— E visitou o Planalto de Gizé?
— Naturalmente que sim — respondeu Jack. Então, dando um tapa na testa, ele exclamou: — mas é claro! Estão posicionadas exatamente como as três grandes pirâmides.
— Quéops, Quéfren e Miquerinos — observou a doutora.
— Não sei do que estão falando — disse Azakis, perplexo.
— Espere aí — respondeu Elisa. — Vou lhe mostrar — e caminhou rapidamente para a tenda do laboratório. Ela apareceu menos de um minuto depois, carregando um livro grande e volumoso. Enquanto se aproximava aos outros três, rapidamente folheou as páginas. — Aqui estão. Veja — e entregou ao alienígena.
— Interessante... O que são?
— Deixe-me ver — disse Petri, deslizando o livro grosso das mãos do companheiro. — Ah sim. Já vi esse tipo de construção. São como aquela — e apontou para o Zigurate atrás da área. — Mas devem ter sido construídas por outro povo e numa época diferente.
— Muito bem, Petri. Você está certo, é claro. Desde o dia em que foram descobertas, nossos cientistas vêm quebrando a cabeça para entender a razão por que foram construídas e colocadas dessa forma.
— Mas é muito simples — disse Petri irradiando um belo sorriso. — Consegue ver aquelas estrelas ali? — e apontou para uma constelação no meio de todas as outras, no espaço deixado pelo pôr do sol.
— Sim, certamente. A chamamos de Constelação de Órion. Deve o seu nome ao semideus grego Órion — disse Elisa. Então, enquanto ela traçava seu perfil com o dedo indicador no ar puro do deserto, acrescentou: — Se ligar as estrelas numa linha virtual, vão aparecer a cabeça, os ombros, o cinto e os pés de um homem. De acordo com a mitologia grega, Órion era um gigante que nascera com habilidades sobre-humanas, um poderoso caçador que matava suas presas com um martelo inquebrável de bronze. Quando o herói grego morreu, foi colocado entre as estrelas pela eternidade.
— Suas histórias são sempre muito sugestivas — disse Petri encantado. — No entanto, de acordo com o que os Anciãos nos ensinaram, todas as construções desse tipo, e há muitas espalhadas por toda a Terra, estão ligadas a nós.
— Vocês, alienígenas?
— Nós "Deuses", que viemos dos céus para dar início à raça humana — especificou Petri.
— Mas quem teria adivinhado que vocês teriam relação com isso também — Jack deixou escapar. — Parece que tudo o que fizemos até agora depende única e exclusivamente de vocês.
— Pensando bem, — comentou Elisa, — devo dizer que ele tem razão.
— Eu só queria dizer, — acrescentou Petri calmamente, — que nossas cápsulas simplesmente estão posicionadas como as três estrelas do seu "cinturão" de Órion.
— E portanto, o mesmo se aplicaria às pirâmides no Egito? — perguntou Jack, espantado.
— Diria que sim.
— Então as suposições dos nossos cientistas eram verdadeiras — disse a doutora, em quase um sussurro. Depois ela segurou o queixo entre o polegar e o indicador e acrescentou: — Porém, ainda não entendi o verdadeiro motivo para esse arranjo.
— Simples, minha cara — exclamou Petri. — Energia.
— Terá que me explicar direitinho — respondeu a doutora, endireitando a coluna e cruzando os braços.
— Mesmo nós não sabemos muito sobre isso — Petri se apressou em esclarecer. — Mas parece que um objeto em forma de pirâmide é capaz de gerar uma espécie de energia positiva que é benéfica para todas as criaturas vivas que estão próximas a ele. Obviamente, quanto maior o objeto, maior é a energia gerada. Então, se também está conectada a um corpo celeste, ou melhor ainda, a uma série deles, tudo é ampliado de forma exponencial.
— Mas que tipo de energia estamos falando? — perguntou a arqueóloga.
— Como disse, não está claro para nós também. Muitos de nossos Especialistas a estudaram, mas ainda não temos dados confiáveis.
— Finalmente, algo que até vocês não conhecem — disse Jack, satisfeito. — É quase um milagre.
— Há muitas coisas que não conhecemos, meu amigo. Numa escala global, somos apenas um pouco mais evoluídos que vocês. Existem tantos mistérios no universo. Não pensou que conhecíamos todos, pensou?
— Confesso que, em momentos, realmente pensei que conhecessem.
— Existem conceitos que jamais entenderemos. Devemos nos conformar com isso.
— Mas somos seres inteligentes, criativos, curiosos. O que nos impede de entender?
Então Azakis se juntou ao debate, dizendo: — É apenas uma questão de níveis de percepção.
— Realmente não entendi isso — exclamou Elisa, confusa.
— Embora pensem que nossos cérebros sejam, sabe lá como, "evoluídos", existem algumas dimensões tão distantes das nossas estruturas de pensamento que não podemos sequer começar a fazer suposições, pelo menos, com o nosso conhecimento atual.
— Desculpe, mas não estou entendendo.
— Pegue uma célula do seu fígado, por exemplo — continuou Azakis pacientemente. — Imagine que esteja determinada a racionalizar sobre a sua condição, sobre o seu trabalho, sobre as células próximas a si. Quem saberia dizer quantas vezes deve ter tentado entender o que está além da realidade que vive. Existiriam outros grupos de células? Seriam como eu? Talvez tenha tentado postular sobre a presença de um deus. Também deve ter tentado contato com ele, seguindo sabe lá quantos rituais complexos, rezando por sua intervenção para resolver seus problemas diários. Mas quem é seu deus? Sua bexiga? Seu coração? Você? Que percepção poderia ter uma célula sobre o seu fígado, você, seu deus? Como poderia entrar em contato direto com você? E se ela não te percebe, poderia me perceber? E o mar, o céu, o sol, a galáxia... É isso o que quero dizer com níveis diferentes de percepção.
— Caramba — exclamou Elisa, como se tivesse acabado de sair de um transe. — Realmente nunca pensei sobre isso... Então, pode ser que jamais seremos capazes de contatar seres de níveis mais elevados, ou imaginar como seria fora da dimensão em que vivemos.
— Isso não é necessariamente verdadeiro. Aparentemente, também graças à energia peculiar da qual estávamos falando antes, liberada pelas pirâmides, algumas pessoas já são capazes de pular um ou mais níveis. Infelizmente, o nosso conhecimento sobre esse assunto em particular ainda é muito limitado.
— Fascinante — sussurrou a doutora, totalmente enlevada. — Então, vocês também estão em busca do seu Deus.
— Na verdade, é algo que temos estudado há um bom tempo.
— E se nem vocês conseguiram resolver isso, imagine quanta esperança nos resta.
— Frequentemente os palpites mais importantes surgem aleatoriamente — proferiu Azakis. — Nossas raças são bem similares, e estou certo de que nós dois e vocês temos as mesmas chances de descobrir como esse mecanismo misterioso funciona, por meio do qual poderíamos entrar em contato com seres mais elevados.
Petri entrelaçou as mãos por trás das costas e começou a andar lentamente em círculos. Meditou por alguns segundos, e então acrescentou: — Mas, na realidade, se a célula mencionada antes não fizer bem o seu trabalho, haveria problemas para mim e eu perceberia. Basicamente, isso é também uma forma de contato, não?
— Você está certo. Todos nós estamos aqui por um propósito bem específico e devemos simplesmente tentar fazer nosso trabalho tão bem quanto podemos. Isso é exatamente por que em Nibiru, desde o momento do nosso nascimento, nossos Educadores se esforçam