Mestres da Poesia - Mário de Andrade. Mário de Andrade. Читать онлайн. Newlib. NEWLIB.NET

Автор: Mário de Andrade
Издательство: Bookwire
Серия: Mestres da Poesia
Жанр произведения: Языкознание
Год издания: 0
isbn: 9783969443712
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sobre o chão!

      Hão-de vir valquírias para os olhos-fechados!

      Anda! Não pares nunca! Aliena o duvidar

      E as vacilações perpetuamente!

      AS SENECTUDES TREMULINAS

      (tempo de minuete)

      Quem são estes homens?

      Maiores menores

      Como é bom ser rico!

      Maiores menores.

      Das nossas poltronas

      Maiores menores

      Olhamos as estátuas

      Maiores menores

      Do signor Ximenes

      — O grande escultor

      Só admiramos os célebres

      E os recomendados também!

      Quem tem galeria

      Terá um Bouguereau!

      Assinar o Lírico?

      Elegância de preceito!

      Mas que paulificância

      Maiores menores

      O Tristão e Isolda

      Maiores menores

      Preferimos os coros

      Dos Orientalis —

      mos Convencionais!

      Depois os sanchismos

      (Ai! gentes, que bom!)

      Da alta madrugada

      No largo do Paiçandu!

      Alargar as ruas...

      E as instituições?

      Não pode! Não pode!

      Maiores menores

      Mas não há quem diga

      Maiores menores

      Quem são esses homens

      Que cantam do chão?

      (a orquestra súbito emudece, depois

      duma grande gargalhada de Timbales)

      MINHA LOUCURA

      (recitativo e balada)

      Dramas da luz do luar no segredo das frestas

      Perquirindo as escuridões...

      A traição das mordaças!

      E a paixão oriental dissolvida no mel!...

      Estas marés da espuma branca

      E a onipotência intransponível dos rochedos!

      Intransponivelmente! Oh!...

      A minha voz tem dedos muito claros

      Que vão roçar nos lábios do Senhor;

      Mas as minhas tranças muito negras

      Emaranharam-se nas raízes do jacarandá...

      Os cérebros das cascatas marulhantes

      E o benefício das manhãs serenas do Brasil!

      (grandes glissandos de harpa)

      Estas nuvens da tempestade branca

      E os telhados que não deixam à chuva batizar!

      Propositadamente! Oh!...

      Os meus olhos têm beijos muito verdes

      Que vão cair às plantas do Senhor;

      Mas as minhas mãos muito frágeis

      Apoiaram-se nas faldas do Cubatão. .

      Os cérebros das cascatas marulhantes

      E o beneficio das manhãs solenes do Brasil

      (notas longas de trompas)

      Estas espigas da colheita branca

      E os escalrachos roubando a uberdade!

      Enredadamente! Oh!...

      Os meus joelhos têm quedas muito crentes

      Que vão bater no peito do Senhor;

      Mas os meus suspiros muito louros

      Entreteceram-se com a rama dos cafezais...

      Os cérebros das cascatas marulhantes

      E o benefício das manhãs gloriosas do Brasil!

      (harpas, trompas, órgão)

      AS SENECTUDES TREMULINAS

      (iniciando uma gavota)

      Quem é essa mulher!

      É louca, mas louca

      Pois anda no chão!

      AS JUVENILIDADES AURIVERDES

      (num crescendo fantástico)

      Ódios, invejas, infelicidades!...

      Crenças sem Deus! Patriotismos diplomáticos!

      Cegar!

      Desvalorização das lágrimas lustrais!

      Nós não queremos mascaradas! E ainda menos

      Cordões “Flor-do-abacate” das superfluidades!

      Os tumultos da luz!... As lições dos maiores!...

      E a integralização da vida no Universal!

      As estradas correndo todas para o mesmo final!...

      E a pátria simples, una, intangivelmente

      Partindo para a celebração do Universal!

      Ventem nossos desvarios fervorosos!

      Fulgurem nossos pensamentos dadivosos!

      Clangorem nossas palavras proféticas

      Na grande profecia virginal! .

      Somos as Juvenilidades Auriverdes!

      A passiflora! o espanto! a loucura! o desejo!

      Cravos! mais cravos para nossa cruz!

      OS ORIENTALISMOS CONVENCIONAIS

      (Tutti. O crescendo é resolvido

      numa solene marcha fúnebre)

      Para que escravos? Para que cruzes?

      Submetei-vos à metrificação!

      A verdadeira luz está nas corporações!

      Aos maiores: serrote; aos menores: o salto...

      E a glorificação das nossas ovações!

      AS JUVENILIDADES AURIVERDES

      (num clamor)

      Somos as Juvenilidades Auriverdes!

      A passiflora! o espanto! a loucura! o desejo!

      Cravos! mais cravos para nossa cruz!

      OS ORIENTALISMOS CONVENCIONAIS

      (a tempo)

      Para que cravos? Para que cruzes?

      Submetei-vos à poda!

      Para que as artes vivam e revivam

      Use-se o regime do quartel!

      É a riqueza! O nosso anel de matrimônio!

      E as fecundidades regulares, refletidas...

      E os perenementes da ligação mensal...

      AS