O Segredo Do Relojoeiro. Jack Benton. Читать онлайн. Newlib. NEWLIB.NET

Автор: Jack Benton
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Серия:
Жанр произведения: Зарубежные детективы
Год издания: 0
isbn: 9788835423287
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nela, você está cometendo uma invasão. Você sabe que pode ser multado em até cinco mil libras por invasão de propriedade, não é?"

      Em um momento de urgência relacionado a um caso anterior, Slim certa vez vasculhou um guia para iniciantes das leis do Reino Unido e não se lembrava de nada disso, mas mencionar isso não resultaria em nada. Ele estendeu as mãos, deu a ela seu sorriso mais apologético e disse: "Eu não queria fazer nenhum mal."

      "A fazenda Worth não é uma atração turística!"

      A mulher cravou sua bengala no chão para dar ênfase, espirrando lama nas botas já encharcadas de Slim. Ele considerou outro protesto, mas decidiu não se dar o trabalho. Ela não tinha percebido a câmera, então era melhor ele fugir enquanto podia.

      "É melhor eu ir para casa," disse ele, recuando pelo caminho enquanto ela balançava a bengala na direção dele. "Peço desculpas novamente. Não queria incomodar."

      "Vá embora!"

      Slim foi embora tropeçando. Uma vez entre as árvores na parte de trás do gramado, ele arriscou uma olhada para trás. A Sra. Tinton havia subido o caminho até a escadaria, mas lá ela reassumiu sua posição de sentinela, apoiando-se na bengala com as duas mãos como um soldado faria com um rifle.

      Apenas a rota mais longa por trás da fazenda o levaria de volta à estrada sem passar por ela. O caminho seguia por uma margem estreita e traiçoeira com uma queda íngreme no riacho. A sebe alta que cercava a fazenda oferecia apenas alguns punhados de amoreiras para sustentá-lo, enquanto uma fileira de árvores plantadas no lado da fazenda projetava uma teia confusa de sombras no solo irregular. Em alguns lugares, o riacho tinha levado parte da estrada, e uma seção da sebe perto do canto sudeste era sustentada por um muro de pedra mais novo, sugerindo que o mesmo já havia sido escavado e demolido.

      As primeiras gotas de chuva começaram a tamborilar ao seu redor enquanto o caminho se abria para outro campo. De dentro de um conservatório pitoresco com um prato de bolinhos ou até mesmo uma garrafa de uísque à sua frente, teria sido um som romântico e bem-vindo. Agora, porém, lembrava Slim da longa viagem de bicicleta de volta a Penleven. Ele se perguntou se não era hora de abandonar Cornwall e voltar para o interior, mas não conseguia enfrentar o incômodo de caçar um apartamento ou as tentações que o estresse poderia trazer. Em vez disso, ele olhou furioso para o céu turvo e saiu de baixo da última cobertura de árvores entrando na chuva.

      Ao voltar para a hospedaria uma hora depois, a Sra. Greyson repreendeu-o por sujar o capacho com lama, mas por outro lado parecia satisfeita em vê-lo de volta antes de escurecer. Em seu quarto, ele comeu batatas fritas e chocolate enquanto carregava suas fotos em seu laptop. Ele não esperava encontrar muita coisa digna de nota, mas quando ampliou a imagem da pequena construção de tijolos, algumas coisas chamaram sua atenção.

      Dentro das janelas de cada lado pareciam haver grades, enquanto a porta era adornada por um cadeado pesado.

      9

      O desaparecimento de Amos Birch provou ser muito monótono para causar qualquer rebuliço na internet. Através de uma extensa varredura e um pouco de trabalho para separar os sites de fãs e especulações das fontes confiáveis, Slim foi capaz de determinar a data exata como sendo 2 de maio de 1996, uma quinta-feira, vinte e um anos e dez meses atrás. De acordo com os registros meteorológicos, esteve nublado durante a manhã com uma garoa ligeira por volta das quatro horas.

      O único artigo detalhado sobre o desaparecimento em si estava em um blog para entusiastas de relógios, um post no estilo "onde estão agora" sobre relojoeiros amadores que cobria pouca coisa que Slim já não soubesse. Na noite de quinta-feira, 2 de maio de 1996, Amos Birch jantou com sua esposa e filha, depois se retirou para sua oficina para continuar trabalhando em seu último relógio. Ele nunca mais foi visto.

      A especulação variava de assassinato a fuga. Ele tinha 53 anos na época e dividia a casa da família com sua esposa, Mary, então com 47, e sua filha, Celia, com 19. Uma investigação policial ocorreu, envolvendo uma extensa busca em Bodmin Moor, mas chegou à conclusão, na ausência de evidências que sugerissem o contrário, que Amos Birch simplesmente resolveu fugir de sua própria vida. A oficina foi deixada destrancada, e apenas suas botas de caminhada e jaqueta haviam desaparecido. Ele não havia levado nenhum documento consigo, e sua carteira foi encontrada mais tarde em uma gaveta da cozinha. No entanto, uma vez que se acreditava que ele vendia muitos de seus relógios em dinheiro vivo para colecionadores locais, a ausência de quaisquer saques em caixas eletrônicos nos dias seguintes significava que ele provavelmente tinha dinheiro com ele, e que mais tarde criou uma nova identidade.

      O artigo não tinha mais detalhes dignos de nota, mas a última linha chamou a atenção de Slim.

       Parecia que Birch simplesmente se levantara e saíra pela porta, levando seu último relógio consigo.

      Não havia nada que sugerisse que o autor sabia sobre o relógio. Em nenhum outro lugar havia menção de um relógio que ficou inacabado na oficina, então poderia ter sido uma linha de imaginação fantasiosa.

      Seria o último relógio o que Slim descobrira na charneca?

      Geoff Bunce concordara com a avaliação de Slim de que o relógio estava inacabado. E se o último relógio de Amos Birch agora estivesse debaixo da cama de Slim?

      Slim se levantou, sentindo-se repentinamente nervoso. Ele andou pela sala algumas vezes. Não havia como saber as circunstâncias do desaparecimento de Amos, mas Slim não tinha ficado quieto sobre o que havia encontrado. E se Amos tivesse escondido o relógio por um motivo específico?

      E se alguém estivesse atrás dele? Teria Amos desaparecido, levando o relógio com ele, para escondê-lo de alguém?

      Slim tirou a cadeira de debaixo da pequena escrivaninha da sala, e então inclinou-a e acomodou-a sob a maçaneta da porta. Ele não havia considerado que a ausência de uma tranca pudesse ser problema, mas o seguro morreu de velho.

      Ele se perguntou se deveria dizer algo para a Sra. Greyson, mas achou melhor não. Era provável que ele apenas a preocupasse e, de qualquer modo, seria ele a pessoa procurada, não ela.

      A menos, é claro, que Amos tivesse sido assassinado. Bodmin Moor e adjacências foram supostamente áreas de mineração no passado, e o solo estava cheio de poços antigos, muitos dos quais não eram mapeados ou identificados. Quão difícil teria sido descartar o corpo de Amos onde ninguém jamais o encontraria?

      10

      No café da manhã do dia seguinte, Slim julgou que a Sra. Greyson estava de bom humor, então ele a chamou. Com seu chamado, o assobio que vinha da cozinha como o canto de um pássaro envelhecido mas alegre, morreu abruptamente, e ela pisou forte, torcendo o avental como se para lembrar Slim do inconveniente que ele ousara causar.

      "Senhor. Hardy... espero que tudo esteja de seu agrado."

      Ele sorriu, cutucando o prato com o garfo. "É claro. Esses ovos me lembram minha falecida mãe e as delícias culinárias que eu experimentava diariamente.

      "Isso é... bom. Como posso ajudá-lo hoje?"

      "Ontem, fui a Trelee. Eu me perdi um pouco nas charnecas, mas uma senhora teve a gentileza de me oferecer instruções. Queria enviar-lhe uma nota de agradecimento, mas receio ter esquecido o nome dela."

      "E como você acha que eu saberia?"

      "Ela disse que morava na antiga casa de Amos Birch. Fazenda Worth. Suponho que você não saiba o nome dos novos proprietários?"

      "Nem tão novos; eles estão lá há doze anos."

      Slim conteve o sorriso, mas acenou com a cabeça para encorajar mais comentários.