Uma brisa soprou e o cheiro de comida flutuou no ar, fazendo seu estômago roncar. Ele prometeu permanecer em sua forma humana enquanto estivesse na ilha. Ele queria ser anjo o mínimo possível, mas isso também significava que tinha que se alimentar constantemente.
Seu coração tremeu ao se lembrar das bochechas gordinhas de Sammy sorrindo enquanto lambia os dedos ao comer seus tacos especiais de uma carne misteriosa.
Agora tudo sumiu. Talvez ele devesse ficar do outro lado da ilha, não sabia por que queria ficar ali.
Ele soltou um suspiro frustrado enquanto passava a mão pelos cabelos soprados pelo vento.
Claro que ele sabia o porquê. Ele queria checar Sammy e Leilani. Ele queria ter certeza de que estavam bem.
Foi estúpido, pensar que a cabana ainda estaria ali. Claro que não. Quem poderia assumir o lugar depois da morte de Lani e Samuel? Sammy e Leilani eram apenas crianças.
Seu estômago roncou novamente.
Tudo bem, tudo bem. Hora do jantar. Ele deu um tapinha no estômago enquanto se dirigia ao restaurante.
Quando se aproximou da entrada, ele riu da enorme placa na parede ao lado das portas duplas.
Ao lado das palavras Restaurante da Candy havia uma caricatura de Candy Hu em um traje de hula. Um balão de texto saindo de sua boca dizendo: "Você vai amar a nossa comida!"
Ele esperava que Leilani não soubesse nada sobre esse lugar. Talvez eles tivessem sorte e sua tia os tivesse levado para morar em outro lugar, a mataria ver isso.
– Aloha! Bem-vindo ao Candy! – Disse uma recepcionista vestindo uma blusa e um sarongue enquanto corria em sua direção. – Você pode esperar o resto da sua turma no bar.
– Sou só eu.
– Oh, sério? – Ela tocou a corda do seu biquíni.
– Sim.
– Bem, só me seguir, então. – Ela piscou antes de se virar, indo para o restaurante. – Vou levá-lo para a melhor mesa da casa. Fica bem na frente do palco. Temos um show de hula hoje à noite. Você vai adorar – ela disse, enquanto se dirigiam para a varanda.
– Espera. Se você não se importa, eu gostaria de algo mais particular. Talvez uma mesa atrás?
Ela adorou isso, agitando os cílios. – Claro.
Droga. Ela provavelmente pensou que ele queria ficar a sós com ela.
Levou algumas manobras e fingir estar absorvido pelo menu antes que a garota finalmente entendesse a dica e o deixasse em paz. Felizmente, o garçom foi eficiente e trouxe sua refeição rapidamente.
Ele mordeu o hambúrguer. Era bom, mas não tão bom quanto os hambúrgueres que a mãe de Sammy fazia.
Seus olhos examinaram a multidão. O lugar estava cheio de famílias, principalmente turistas. Todos estavam sorrindo e se divertindo. Ele era o único sentado sozinho. Por alguma razão, isso o incomodou.
Ele deu outra mordida na comida. Bem, ele tinha que se acostumar a ficar sozinho agora. Não havia como ele voltar para casa.
Ele ouviu uma risada aguda e familiar e quase se engasgou.
Candy está aqui?
Ele se levantou e viu Candy Hu conversando com um grupo de rapazes perto do palco. Claro que ela estava lá, o restaurante tinha o nome dela. Ele observou a parte de cima do biquíni justo que mal a cobria.
Bem, ela certamente cresceu.
Seu coração bateu mais rápido. Se Candy estava aqui, talvez, apenas talvez…
Afastando-se de sua mesa, ele examinou a área com cuidado, desta vez procurando pelos familiares cabelos espetados e olhos castanhos.
Música saia pelos alto-falantes perto de sua mesa. Candy gritou, correndo para o palco. A música mudou e uma voz cantou. Candy dançou pelo palco, seguida por um grupo de garotas. As meninas estavam vestidas da mesma forma, vestindo um sarongue vermelho e uma flor branca escondida atrás da orelha direita. O movimento dos braços e o balanço dos quadris eram encantadores.
Leilani deveria estar lá em cima. Ela deveria estar no centro do palco.
– Sim, gata! – Um dos caras na mesa gritou.
Pensando melhor …
Jeremy franziu a testa enquanto olhava para a mesa de rapazes que Candy estava flertando. Ele se sentiu mal pelas meninas. Os idiotas cheios de testosterona não apreciavam a beleza de sua dança. A música, a luz, o movimento ‒ era angelical.
Ele engoliu em seco, empurrando o nó na garganta. Elas eram como anjos, seus braços como asas. Elas eram tão graciosas, do jeito que seus braços se erguiam e caíam como se dançassem no ar, especialmente no final.
Eu a conheço! Ele deu um passo à frente, mantendo os olhos na jovem.
Não poderia ser ela.
Poderia?
Ele ficou congelado ao lado de um par de tochas flamejantes enquanto a voz cantava sobre o amor de Kalua. O torso esbelto da jovem balançava enquanto braços delicados acenavam, imitando as ondas do oceano. Cabelos grossos e escuros repousavam em seu ombro, brilhando como seda preta. Seus lábios de rubi estavam ligeiramente abertos, como se estivessem prontos para um beijo. Ela estava perdida na música, olhando para baixo como se estivesse perdida em um sonho.
Ele esfregou os olhos, sabendo perfeitamente que não havia nada de errado com sua visão angelical. Ele podia ver todos os cílios escuros, todas as curvas sensuais de seus lábios e todos os poros em seu adorável rosto.
Ele esperou com a respiração suspensa enquanto a jovem levantava a cabeça. Cílios longos se ergueram lentamente e olhos castanhos cheios de alma olhavam para a platéia.
Leilani.
Ela conseguiu. Ela estava fazendo o que sempre quis fazer, estava dançando.
Ele ficou hipnotizado. Mesmo quando ela voltava para trás, permitindo que Candy ocupasse o centro do palco, ele não conseguia tirar os olhos de Leilani. Algo dentro dele se mexeu.
Não. Isso não.
Imediatamente ele deu um passo para trás, sacudindo os sentimentos malucos que corriam desenfreados através dele.
Ele estava apenas solitário. Sim, era isso que estava sentindo. Leilani fora uma boa amiga e Sammy também. Ele estava lá apenas para garantir que eles estavam bem. Agora que viu que ela estava bem, ele poderia ir. Leilani nunca deixaria nada acontecer com seu irmãozinho.
A música parou e a multidão rugiu com aplausos.
Pronto. Acabou. Estava na hora de ele partir, no havia razão para ficar. Ele viu o que precisava ver.
Ele virou-se, pronto para seguir para o outro lado da ilha, quando um garoto magro com olhos azuis bebê e manchas de chocolate nos cantos da boca o bloqueou.
– Jeremy?
3
O coração de Jeremy deu um pulo. Sammy não era mais um garotinho. Suas bochechas gordinhas estavam esbeltas agora. Havia um punhado de sardas na ponta do nariz, e ele estava pelo menos trinta centimetros mais alto.
Ele se parece com o pai.
Sammy esfregou os olhos como se não pudesse acreditar no que estava vendo.
– Ei amigo. Sou eu, Jeremy.
Olhando mais perto, Sammy cutucou seu bíceps. – Você é real. Você não era um amigo imaginário.
– Claro que sou… o que você está fazendo? – Ele perguntou quando Sammy deu a volta e deu um tapinha nas omoplatas. Ele ficou rígido quando percebeu o que Sammy estava fazendo.
Ele está procurando minhas asas. Ele se lembra.
– Eu