A Atriz. Keith Dixon. Читать онлайн. Newlib. NEWLIB.NET

Автор: Keith Dixon
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Серия:
Жанр произведения: Современная зарубежная литература
Год издания: 0
isbn: 9788873042778
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pouco mais de ... qual é a palavra?’

      â€˜Gravidade.’

      â€˜Seriedade. É isso. Eles têm essas coisas nas revistas de fins de semana – Dez coisas que eu sei, Quinze coisas que eu aprendi.’

      â€˜Pensei em uma meia dúzia de coisas que poderiam ser uma boa ideia para fazer. Eu sei o que quer dizer. Eu tenho um informante no Indy. Vou ver se eu posso fazer alguma coisa.’

      â€˜Então vamos lá. Você pode até dizer que a ideia foi sua.’

      â€˜Enquanto isso, tcharan, tenho algo em vista para amanhã. Um dos programas semanais da TV.’

      Mai suspirou. ‘Odeio essas coisas. Posso estar ocupada? Indisposta?’

      â€˜Não se você quiser ganhar. Grande audiência, fascinada por fofocas. Você terá sua foto na capa.’

      â€˜Oh ótimo. Amanhã que horas?’

      â€˜Me ligue quande estiver livre. Eles são flexíveis.’

      â€˜Claro que são. Você não sabia que sou uma grande estrela?’

      O bar estava começando a lotar e Eric terminou seu drink mas parecia inquieto.

      â€˜Algo mais? Eu tenho uma vida privada, você sabe.’

      Mai colocou sua mão na gola do terno dele.

      â€˜Alcoólicos anônimos? Happy Hour no Ritz?’

      â€˜A primeira noite de Stephen no Teatro Donmar. Vou encontrar a mãe dele lá. Primeira vez que iremos conversar em quase dois anos. Tive que ver o sangrento Samuel Beckett para poder falar com ela novamente. Quão irônico é isso?’

      â€˜Não estou dizendo nada.’

      â€˜Exatamente.’

      Ela podia sentir o cheiro antes de chegar à porta. Alguma carne com um toque oriental. Ela tinha tido uma rápida lembrança – quando criança, antes de seu pai falecer, algumas coisas espalhadas na mesa da cozinha, potes cobertos com papel alumínio, molho de laranja denso. Ela tinha mais ou menos cinco anos de idade e seu pai tinha convidado alguém para jantar sem avisar Geraldine. Então, comida chinesa para viagem, a primeira que Mai tinha visto – ou sentido. O homem se sentou na sala em frente ao calor da lareira, lenhas estalando, Geraldine colocando o molho nos pratos, olhos fixos, boca apertada, uma atmosfera ruim na casa.

      Foi embora. Ela nunca soube quem era esse homem e nunca mais o viu nem teve notícia.

      Dentro, o aroma tomava conta. Ela entrou dentro da cozinha e tirou seu cachecol, empurrando os cães com seu joelho.

      â€˜Suponho que seja bife com anis estrelado.’

      Billie disse, ‘Não brigue com Jamie e com Heston. Eles vieram correndo para dentro de casa e derrubaram azeite de oliva e espalharam por todo lado. Você está com fome?’

      â€˜E agora na expectativa. Dê-me cinco minutos.’

      Ela se trocou e lavou o rosto. Depois voltou com seu roupão e pensou no que iria vestir para satisfazer Pedro no dia seguinte. Ela tinha uma saia que, com alguma imaginação, poderia ser descrita vagamente como algo adequado. Mas o mais próximo que ela poderia conseguir de uma blusa simples era algo que uma das seguidoras da Stella McCartney tinha lhe dado. Era uma blusa de mangas curtas com um padrão florido em amarelo com fundo branco e colarinho branco. Se os camponeses gostam de flores, então isso era antiquado bem ao estilo camponês.

      Billie tinha colocado à mesa, que dificilmente era utilizada, no final da sala de jantar. A TV estava ligada com o volume baixo mas estava mostrando grupos de pessoas vestidas com sobretudo em confronto. Provavelmente um documentário sobre as relações trabalhistas – a frase que sua mãe usava para descrever qualquer tipo de programa de não-ficção que não estivesse diretamente relacionado com as artes.

      Billie trouxe dois pratos fumegantes de cozido de carne à mesa. Mai acrescentou vegetais e molho.

      â€˜Eu fiz compras,’ disse Billie. ‘Deixei o recibo na cozinha. Tinha uma fila absurda no Sainsburys esta manhã.’

      Mai achou que ela estava nervosa. Essa era a primeira vez que Billie tinha realmente cozinhado para elas duas e isso era como se ela tivesse passado dos limites. Ela tinha a estranha sensação de ter sido laçada e trazida para perto de alguma coisa que ela não sabia o que era. Domesticidade? Amizade?

      A carne estava derretendo e divertidamente temperada, o anis estrelado estava dando o toque oriental. Ela pegou o ultimo pedaço de pão do cesto e limpou o prato.

      â€˜Fale para o Jamie que eu gostei.’

      â€˜Estava bom? Não estava muito salgado?’

      â€˜Estava ótimo.’

      Um barulho vindo do quarto.

      â€˜Seu telefone.’

      Mai acenou demonstrando desinteresse. ‘Eles deixarão mensagem.’

      Ela cochilou no sofa enquanto Billie lavou a louça – ela tinha insistido. O aroma da carne ainda continuava. Mai lembrou-se do rosto da sua mãe, linda, cabelos escuros, sobrancelhas arqueadas e uma pequena covinha do meio do seu queixo. Sempre com uma pitada de rosa nas bochechas que nunca foi artificial, apenas seu tom natural de pele. Qual era a real semelhança entre seus pais? Sua mãe estava sempre fora, trabalhando, e tinha a babá – uma garota das Filipinas que preparava estranhas comidas orientais, ela e Jake. Peixe e batatas fritas eram coisas do outro mundo, assim como a lula era para seus colegas de escola. Havia sempre molhos fervendo nos pratos.

      O pai dela estava frequentemente em casa com eles. Ela não tinha nenhuma outra memória visual dele, exceto o álbum de fotografias da família, mas ela sentia que ele era fisicamente forte, um homem dinâmico, alguém que poderia enganar uma linda e jovem atriz. Ele era inquieto – levava-os ao cinema para uma estravagância, ou a algum parque temático em algum lugar. Jake correria para os brinquedos de girar e os de perigosos de velocidade, ela seguraria a mão de seu papai e assistiria Jake se comportar como um personagem indestrutível de desenho animado. Não era de se admirar que ele acabaria entrando para o exército.

      E então, seu pai se foi.

      Geraldine vestida de luto. Muitas pessoas na casa. Diziam para que ela e Jake ficassem quietos mas eram tratados gentilmente pelos adultos. Ela não se lembrava de ter ido à igreja mas havia fotografias dela, de Jake e de Geraldine no meio dos enlutados, próximo à uma porta gótica. A imprensa – estava sempre lá, sempre em cima, atrás de uma sórdida oportunidade. Ela não sabia por que Geraldine mantinha os recortes, mas estavam cuidadosamente arquivados em scrapbooks como se a morte do seu marido fosse apenas um outro estágio de sua carreira ...

      Muito tempo como centro das atenções definitivamente mexeu com suas prioridades, ela pensou.

      O telefone dela tocou novamente no quarto. Depois parou, ela se levantou e foi verificar as mensagens.

      Alfie: ‘Sou eu de novo. Por favor me ligue. Estou recebendo um monte de porcaria dos caras, toda essa publicidade.’

      Sim, era tudo sobre ele.

      Agora ela e Billie eram um velho casal, deitado no sofa assistindo ao jornal da noite. Paxman destruindo um politico e defendendo cortes na área da saúde. Ela só estava assistindo porque sua mãe se recusava a assistir qualquer assunto político em sua casa. Assistir aos jornais de qualquer tipo era um ato de rebeldia.

      Vamos às