— Agora que as formalidades terminaram — começou o duque. — É hora da parte divertida. Eu te encontrarei em seu quarto.
— Tão rapidamente? — Seu intestino deu um nó. Ela esperava pelo menos um pequeno adiamento. Ela não tinha nenhum desejo de retornar ao que seria seu quarto para o resto de sua vida, ou, pelo menos, enquanto o duque vivesse. Era um quarto bom o suficiente, mas era de certa forma desagradável. Naquele aposento ela teria que suportar as atenções do duque.
— Já é noite — disse o duque. — Não há razão para esperar.
Ela engoliu em seco e seguiu uma criada até seu quarto. Billie perdeu toda a capacidade de pensar quando a criada a ajudou a se despir. Quando seu vestido foi removido e Billie ficou sozinha apenas de camisola, o duque entrou na sala. Ele usava um manto que mal cabia em sua cintura robusta. — Saia — ordenou ele à criada. Ele estendeu a mão para Billie. — Deixe-me ver pelo que eu paguei. — Sua respiração estava pesada e áspera enquanto ele se movia em direção a ela. A cada passo que dava, seu rosto ficava cada vez mais vermelho, com as bochechas mais coradas.
Ela queria dar um passo para trás, mas sabia que não podia. Billie fechou os olhos e se preparou para suas apalpadelas. Ela podia aguentar isso. Ela podia… e se ela continuasse dizendo isso a si mesma, talvez ela chegasse ao fim inteira.
Ele engasgou e então um alto Tum soou pelo cômodo. Billie abriu os olhos e olhou para o duque caído no chão. Seu rosto tinha perdido toda a cor, o que era inacreditável considerando o quão vermelho ele estava há poucos momentos, e ele não parecia como se… como se estivesse respirando. — Sua Graça? — Sua voz falhou enquanto ela pronunciava essas duas palavras.
Ele não respondeu. Billie abaixou-se e verificou sua respiração. Oh Deus… ele estava morto. O que diabos ela faria agora? O casamento nunca foi consumado… uma parte dela ficou aliviada por isso e a outra… apavorada. Ela não tinha nenhum direito real e o homem que herdaria o título poderia muito bem despejá-la, assim como sua família. Se isso acontecesse, ela não sabia o que faria. Era bastante inconveniente que o velho tenha morrido logo depois de se casar com ela. Talvez ela não devesse dizer nada ao novo duque. Não, ela não poderia fazer isso. Se ele perguntasse, ela teria que ser honesta com ele. Seu casamento mal era válido, e a morte do duque a deixou exatamente onde ela havia começado… sem absolutamente nada.
2
CAPÍTULO DOIS
Zachary Ward, o novo duque de Graystone, descansava nas poltronas de veludo de sua carruagem enquanto se dirigia à sua nova propriedade para reivindicar sua herança e determinar o estado dos negócios do ducado. A residência ducal provavelmente tinha luxos semelhantes àquela carruagem, não que ele soubesse disso em primeira mão. Seu tio nunca o convidou para visitar o castelo de Graystone ou mesmo jantar com ele em sua casa em Londres. Não era segredo que ele odiava Zach e desejava ter seus próprios filhos para passar seu título.
Não era surpresa que o velho tivesse se casado com uma jovem dama, que nem mesmo convivia na alta sociedade, para tentar gerar o herdeiro tão desejado. A única coisa que surpreendeu Zach foi ele não ter se casado antes. A ex-duquesa morrera há um ano. Certamente seu tio poderia ter encontrado uma maneira de contornar o período de luto para se casar mais cedo… Talvez ele tenha tido problemas para convencer uma jovem a se casar com ele. O que ele teve que fazer para convencer sua nova noiva a se casar? A ideia de ser duquesa era suficiente para levá-la aos laços do matrimônio? Tinha que haver algo porque Zach apostaria sua fortuna considerável, que agora incluía a propriedade ducal, que este não tinha sido um casamento por amor.
De qualquer forma, ele mal podia esperar para conhecer a noiva mercenária de seu tio. Era assim que ele a imaginava. Nenhuma dama que fosse bondosa, compassiva ou normal teria se casado com o seu velho tio lascivo. Duque ou não, o duque anterior de Graystone não era um homem bom.
A carruagem continuou a chacoalhar ao longo da estrada. Ele estaria em sua nova propriedade em breve e finalmente seria capaz de avaliar a noiva de seu tio. Ela provavelmente insistiria em usar seu status de duquesa e gostaria de ser chamada de “Sua Graça”. Só por princípios, ele já não gostava dela. Zach odiava mulheres que só se preocupavam com sua posição na sociedade e torciam o nariz para aqueles que acreditavam ser inferiores a elas.
Ele tinha convivido com esse tipo o suficiente quando era menino. Sua mãe era governanta quando conheceu seu pai. Eles tiveram um casamento por amor, por todo o bem que isso lhes fez… O avô de Zach praticamente deserdou o filho quando ele se casou com alguém tão abaixo dele. Ele cortou todo o acesso aos fundos e deixou os pais de Zach para se defenderem sozinhos. Era por isso que seu tio o odiava. Ele acreditava que seu sangue estava contaminado pela linhagem de sua mãe, mas como seu pai, Lord Andrew Ward, nunca foi oficialmente deserdado, isso fez de Zach o herdeiro de seu tio. Não que ele quisesse ser o próximo duque. Zach não queria o título ou as responsabilidades que o acompanhavam, mas uma parte dele não conseguia evitar a alegria que sentiu com a ideia de que seu tio estava se revirando em seu túmulo agora.
Ele já possuía dinheiro o bastante por si mesmo. Seu pai tinha feito alguns bons investimentos e, quando morreu, Zach assumiu o controle da empresa e triplicou esse valor. Ele esperava que a propriedade ducal fosse tão boa quanto ele tinha sido levado a acreditar. Ele odiaria se isso começasse a drenar os próprios fundos, que ele tinha batalhado tanto para obter, só para sustentá-lo. Ele descobriria em breve de qualquer maneira.
Zach olhou pela janela. Uma grande propriedade, na verdade um castelo, assomava à distância. Eles estavam muito mais próximos do que ele havia pensado. Ele esfregou as mãos. Logo ele daria uma olhada nos livros de contabilidade… e na duquesa residente. Ele mal podia esperar para enxotá-la pelo traseiro. O duque não deixou muitas provisões para sua esposa. Ele não teve tempo de fazer um novo testamento e o que ele havia feito anteriormente também não tinha sido vantajoso para a duquesa anterior. Sua esposa poderia viver na residência da viúva, assim como todas as duquesas viúvas faziam, e viver à mercê do capricho da generosidade do atual duque. Ela teria uma pequena pensão e nada mais para gastar. Zach não queria nada com ela ou seus objetivos perversos. Ele não acreditava que acabaria inclinado a alargar a bolsa de moedas dela.
Não demorou muito para que a carruagem parasse do lado de fora do castelo de Graystone. Quando parou, Zach se preparou para sair. Um lacaio abriu a porta e ele deslizou para fora com facilidade.
— Vossa Graça — cumprimentou o lacaio. — Estamos felizes por ter o senhor aqui.
Claro que eles estavam. Afinal, ele era a fonte da renda deles. Zach assentiu e dirigiu-se para a entrada. Ele não tinha mais nada a dizer a ele. A porta se abriu quando ele se aproximou dela. Um homem com cabelos escuros e mechas grisalhas nas laterais estava do outro lado. O mordomo empertigou-se e manteve seu olhar focado em algo distante de Zach. — Vossa Graça — cumprimentou ele. Demoraria um pouco para Zach se acostumar com seu novo título.
— Bentley? — perguntou ele. Zach havia se correspondido com o mordomo algumas vezes desde a morte de seu tio. Ele não compareceu ao funeral porque não se importou muito que o velho tivesse falecido. Ele também não pretendia respeitar o período de luto. Zach não chorou por seu tio e nunca faria isso. O mundo estava muito melhor sem ele.
— Sim, Vossa Graça — disse Bentley. — Estou feliz que o senhor chegou em segurança. — Todos eles estavam tão felizes em vê-lo… era quase nauseante. Eles o estavam bajulando como se ele fosse da realeza. Era possível que ele estivesse sendo muito duro com eles. Afinal, eles eram a criadagem. Era isso que eles deveriam fazer. Embora ele duvidasse da veracidade de suas reações.
— Onde está a nova noiva do meu tio? — Zach queria colocar o lixo para fora o mais rápido possível. Se ele conseguisse, ela estaria instalada na Casa do Viúva antes do anoitecer.
— Creio que ela está na sala de estar com as irmãs. — O mordomo apontou