– O pente de pérola da minha mãe ou o diadema de safira.
– O diadema combinaria com seus olhos e realçaria seu vestido, – disse Mollie, pensativa. – Vou pegá-lo e fixá-lo com cuidado no seu cabelo. – Ela terminou de prender as mechas loiras de Kaitlin no lugar e depois foi buscar a joia. Ela a trouxe de volta e a colocou sobre os cabelos, para que parecesse uma coroa de cerúleo brilhando em seus cabelos dourados. – Pronto – disse Mollie. – Você está simplesmente linda, minha senhora. Levante-se agora e nós vamos colocar o seu vestido.
Kaitlin fez o que foi pedido enquanto Mollie pegava seu vestido índigo. Era um dos vestidos favoritos de Kaitlin. Era uma seda de azul profundo sobreposta a marfim no centro e enfeitada com fitas pratas e pequenas pérolas ao longo do corpete. Ela pisou dentro do vestido e depois Mollie puxou-o sobre a chemise. Kaitlin enfiou os braços nas mangas curtas e com babados. Mollie apertou todos os pequenos botões e amarrou a fita de seda na borda superior do corpete em um laço ondulado nas costas.
– Aí está, você está pronta. Tudo o que precisa fazer é calçar os sapatos de dança e encontrar Lady Marian no saguão.
Sua prima agia como acompanhante agora que era considerada uma matrona. Elas não precisavam de mais ninguém para acompanhá-las, mas lorde Harrington frequentemente participava dos eventos que Marian escolhia. Eles não gostavam de se separar, e Kaitlin achava esse hábito doce. Talvez um dia, ela encontrasse alguém para amá-la também.
Ela foi até a cadeira do outro lado da sala onde estavam os sapatos. Kaitlin levantou a borda do vestido e deslizou o pé esquerdo no primeiro sapato e repetiu a ação com o outro pé.
– Obrigada, Mollie – disse ela. – Aproveite sua noite. Vejo você quando voltar para casa.
– Divirta-se, minha senhora – disse ela. – Tente dançar. Uma moça bonita não deve passar a noite inteira no canto.
– Não farei promessas. – Kaitlin respondeu solenemente.
Ela raramente dançava e passava mais tempo sentada no canto assistindo do que gostava de admitir. Mollie a ouvia lamentar seu destino e odiava que Kaitlin não tentasse ser mais social. Não era da natureza dela ser o diamante que se destacava entre todas as outras damas presentes. Ninguém a notava, e na maioria das vezes, ela estava bem com isso. Às vezes, no entanto, desejava que um dos cavalheiros olhasse para ela e se arriscasse. Mesmo quando ela não era corajosa o suficiente para fazer isso sozinha.
– Um dia você conhecerá um homem que a vê como a bela e gentil senhora que você é, e ele se verá incapaz de desviar o olhar novamente.
– Talvez. – Kaitlin duvidou. – Esse dia talvez nunca chegue, e terei que aceitar que devo ficar sozinha. – Machucava admitir isso e ainda mais dizer em voz alta. – Meu irmão se casará um dia e eu serei uma tia solteirona maravilhosa.
– Bobagem. – Mollie franze os lábios em desagrado e balança a cabeça em desafio. – Você merece mais do que isso. Não que você não será uma tia adorável com os filhos de lorde Frossly, mas precisa de crianças suas.
Kaitlin suspirou. Ela adoraria ter uma família para si, mas isso seria difícil se ela não conseguisse sair das sombras e encontrasse um cavalheiro para se casar. Chamar a atenção de um cavalheiro era muito difícil, e ela falhava toda vez que tentava.
– Confie em mim, é melhor assim. Este cavalheiro mítico não existe. – Ela se encaminhou para a porta. – Agora, eu realmente devo ir. Marian estará aqui em breve e não quero deixá-la esperando.
– Tudo bem – disse Mollie, sua voz indicando que estava chateada com ela. – Mas acredito que você encontrará o amor. Uma vez que se abrir para isso, ele o encontrará. O problema é que você é incapaz de se imaginar apaixonada ou de um cavalheiro amando você.
Kaitlin não se deu ao trabalho de responder a isso. Ela temia que sua criada estivesse muito correta. Se ela se permitisse sonhar com o amor ‒ e um belo cavalheiro disposto a dar-lhe o coração enquanto ele roubava o seu habilmente ‒ provavelmente levaria a promessas vazias e um coração partido. Kaitlin não era do tipo que os cavalheiros amavam ou lutavam. Ela não inspirava nada em ninguém. Ela era a própria definição de flor decorando a parede. Imperceptível, normal e indigna de atenção.
Gregory estava sentado na sala de cartas no baile de Loxton, olhando as cartas que lhe haviam sido distribuídas. Ele ia vencer, mas isso não o deixara feliz. Nada mais provocava algo remotamente parecido com alegria nele. Ele deveria deixar o baile e voltar ao clube. Pelo menos lá poderia encontrar algo menos calmo para se divertir. Ele nem sabia ao certo por que decidira assistir ao baile. Samantha não precisava dele para acompanhá-la. Ela poderia ter acompanhado Harrington e sua esposa, seu amigo não se importaria de cuidar da irmã de Gregory.
Não que Gregory tenha sido tão bom como acompanhante. Na maior parte do tempo, ele permitia que Samantha fizesse o que queria. Ele já fizera com que os cavalheiros da sociedade soubessem que, se ultrapassassem o limite, pagariam um preço alto. Ele teve que participar de um duelo e duas brigas envolvendo socos para garantir que a mensagem fosse entendida. Ajudou que um dos cavalheiros em que Gregory havia batido fosse um de seus amigos, o conde de Darcy. O conde não entendeu por que Gregory se opôs a ele cortejando Samantha. Darcy não estava realmente interessado em um casamento amoroso com Samantha, e Gregory tinha visto isso claramente. Agora que Darcy estava bem casado, talvez compreendesse por que Gregory havia sido tão inflexível contra seu cortejo.
– Você está jogando ou não, Shelby? – O príncipe Luca Dragomir olhou para ele por cima de suas cartas. – Ou você vai encarar suas cartas pelo resto da noite.
Gregory levantou uma sobrancelha, permitindo que sua indiferença fosse bastante clara; depois, com cuidado elaborado, pegou uma carta e a colocou firmemente sobre a mesa.
– Acredito que tenha ganhado cavalheiros. – Todos xingaram e jogaram o resto de suas cartas na mesa.
– Você tem uma maldita sorte – murmurou o duque de Ashley. Uma mecha de seu cabelo loiro dourado caiu sobre a testa, e ele rapidamente empurrou-o para trás. – Mal posso esperar até que algo te derrube.
– É mais preciso afirmarmos que não podemos esperar até que ele encontre uma dama que vire seu mundo de cabeça para baixo. – O príncipe respondeu zombeteiro. – Talvez devêssemos apostar nisso.
Gregory levantou os lábios em um meio sorriso arrogante. – Faça o que achar necessário, mas eu economizaria seus fundos. Eu nunca vou me casar ou me apaixonar. Deixarei esse destino para vocês tolos. – Ele se levantou e assentiu para todos eles. – Agora, se me dão licença, devo verificar minha irmã.
Ele não pretendia fazer nada disso, mas parecia uma desculpa provável para partir. Eles não acreditariam nele se dissesse que estava desenvolvendo um triste caso de tédio.
O príncipe Luca passou a mão pelos cabelos escuros, alisando-os. – Será ainda mais gratificante quando você cair. – Ele se virou para o duque. – Cem libras que ele a encontrará antes que a temporada termine. – Shelby se conteve de revirar os olhos. O príncipe teria que voltar para casa algum dia. Ele voltou para a Inglaterra para que sua esposa pudesse visitar sua família.
O duque riu.
– Você não tem muita fé nessa aposta se está apostando apenas cem libras. Eu vou cobrir sua aposta e aumentar cem libras de que ele já a conheceu. Embora duvide que tenha percebido isso ainda.
O príncipe estendeu a mão para o duque.
– Eu aceito. – Então ele se virou e encontrou o olhar de Gregory. – Deseja apostar em si mesmo?
O sorriso de Gregory mostrou todos os dentes quando ergueu os lábios. – Como regra, não faço apostas ruins. Nem todo mundo deseja felicidade conjugal. Vão para casa com suas esposas e fiquem felizes que elas se dignem a sofrer com as suas companhias. – Ele girou nos calcanhares