Você não receberá uma de mim, também; estou sem vacinas. Contudo, não parece muito ruim. Eu vou limpar a ferida e fazer um curativo para você. O braço vai ficar um pouco rígido, mas você vai sobreviver. Já a minha próxima pergunta, vai soar um pouco pessoal, mas é necessária. Você tem alguma doença venérea?”

      Peter se surpreendeu com a atitude rude dela, mas respondeu negativamente. “Bom,” disse ela. “Temos de tentar manter os nossos reprodutores puros.” Sem mais elaboração, Sarah passou a trabalhar em seu braço de forma silenciosa e eficaz, depois deixou Peter e Honon sozinhos.

      “Antes de começar a minha história completa,” disse Honon, “há alguns fatos necessários como prelúdio. Você está familiarizado, sem dúvida, com os avanços no campo da criogenia e animação suspensa.”

      Peter acenou. “Eu as mencionei no meu livro.”

      “Sim, certo. Perdoe-me, eu tinha esquecido; já faz um tempo desde que eu pude reler ele. Se me lembro bem, você não tem nada de bom a dizer sobre elas.”

      “Elas foram um esforço inútil, uma fútil tentativa de obter a imortalidade. Quais possíveis vantagens poderia haver no congelamento de alguém para ser despertado cinquenta anos depois de agora, quando todas as indicações são de que o mundo naquele tempo teria dificuldade em suportar até mesmo as poucas pessoas que ainda estariam sobrando? As pessoas do passado seriam totalmente inúteis em um mundo novo atormentado pela fome, seca, guerras e praga. O dinheiro e o talento usado nessa pesquisa seria mais bem utilizado em outro local.”

      “Talvez,” disse Honon, “mas pode ter havido algumas ramificações que mesmo que você não previu.”

      “Tais como?”

      “Não tão rápido. Você já ouviu falar de uma estrela chamada Epsilon Eridani?”

      “Temo que a astronomia nunca foi meu forte.”

      “Nem o meu. Mas felizmente há algumas pessoas que têm interesse por isso. Alguns anos atrás, antes de o programa espacial desintegrar-se por completo, eles realizaram um experimento que chamaram de paralaxe de satélite—não me peça para explicar o que eu não consigo—e eles descobriram que a Epsilon Eridani tinha toda uma série de planetas, tal como o nosso próprio sol. Foi uma descoberta interessante, mas o mundo tinha problemas mais urgentes e não prestou atenção.

      “Nesse mesmo tempo, um homem escreveu um