O mistério não é uma “carita”, uma “capacidade”, muito menos algo sexual. O que é o mistério então? Eu diria que há “algo” que transcende os projetos humanos, o tempo, as idades, os atributos pessoais e que é muito difícil de expressar em palavras mas que eu resumiria em quatro letras: amor. É claro que a palavra em si não exprime tudo... Mas essas quatro letras se identificam com Deus. Ele é Amor. O amor matrimonial começa com uma vocação dada por Deus. Deus tece duas vidas em um “laço matrimonial”. Deus é o mistério que se faz humano. Não é possível explicar, desenhar... Somente contemplar.
Se buscamos razões meramente humanas, elas não são fortes o bastante para durar em relação ao tempo. O rosto de um adolescente se tornará velho, o brilho da pele irá se transformar em rugas, o cabelo irá dar lugar à calvície ou ao branco, a saúde se fará doença, a vida dará espaço à morte. Sem dúvidas, o amor é o que dará brilho a todo o caminhar da vida. O mistério de uma história de amor se revela junto à história que Deus tece para a humanidade.
Ao conseguir compreender a transcendência da vida do ser humano e que o único que permanece eternamente é o Amor, a vida do homem se ilumina e enche de sentido rumo ao seu destino final, a transcendência. “Quanto mistério, quanta alegria... nunca havia sentido o perfume infinito de uma rosa ao orvalho”, canta Bocelli em “Il mistero dell’amore” (O mistério do amor).
Isso porque ambos, desde o amanhecer até o entardecer, anseiam apaixonadamente por um novo mundo. Um mundo novo que é construído a partir do amor apaixonado. Aí está o mistério. Deus é amor, amor que entrelaça a vida de Marta e Carlos. Essa é a maravilha. Contemplemo-na com a profundidade do silêncio.
Certa vez estava dirigindo e ouvi uma música que tinha o seguinte verso “conhecer o mistério de uma história de amor”. Pensei que esse seria um tema lindo para uma cartilha. Tirei de dentro de mim o que aquelas palavras me causaram, mas creio que elas não traduzem o que eu realmente queria dizer... pois isso também é um mistério. No fundo, gostaria de incluir o nome de 14,000 casais na lista, mas ela ficaria muito grande... Com carinho, a todos os que podem contar com uma história de amor. E a todos para os quais 50 anos “pareceram poucos dias, pelo tanto que se amavam”.
Para conversar em casal.
1.- Sería muy enriquecedor que cada uno pueda identificar el misterio por el que se aman. Compartirlo y contemplarlo juntos. Si no lo descubren, recuerden: es misterio. Contémplenlo desde un abrazo duradero, en silencio, ahí el misterio.
2.- Enumerar cinco hitos importantes de la historia de amor del matrimonio de ustedes.
3.- ¿Cuál pensamiento de esta reflexión les impactó más? ¿Por qué?
Para orar juntos.
Senhor Jesus,
toda a História da Salvação
é uma história de amor.
Obrigado por fazer da nossa história matrimonial
uma história de amor, que é parte da Tua História de Amor.
Ajude-nos a continuar escrevendo
nossas histórias de amor com nossas vidas,
que contém tantos frutos e alegrias,
assim como desencantos e perdões...
Mas que é nossa, que nos faz vibrar juntos,
que jamais queremos que termine,
por isso nos alegra tanto saber que o amor é o único que sobreviverá na eternidade.
Senhor, não nos deixe só,
esta trama precisa de três novelos de lã:
nossos amores e o Teu.
Amém.
Por que você me ama? Por que eu te amo?
“O amor não busca o próprio interesse” (Cfr. 1 Coríntios 13,5)
“O que encontrei em você que me fez te amar e te escolher como marido/esposa?” é uma pergunta que ajuda a compreender e purificar as intenções do amor. Recentemente me deparei com outra pergunta que me levou a meditar profundamente e na qual vi a possibilidade de revelar sentimentos guardados na intimidade do coração: “Você me ama porque precisa de mim ou precisa de mim porque me ama? Te amo porque preciso de você ou preciso de você porque te amo?”.
Estas são perguntas que precisam ser digeridas e que não creio que possam ser respondidas de forma imediata, pois só assim poderemos revelar tudo o que está contido em nosso interior. “Você me ama porque precisa de mim ou precisa de mim porque me ama? Te amo porque preciso de você ou preciso de você porque te amo?”. Deixo-lhes este espaço para que meditem e conversem a respeito. Depois, prosseguiremos.
***
O amor não busca o próprio interesse mas sim o bem do todo. É claro que quem se apaixona sente uma “necessidade”, já que espera que o outro o faça feliz. A maturidade de uma relação fará com que a paixão, que é uma etapa egocêntrica, seja substituída pelo amor: “preciso te fazer feliz”. O amor pode ser cultivado de muitas formas, por exemplo: compreendendo, perdoando, sabendo colocar-se no lugar do outro, admirando os dons do parceiro, tolerando seus defeitos e principalmente, fazendo a pessoa amada constantemente feliz, a tal ponto que a sua felicidade também seja a própria felicidade. “Vendo você feliz também sou feliz”.
Se alguém quiser arruinar um casamento só precisa começar a exigir mais, mais e mais do outro... Isso vale principalmente se, no dia a dia, se critica constantemente o que o outro faz, diz e pensa. Se a todo momento são apontadas as falhas, as limitações, as dificuldades do outro e, ainda por cima, com grosseria, isso fará com que o parceiro busque outro lugar, no qual possa ficar tranquilo, aliviado e sem ter que suportar comentários ou críticas negativas.
Fazer o outro feliz começa por aceitá-lo como ele é, principalmente no que diz respeito à personalidade, sem isentar desta aceitação aquilo que a pessoa pode mudar. O amor e o afeto podem tudo. Ame e verá os grandes resultados que o amor produz.
Você me ama porque precisa de mim, mas e quando você não precisar mais, o que irá acontecer? Precisar do outro porque ele é o seu amor é muito diferente! Quando se ama de verdade coloca-se parte do próprio ser na outra pessoa e os dois se tornam um, por isso não existe mais ‘eu’ sem ‘você’.
O amor se torna grande, sólido, autêntico e com potencial para crescer no futuro se houver a “necessidade” de viver e compartilhar a vida com a pessoa que se ama - é daí que surge o amor; quando se faz tudo o que está ao alcance para que o outro seja feliz, amar e viver se transformam na mesma coisa. Cada minuto da vida existirá em função de fazer o outro feliz.
Uma vida não é completa e bela de acordo o tempo que dura, mas sim por conta da intensidade com que se vive o amor e se trabalha para fazer os outros felizes. A felicidade não vem de fora para dentro, mas sim de dentro para fora. Quantas vezes se exige que os outros nos façam felizes, quando na verdade somos todos nós que devemos fazer os outros felizes. Em nossas comunidades de consagrados sempre digo que a cozinha tem o privilégio de ser um lugar que nos permite pensar nos outros, em satisfazê-los e demonstrar-lhes que os amamos. Certa vez, uma pessoa citou uma colega entre as consagradas dizendo que ela “sempre pensava nos outros”. Como é bom escutar isso! Tive a graça de ter em minha família um pai e uma mãe que, de diferentes maneiras, buscaram agradar seus filhos e fazê-los felizes. Essa convivência durante a infância me levou a experimentar o impulso interior de buscar e querer ajudar os demais a serem felizes.
Aquele