Seabrook riu. – Isso é meio embaraçoso. – Então ele pressionou os joelhos no costado da montaria. O cavalo saiu de galope com um estalido das rédeas.
Weston sacudiu a cabeça. – Parece que ele quer apostar uma corrida. Vamos ver se conseguimos superá-lo. – E o duque se pôs a correr atrás do marquês.
Lucas suspirou. Uma corrida daria trabalho demais, mas ao menos ele chegaria antes. Incitou o cavalo e foi atrás deles, não demorou muito e estava sendo chicoteado pelo vento. A brisa acalmou a sua mente inquieta e o fez, mesmo que apenas por um momento, se sentir como se tudo fosse possível. Não percebera o quanto precisava daquele momento de paz. Talvez devesse agradecer Seabrook e Weston por tê-lo encorajado a cavalgar.
Eles fizeram a curva, Lucas estava logo atrás do duque e do marquês. À distância, uma carruagem ia em direção à mansão. Não pensou que faltava algum convidado. Muitos deles já tinha ido embora há vários dias. Quem poderia estar visitando a mansão? A carruagem parou na frente da casa. Lucas estava curioso, mas tinha que levar o cavalo de volta ao estábulo. Ele conduziu o cavalo naquela direção e não olhou para trás. Quando voltasse para casa, aplacaria a sua curiosidade.
Quando chegou ao estábulo, ele puxou as rédeas. Quando o cavalo parou, ele apeou e deixou um cavalariço levá-lo para dentro. Weston e Seabrook fizeram o mesmo. Entregaram os cavalos e ficaram ao lado de Lucas. – Temos mais convidados – Weston disse. – Não sabia que havia mais gente por chegar.
– Tem certeza que a sua esposa não convidou ninguém mais? – Seabrook perguntou. Ele apontou a carruagem com a cabeça. – Porque, com certeza, há alguém aqui.
Uma mulher com o cabelo escuro saiu da carruagem primeiro. Lucas não conseguiu identificar os traços dela. Ela ficou de costas para ele a maior parte do tempo. Ela se afastou para que a outra dama pudesse sair. Essa tinha o cabelo louro que, à distância, parecia quase branco. – Você as reconhece? – Lucas perguntou.
Weston fez que não. – Não posso dizer quem elas são. Talvez Alys as conheça, mas é difícil saber com certeza.
– Devemos cumprimentá-las? – Seabrook perguntou.
Uma parte de Lucas queria fazer aquilo. Algo nele estava sendo puxado na direção delas, e ele não podia explicar o que. Era uma sensação estranha e ele faltava pouco vibrar com ela. Não conseguiu se livrar dela e ele tentou enquanto um arrepio percorria todo o seu corpo. Não importava e não queria perder tempo pensando muito nisso. As damas não tinham nenhuma importância para ele. Mas havia uma outra forma de olhar para este novo acontecimento. Duas novas mulheres estavam agora na mansão… Isso lhe dava mais duas opções para uma possível esposa. Isso significava que ele poderia ficar um pouco mais em Weston Manor. Talvez uma delas acabasse por ser a sua nova esposa. Isso lhe dava um motivo para ficar, e era isso o que importava. Se o pai perguntasse, ele poderia, de boa-fé, dizer que estava cortejando alguém…
– Não sei se quero ser arrastado para uma conversa. Se Alys a convidou, ela estará lá para recebê-las. – O duque seguiu para os fundos da casa. – Vamos entrar pelo jardim.
Lucas não viu problema naquilo. Podia conhecer as damas mais tarde, quando eles fossem jantar, ou até mesmo antes disso, se tivesse sorte. Sua vida era cheia de reviravoltas, e ele queria encontrar um pouco de paz. Ele olhou para as duas damas e congelou. A mulher de cabelo escuro parecia muito familiar. A forma como ela se movia e a cor do cabelo… Ele sacudiu a cabeça, porque ele não podia estar vendo aquela mulher. Ela manteve a cabeça baixa e não olhou para cima uma única vez. Isso era característica de alguém que servia outras pessoas. Não era provável que ela fosse uma dama de verdade estava mais para uma criada.
Não, aquilo não podia ser verdade. Ela estava muito mais bem vestida que uma criada. Ela usava um vestido amarelo que provavelmente tinha sido feito com tecido de qualidade. Talvez ela fosse tímida, e por isso não olhava para cima. Weston e Seabrook já estavam no meio do jardim enquanto Lucas permanecia enraizado no mesmo lugar. A dama de cabelo escuro finalmente ergueu o olhar e enrijeceu. Havia uma boa razão para ele ter pensado que ela parecia familiar. Não era uma dama qualquer que podia fazer seu coração bater com força no peito. Só uma mulher o afetava assim – Lia. Ela finalmente tinha voltado para a sua vida, e ele não tinha ideia do que poderia fazer. Foi preenchido por um misto de raiva, ansiedade e apreensão por causa daquela revelação súbita. Ele finalmente teria mais uma chance com ela – isso se ele quisesse tentar alguma coisa. Ao menos teria respostas para todas as perguntas que carregou consigo ao longo de todos esses anos. Haveria um acerto de contas, e só o tempo diria que rumo as coisas tomariam…
CAPÍTULO TRÊS
Weston Manor era uma propriedade enorme, condizente com um ducado. Ela tinha sido construída perto dos penhascos de Dover. As ondas batiam na praia lá embaixo, preenchendo o ar com o cheiro salgado da maresia. Natalia caminhou pelos penhascos, olhando para o mar. Quase sete anos atrás, ela tinha cruzado o canal, indo para a França. Tinha estado desesperada para escapar dos planos que o pai tinha feito para ela. Não fez a travessia em Dover, mas estava perto do lugar onde tinha pegado o navio, dando início à sua jornada. Era o veleiro de um contrabandista, e alguém que a prima Callista confiou que fosse ajudá-la durante a viagem.
Tudo o que fez daquele dia em diante tinha sido com a ajuda e a direção da prima. Sem ela, Natalia se sentia um pouco perdida e incerta sobre o que fazer. Precisava encontrá-la. E se nunca encontrasse Callista? Começou a ficar aflita, o coração pareceu bater muito mais forte dentro de seu peito. Não sairia de Weston Manor sem respostas. Alguém nesta propriedade tinha que saber o que aconteceu com a prima.
Ela olhou para o céu. O sol estava começando a se pôr, e ela teria que entrar logo. Saiu da mansão numa tentativa de evitar lady Anne, mas não podia demorar muito mais. A dama iria querer que ela a atendesse e talvez até mesmo que a ajudasse com o vestido. Teoricamente, não era obrigação dela, mas Lady Anne não tinha trazido a criada. Ela acreditava que a criada frustraria seus planos de enredar um marido. Natalia não entendia por que ela pensava que precisava prender um tão logo. Talvez a dama não fosse tão pura quanto deixava transparecer e precisava de um marido para encobrir suas transgressões. Honestamente, Natalia não se importava. Não gostava de lady Anne e não via a hora de se ver livre dela. Depois que descobrisse o que aconteceu com Callista, iria embora e nunca mais olharia para trás. E agora que sabia que Lucas estava na residência, quando antes fosse, melhor. Se ele soubesse que ela estava ali, ela não sabia o que faria.
Natalia suspirou e voltou para a mansão. A caminhada não foi muito longa e ela aproveitou o ar fresco. Ajudou-a a pensar e lhe deu força para seguir em frente. Se fosse sorrateira o bastante, conseguiria evitar Lucas e ainda cumprir suas funções como acompanhante de lady Anne. Natalia não teria que ir ao jantar com ela. Pediria que enviassem algo para o seu quarto ou talvez até mesmo comesse na cozinha. Lady Anne não sentiria a sua falta. Ela sequer queria que Natalia ficasse por perto, a não ser nas ocasiões em que a tratava como escrava.
Sem Natalia, a dama poderia fazer o que bem quisesse e não teria que dar satisfações a ninguém. Não que Natalia fosse impedi-la de fazer qualquer coisa, mas ela não teria que agir de determinada forma ou fazer o que era esperado se a acompanhante paga estivesse longe. Lady Anne estava decidida a seduzir o cavalheiro, e a presença de Natalia não iria impedi-la de fazer isso.
Ela chegou à mansão e entrou pela biblioteca. Parecia não haver ninguém lá dentro, e ela soltou um suspiro de alívio quando se certificou de que estava mesmo sozinha. Não que ela estivesse evitando todo mundo. Só um homem em particular, e ela tinha que ter o cuidado de permanecer fora de vista. Não queria que eles se reconectassem. Certo, aquilo não era bem verdade. Uma parte dela sempre quereria estar com ele. Mas havia muitos sentimentos ruins que os mantinha separados. Ficava apreensiva só de pensar nas possíveis discussões. Natalia odiava conflitos, e não queria se ver numa situação que poderia incitá-los. Já enfrentara coisas ruins o suficiente para uma vida inteira e ela não precisava de mais essa adição. Até então, conseguira evitar o pai e o homem que ele enviou para procurá-la. E gostaria