– Não termine essa frase – Samantha ordenou enquanto caminhava em direção a Shelby.
O conde de Harrington passou a mão pelas mechas castanhas e suspirou. – Guarde suas garras – disse ele. – Prefiro não ter derramamento de sangue ou qualquer tipo de distúrbio na frente de minha esposa.
Samantha se acalmou com suas palavras.
– Tudo bem. Admito que não é aqui que eu deveria ter essa conversa com meu irmão. – Os lábios de Shelby se torceram em um sorriso pecaminoso. O coração de Kaitlin se apertou um pouco. Ele era tão bonito e charmoso… Samantha não percebia o sorriso de seu irmão. Seria estranho se ela notasse. Ela apontou o dedo para ele, como se estivesse dando um sermão em uma criança pequena. – Afinal, eu não gostaria de ser responsável por qualquer coisa que possa acontecer com Marian ou o bebê.
– Marian está tendo um bebê? – Asthey disse com um tom chocado. – Porque sou sempre o último a saber.
Kaitlin suspirou. O chá da tarde deu uma guinada inesperada. Claramente, Jonas e Marian ainda não estavam prontos para anunciar suas boas novas. Samantha precisava aprender quando segurar a língua e quando falar. Algo que Kaitlin duvidava que ela dominasse.
Gregory gemeu interiormente. Se Harrington seria pai, isso mudava tudo. Seu casamento foi o primeiro passo nessa direção, e agora Harrington havia garantido que estaria eternamente preso ao lar. Ele não culpava o amigo. Harrington amava sua esposa e, de certa forma, Gregory tinha ciúmes disso. Ah, ele não queria esposa nem filhos, mas gostava da ideia de amor.
Ele percebeu desde cedo que algo tão enorme quanto o amor não faria parte de sua vida. Isso seria mais responsabilidade com que Gregory sempre quis se envolver. Ele tinha vários vícios, mas seus favoritos eram um suprimento interminável de conhaque e mulheres devassas. Ele provavelmente teria que desistir do primeiro caso se casasse e, sem dúvida, teria que desistir do segundo. Uma esposa gostaria de um marido que a adorasse. Ele estremeceu com a possibilidade. Claro, havia muitos casamentos na sociedade que não tinham amor, mas se ele alguma vez fosse se acorrentar a uma mulher, queria algo mais do que um acordo comercial. Ele não desejava experimentar uma cama fria com um pouco de infelicidade.
Gregory olhou para Asthey e o repreendeu: – Não seja grosseiro. – Então ele voltou para sua irmã e a olhou. – Eu posso estar errado, mas esse é provavelmente um segredo que ninguém deveria ter conhecimento ainda.
Samantha revirou os olhos.
– Como eu poderia saber que lorde Harrington não confiara em seus próprios amigos as boas notícias.
Às vezes, ele queria estrangular sua irmã. Se não a amasse, poderia ter estrangulado quando eram crianças. – Talvez – ele começou. – Seria bom se mantivesse para você um segredo que não é seu para contar. – Aspereza marcara todas as palavras faladas.
Gregory deu um passo em direção a sua irmã, mas Lady Kaitlin Evans ficou na frente dele. – Lorde Shelby – disse ela em um tom trêmulo. – Você gostaria de um pouco de chá?
– Chá? – Ele a encarou incerto, que jogo era esse? – Não, não quero chá.
Lady Kaitlin geralmente não falava com ele e também não queria ser rude com ela. Ela era tímida e, infelizmente, permitia que sua irmã a desafiasse para atividades das quais não participaria de outra forma.
– Por favor, se afaste.
– Não – ela respondeu desafiadora. – Devo insistir para que você não brigue com sua irmã. A agitação pode ser demais para Marian, e devemos considerar sua condição.
Gregory encolheu-se interiormente e lutou para se acalmar.
– Eu nunca machucaria minha própria irmã.
Lady Kaitlin assentiu.
– Eu percebo isso, meu senhor, mas vozes elevadas não é novidade entre vocês dois.
– Ela está certa – disse Asthey. – Testemunhei mais desentendimentos entre você e Lady Samantha do que qualquer pessoa deveria estar sujeita.
– Aham – Lady Marian pigarreou. – Talvez Kaitlin esteja certa. Se o chá não é do seu agrado, talvez Jonas possa lhe servir um pouco de conhaque.
Lorde Harrington encontrou o olhar de sua esposa e voltou sua atenção para Gregory e Asthey. – Talvez possamos continuar nossa conversa na minha sala.
– Não – disse Gregory, descartando a sugestão de Harrington. – Eu gostaria de ficar aqui com as damas. – Ele se virou para Lady Marian. – Se você aceitar minhas desculpas e felicitações por suas boas notícias.
– É claro – Lady Marian disse amavelmente. Ela olhou para Harrington. – Conhaque para os homens e chá para as mulheres.
Harrington assentiu e pegou uma garrafa próxima, onde encheu três copos e depois entregou um a Asthey. Ele voltou e pegou os outros dois copos e levou um até Gregory.
– Prometo me comportar – disse ele ao amigo. Gregory levantou o copo e o segurou alto. – Um brinde ao futuro herdeiro de Harrington.
– Você não sabe se será um menino – disse Harrington.
– De qualquer forma, são boas notícias, e devemos comemorar.
Todos mantiveram a bebida para cima e brindaram ao nascimento do primeiro filho de lorde e lady Harrington. Gregory tomou um gole de conhaque, queimou muito bem quando deslizou por sua garganta. Harrington e Asthey se afastaram para o lado da sala e estavam conversando profundamente. Ele realmente não se importava em discernir o que estavam falando. Ele se encostou na parede e continuou a beber seu conhaque. Era a atitude mais segura, considerando como quase perdeu o controle de seu temperamento novamente.
Ele precisava trabalhar mais para manter o controle. Gregory odiava o quão fácil era para ele ceder à sua raiva mal controlada. Ele olhou ao redor da sala, Samantha e lady Marian estavam com a cabeça baixa discutindo algo, e ele rezou para que sua irmã estivesse recebendo um sermão que realmente a fizesse pensar.
Lady Kaitlin estava sentada sozinha em uma cadeira perto das outras duas damas. Ela não falava e nem tomava o seu chá. Gregory estava intrigado, mas não reagiu. Ele poderia facilmente ir falar com ela, puni-la por ficar na sua frente à beira da raiva, mas ele não tinha o direito de fazer isso. Lady Kaitlin não tinha relação com ele e ele certamente não queria cortejá-la. Ele seria a última pessoa a cortejar uma dama, e definitivamente não seria uma tão benevolente quanto lady Kaitlin Evans. Ela merecia alguém muito melhor do que pessoas como ele. Então ficou onde estava e se resignou a ter uma vida longa e solitária.
CAPÍTULO TRÊS
Havia alguns poucos eventos sociais restantes para a temporada. Claro, haveria algumas festas em alguma casa de verão para participar, mas, na maior parte do tempo, Kaitlin estaria livre das obrigações. Ainda assim, não tinha tanta certeza de que seria bom para ela. Quando deixada sozinha, ela costumava ficar reclusa e, sem Marian ou Samantha para incentivá-la a explorar o mundo exterior, Kaitlin duvidava que deixaria a casa. Seu coração disparou e seu estômago acelerou com a própria ideia de socializar. Se ela quisesse ter alguma chance de encontrar um marido, precisava encontrar uma maneira de superar sua ansiedade.
– O que a deixou perdida em pensamentos? – perguntou sua criada com um forte sotaque escocês. Mollie estava torcendo o cabelo de Kaitlin em um coque elaborado. Logo ela teria que ir para o baile de final de temporada de Loxton.
– Não é nada – disse ela com indiferença, enquanto se olhava suavemente no espelho.
Kaitlin costumava falar com a criada de uma maneira menos formal. Ela contava com Mollie para ajudar a vesti-la e se apresentar da melhor maneira possível. De certa forma, Mollie era sua melhor amiga. Sim, Kaitlin era próxima de Samantha e Marian e podia contar a elas qualquer coisa, mas às vezes se sentia sozinha. Elas não estavam