Receio. Francois Keyser. Читать онлайн. Newlib. NEWLIB.NET

Автор: Francois Keyser
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Серия:
Жанр произведения: Современные любовные романы
Год издания: 0
isbn: 9788835426790
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decido que está quase na hora de ir embora. Casamentos não são os meus eventos preferidos, muito menos quando não tenho uma parceira.

      Decido ir procurar a Viola e tentar falar com ela de novo antes de ir embora. Pego noutra bebida de um empregado a passar e começo a fazer o meu caminho pelos convidados até ao jardim principal.

      Encontro a Viola entre a área da receção e o edifício principal. As suas costas estão voltadas para mim e ela está a falar para o seu walkie-talkie. Termina e vira-se. Ela salta para trás em surpresa.

      “Oh meu Deus!” ela exclama. “Assustaste-me imenso!”

      “Desculpa. Não era a minha intenção,” respondo. Dou-lhe um momento para recuperar e depois continuo. “Ouve, desculpa por há pouco. Penso que tudo saiu de forma errada. Normalmente consigo expressar-me de forma bastante clara e simplesmente não sei o que aconteceu há bocado…”

      Viola está a estudar-me friamente, “…Acho que te expressaste de forma bastante clara há bocado, Rick. Vês a instituição do casamento como uma oportunidade para negócios futuros, e aproveitas a tristeza e angústia dos outros para ganhar a vida quando chegar essa altura, se é que alguma vez chegará. Nunca conheci um advogado como tu. Já ouvi falar, até vi perseguidores de ambulâncias em ação mas isto, deves ter uma quota de mercado de cem por cento da tua especialidade escolhida…”

      Viola é interrompida quando alguém passa. É a noiva. Ela parece estar com pressa para chegar a algum lado.

      “Trish, está tudo bem?” Viola pergunta.

      Trish mal para e vira-se. “Sim. Apenas preciso de ir à casa de banho. Já aguentei demasiado tempo.”

      “Okay. Não me deixes prender-te,” Viola sorri.

      Trish vira-se e continua o seu caminho até ao edifício principal.

      Algo no comportamento de Trish me diz que alguma coisa está errada. Mas não é o meu casamento, e vou-me embora seja como for. No entanto, decido dizer algo à Viola.

      “Acho que há algo de errado com a noiva…”

      “Agora também és médico?” Viola pergunta zangadamente num tom baixo, com medo de que a Trish a possa ouvir.

      “Não… só quero ajudar…”

      “Não preciso da tua ajuda, assassino de casamentos. Este é o meu casamento e acho que está tudo a correr bem…”

      Os gritos de uma mulher tornam-se repentinamente audíveis do edifício principal. Não consigo dizer com certezas quem é, mas tenho uma boa ideia.

      Viola vira-se e corre até ao edifício principal. Demora-me um momento para a começar a seguir.

      “Trish!” Viola chama enquanto corre até ao edifício.

      Enquanto nos aproximamos do edifício, as palavras que a mulher grita tornam-se mais claras.

      “Seu… filho… de… uma… grande… cabra… oportunista! E tu! Sua... porra... de uma... puta!”

      Viola entrou no edifício comigo atrás. Ela empurra a multidão que se reuniu à volta da porta da casa de banho aberta.

      Sigo os passos da Viola pela multidão e chego à frente das pessoas, mesmo atrás da Viola. Trish está em frente da porta da casa de banho aberta, a gritar com o noivo cujas calças estão baixadas à volta dos seus tornozelos. Ainda está enterrado fundo dentro da mulher com ele na casa de banho. Reconheço a rapariga. Cherise. Ela é a dama de honra. Ela olha para longe e exclama para o noivo, “Fecha a porra da porta, seu idiota!”

      Ele estica-se para a fechar, mas não o consegue fazer sem deslizar para fora da dama de honra e revelar-se para toda a gente a observar a cena.

      Trish dá um passo para a frente, manuseando a faca do bolo de forma ameaçadora, “Atreves-te a fechar a porra desta porta e eu corto-te o pénis, seu filho de uma mãe, traidor!”

      O noivo, Eric, fica com a cara vermelha e tenta apaziguar Trish, “Bebé, desculpa. Sinto-, não era a minha intenção…”

      “Cala-te!” Trish grita. “Cala-te! Não me tentes vender as tuas mentiras!”

      Viola pega no braço de Trish mas ela afasta-se. Flashes de câmaras estão a piscar intermitentemente e a situação está a tornar-se cada vez mais embaraçante para toda a gente. Dou um passo em frente, à volta de Trish, e fecho a porta. Quando me viro, Trish grita comigo.

      “Mas quem és tu! Porque é que o estás a defender?”

      “Não o estou a defender,” respondo calma mas firmemente enquanto me aproximo de Trish. Ela não resiste enquanto me deixa tirar-lhe gentilmente a faca do bolo. Baixo a minha voz, “Está a embaraçar-te a ti e a toda a gente.”

      Ela olha para mim e começa a chorar enquanto colapsa contra mim. Ponho os meus braços à sua volta e apoio-a enquanto ela é embalada em soluços gigantes. Ela tenta falar enquanto soluça e eu não consigo compreender uma palavra do que ela diz. Sobre a minha cabeça, encontro os olhos de Viola, que me observam com uma mistura da sua raiva a desaparecer e novo respeito. Seguro a Trish perto de mim enquanto continua a soluçar. Finalmente, um casal passa pelo meio da multidão e aproxima-se de nós.

      Reconheço-os como os pais de Trish.

      “Obrigado,” o pai dela diz. Ele gentilmente pega no braço dela. “Querida, o pai está aqui. Não faz mal,” ele diz suavemente. O seu pai gentilmente liberta-a do meu abraço e ela vira-se para o seu pai, abraçando-o e continuando a chorar.

      “Sinto muito pelo que aconteceu, senhor. Sinto mesmo,” digo.

      O seu pai acena com a cabeça, “Obrigado,” ele diz de novo.

      Retiro um cartão profissional e dou-o à mãe de Trish, visto as mãos do seu pai estarem ocupadas a abraçar a sua filha. A sua mãe pega no cartão, olha para ele e depois para mim. Não preciso de dizer nada. A mensagem é clara.

      “Obrigada, Rick,” a mãe de Trish diz. Simplesmente aceno e viro-me para sair.

      Quando me viro, a Viola está ali. Está a olhar para mim de novo com olhos cerrados. Consigo dizer que está zangada.

      Passo ao seu lado e faço o meu caminho pelo meio da multidão que já começou a ficar mais densa.

      Consigo sentir os olhos de Viola nas minhas costas enquanto saio. Quase espero que me siga, mas penso que ela sabe que não seria uma boa ideia em vários aspetos. Por um lado, queria que viesse atrás de mim. Quero vê-la, falar com ela, até discutir com ela desde que possamos falar de novo. Ela não faz ideia nenhuma do efeito que tem em mim.

      Chego à entrada e dou o meu bilhete ao arrumador de carros. O meu carro chega em breve e vou embora.

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