– Sim, o James contou-me e pareceu-me apropriado.
– É perfeito – assegurou-lhe ela.
– Fico muito feliz.
Quando Sean a olhou nos olhos, Melinda sentiu que o coração lhe ia sair pela boca. Estavam no meio da pista, olhando-se nos olhos…
Íntimos estranhos.
– Beijo! – gritou alguém.
E de repente, todo o salão de banquetes do hotel Stanford se unia à petição.
– Não temos que o fazer – murmurou Melinda.
– Pois claro que temos – disse Sean, sem parar de sorrir. – Queres que isto pareça real, não queres?
– Sim, mas já nos beijámos no final da cerimónia.
– Esse não conta – replicou Sean, inclinando a cabeça. – Se queremos que este casamento pareça real, temos que dar um beijo a sério…
Melinda fechou os olhos, enquanto o seu marido a inclinava para trás para se apoderar da sua boca com um beijo de cinema.
Mal estava consciente de que as pessoas estavam a olhar para eles. Como lhes ia prestar atenção quando cada centímetro do seu corpo parecia estar eletrizado? A língua de Sean brincava com a sua e Melinda arqueou-se para ele, para o deixar… não, para o ajudar a devorá-la.
Era indiferente que não estivessem apaixonados. Era indiferente que não tivesse pensado em beijar o seu marido. A única coisa que importava naquele momento era o que Sean lhe estava a fazer e o que ela sentia.
Nunca tinha sentido nada assim. Não conseguia respirar e era-lhe indiferente. Como podia experimentar aquelas sensações quando mal o conhecia e quando Sean não era Steven…?
Aquele nome foi suficiente para apagar o fogo. Melinda desviou-se, olhando-o com cara de surpresa. E foi um pequeno consolo ver a mesma surpresa nos olhos de Sean.
– Isto é que é um beijo a sério! – exclamou o seu avô.
Como reposta, Sean passou-lhe um braço pelos ombros, apertando-a contra si.
Sorria com uma aparente tranquilidade, mas Melinda conseguia sentir os batimentos rápidos do coração dele e assim soube que ele tinha experimentado o mesmo que ela. E isso significava… o quê?
Sean tinha aceitado a cláusula de que não haveria sexo. Pensaria que aquele beijo a ia fazer mudar de opinião?
Mudaria ela de opinião?
Sentiu um arrepio quando Sean passou uma mão pelo seu braço, mas sorriu apesar de tudo. Porque tinha razão: deviam interpretar um papel.
– Queremos agradecer a todos por estarem aqui hoje – começou a dizer Sean. – Sei o que significa para a Melinda e para o Walter estarem aqui.
Quando terminou o discurso, começou a soar um rock and roll e Walter aproximou-se para apertar a sua mão.
– Bem dito – felicitou-o, virando-se para a sua neta. – Estás tão linda vestida de noiva como estava a tua mãe.
Melinda, emocionada, abraçou o seu avô, respirando o familiar aroma a fumo de cachimbo e menta. Walter era o culpado daquela farsa e, no entanto, não era capaz de se aborrecer com ele. O seu avô achava que era o melhor para ela e Melinda esperava que, depois de se divorciar de Sean, aceitasse que não voltaria a casar.
– Amo-te muito, avô – murmurou.
– E eu a ti, querida – Walter deu-lhe um beijo na testa. – Bom, deixo-vos para que desfrutem da festa – disse depois, afastando-se para falar com uns amigos.
– É tremendo – comentou Sean.
Melinda levantou o olhar, disposta a defender o seu avô, mas, de imediato, viu que não era necessário. E Sean deve ter visto o brilho de controvérsia nos seus olhos porque esboçou um sorriso.
– Não o queria ofender. Posso não gostar da forma como consegue o que quer, mas admiro um homem que não aceita um não.
Apesar de tudo, Melinda também sorriu.
– Claro que o admiras, és muito parecido com ele.
– Isso é um insulto ou um elogio?
– Talvez ambas as coisas.
– Bom, aceito-o – Sean agarrou-lhe no braço para levá-la ao terraço e Melinda respirou profundamente pela primeira vez em várias horas. Mas quando olhou por cima do seu ombro e viu os convidados a dançarem e a rirem sentiu-se como uma estranha no seu próprio casamento. – Estás a fazer isso outra vez – disse ele.
– O quê?
Sean levantou-lhe o queixo com um dedo para olhar para os olhos dela.
– A perder tempo com lamentações.
– Não estava a fazer isso.
– Então?
Melinda respirou profundamente, enquanto se aproximava da balaustrada do terraço.
– É que sempre pensei que quando me casasse…
– Estarias apaixonada?
– Sim.
– É compreensível. E estarás, algum dia.
– Não, isso não é para mim – Melinda abanou a cabeça. – Não estou à procura do amor, de modo que não haverá mais casamentos.
– Eu disse isso mesmo uma vez.
Ela olhou-o, surpreendida.
– Já foste casado?
Sean franziu a testa desejando poder retirar aquelas palavras. Não tinha intenção de lhe falar sobre o seu casamento fracassado. Nunca tinha falado disso até àquele momento, precisamente quando não deveria. O subconsciente tê-lo-ia traído?
«Genial. Agora vou à psicanálise».
Enquanto isso, a sua esposa olhava-o à espera de uma explicação e Sean sabia que não lha ia dar.
Mas isso só faria com que Melinda quisesse descobrir os seus segredos. As mulheres tinham uma técnica especial para tirar informação a um homem e, normalmente, não se rendiam até o ter conseguido.
Mas talvez pudesse evitar isso contando-lhe algo…
– Não durou muito.
– Então, és divorciado.
– Não, já não – brincou Sean. – Agora sou um homem casado.
– Sim, somos casados – assentiu ela.
– Não pareces muito contente.
– É complicado.
– A mim não me parece complicado – disse ele.
Era linda. Tinha pensado isso ao vê-la a caminhar para ele antes da cerimónia e tinha ficado especado no seu lugar. O cabelo preto caía-lhe sobre os ombros; o vestido branco que se ajustava às suas curvas para cair até ao chão depois numa cauda de seda sensual; a curva dos seus seios; o brilho decidido nos seus olhos. Tudo nela parecia desenhado para o converter num noivo apaixonado a fazer planos para o futuro.
– Sean, sobre aquele beijo…
Sim, também ele estava a pensar no beijo. Bom, nisso e na ereção incrível que lhe tinha provocado. Nunca tinha reagido tão rápido perante uma mulher e ainda não se tinha acalmado.
E isso significava que os próximos dois meses iam ser mais difíceis do que julgara.
No entanto, não podia lamentar o beijo; pelo contrário, queria mais.
– Foi um beijo estupendo – admitiu,