A enfermeira assentiu. “Estivemos a falar disso antes. Vou receber uma resposta de todos e informar-te antes de saíres.”
O sistema de monitorização de pacientes iluminou-se subitamente e a enfermeira pôs-se de pé num salto. Luzes azuis piscavam esporadicamente, e a enfermeira agarrou no telefone ao pé de si.
“Doutor Gordon e Doutor Harris ao sétimo andar imediatamente”, anunciou, desligando depois o telefone e saindo a correr de trás da escrivaninha.
Mais enfermeiros vieram dos postos mais pequenos em cada ponta do andar extenso, cada um deles tentando cobrir grupos de quartos, de modo a conseguirem ver um número maior de pacientes num período de tempo mais curto. O agente de segurança pegou no rádio e ligou à segurança do andar principal. Não demorou muito até dois médicos que estavam de serviço, juntamente com um pequeno exército de mais dez enfermeiros, se lançarem para o andar para prestar auxílio.
Pânico e caos cresceram entre o pessoal, ao mesmo tempo que os pacientes caíam como moscas. Ficavam com cada paciente o máximo de tempo que conseguiam, antes de se dirigirem para o próximo, quase sem terem um momento para tomarem nota da hora da morte de cada um.
Enquanto desciam pelo átrio, aperceberam-se de que, o que quer que estivesse a provocar a morte dos pacientes, parecia aproximar-se da Unidade de Cuidados Intensivos, que também estava localizada naquele andar. Embora estivessem a pensar exatamente no mesmo, nenhum deles manifestou esse receio… afinal de contas, era apenas uma coincidência.
O agente de segurança esperava junto ao elevador quando a polícia chegou. Estava desiludido por apenas dois agentes terem respondido ao apelo, mas era melhor do que nada. Com o sismo de há cerca de uma semana, juntamente com a questão de todas as pessoas que apareceram mortas e desmembradas, conseguia compreender a falta de agentes disponíveis.
Gritos explodiram do fundo do átrio e os agentes da polícia pegaram nas armas, enquanto corriam na direção do ruído. Duas enfermeiras deslizaram pelo átrio, batendo na parede com força suficiente para partir ossos. Caíram ao chão, deixando longas manchas de sangue na tinta branca imaculada.
“Que raio?”, murmurou o agente de segurança.
Os oficiais da polícia agarraram com força as armas laterais e dirigiram-se lentamente através do átrio, em direção aos corpos. Mais funcionários voavam através das portas, enquanto outros tentavam fugir.
O agente de segurança assistia com os olhos arregalados enquanto uma figura negra emergia de dentro do último quarto, ao pé da entrada da Unidade de Cuidados Intensivos. A figura surgia e desvanecia, ao se mover. Não era possível ver o seu rosto sob o manto negro rasgado, mas podia-se vislumbrar claramente uma foice de lâmina longa numa das mãos de dedos absurdamente compridos.
Moveu-se pelo átrio na direção deles, agarrando em enfermeiros e atirando-os como se fossem bonecas de trapos. Os agentes da polícia dispararam, ao mesmo tempo que recuavam para longe do espectro. A foice desceu num arco longo, cortando um dos agentes ao meio. Sangue espirrou pelo chão enquanto o agente caía, mas a criatura continuou a avançar para o outro polícia, que ainda disparava a sua arma.
Sangue espirrou novamente, desta vez para o rosto do agente de segurança, enquanto o segundo polícia era abatido. O segurança captou vagamente o tinido do elevador, indicando que alguém se aproximava, mas estava paralisado de medo e não conseguia mover-se.
Viu um homem surgir pelo canto do olho… jovem, vestindo uma gabardine comprida e com cabelo escuro em estilo punk. Levantou uma mão na direção da criatura, que foi arremessada pelo átrio. A criatura gritou, servindo-se da foice para suspender o voo, e pareceu fitar o recém-chegado, desaparecendo depois através do chão.
“O senhor está bem?”, perguntou Ren ao homem traumatizado.
O agente de segurança perdeu os sentidos repentinamente. Ren soltou um suspiro pesado e pegou no telemóvel. Era bom o facto de este hospital estar localizado suficientemente perto de alguns paranormais da cidade, ou não teria conseguido espantar a coisa e evitar que o atacasse a si também.
“Precisamos de uma grande equipa de limpeza e do melhor exterminador de demónios disponível.”
Capítulo 4
Angelica andava de um lado para o outro no escritório de Ren, tentando manter a barreira dentro do seu campo de visão e procurando ao mesmo tempo manter-se longe de qualquer pessoa que tivesse afazeres na vasta sala. Ela já tinha descomposto Storm quando ele a informara de que ficar a olhar para Zachary não ia contribuir para que ele acordasse mais depressa.
Olhou para Syn, que ainda estava encostado à parede, e ergueu uma sobrancelha. Começava a acreditar que aquele homem era capaz de se transformar numa estátua, caso se esforçasse o suficiente. Não se mexera durante horas.
Talvez Storm estivesse certo, porque as paredes começavam a fechar-se à volta dela e Zachary não tinha sequer estremecido. O telemóvel de Angelica tocou e o ruído intenso surpreendeu-a e arrancou-a dos seus pensamentos.
Ao ver a identificação de chamada e pensando que Storm estava apenas a verificar o estado de Zachary, atendeu. “Não, Storm. Ele ainda não acordou.”
“O Ren precisa de ti no hospital local”, disse Storm seriamente. “Ele deparou-se com uma coisa bastante desagradável e perdeu-lhe o rasto algures no edifício.”
“E precisa que eu o localize”, concluiu Angelica, olhando para Zachary uma última vez antes de se afastar. “Lá estarei.”
Desligou e olhou para Syn. “Tenho de ir ao hospital.” Ele aproximou-se tão depressa que ela quase não se apercebeu.
Syn colocou um braço à volta da cintura dela e sorriu-lhe, puxando-lhe a coxa contra si. Já estava na altura de ela deixar a cabeceira do amigo.
Angelica piscou, e de repente encontravam-se em frente à entrada do hospital. Membros do PIT vestidos como polícias já estavam a escoltar pessoas e pacientes para fora do edifício. Não era tão organizado como poderia ser, mas se aquela coisa fosse tão sórdida quanto Storm dissera, ela não podia culpá-los.
“Onde está?”, perguntou Angelica a um membro da equipa do PIT.
“Não sei, mas o Ren está à procura no sétimo andar”, respondeu o homem, reconhecendo-a.
Angelica e Syn dirigiram-se para os elevadores e subiram até ao sétimo andar. Quando as portas do elevador se abriram, a primeira coisa em que Angelica reparou foi o cheiro de sangue. Arregalou os olhos perante a quantidade de carnificina no átrio.
Ren tinha a área inteira cercada de alguns membros do PIT espalhados por ali, verificando os corpos para confirmar se havia alguém vivo. O único aspeto adicional que não batia certo era o agente de segurança que estava encolhido num canto atrás do posto da enfermeira. Balançava-se para trás e para a frente, murmurando algo sobre o Ceifeiro.
“O que aconteceu?”, perguntou Angelica.
Ren suspirou. “Parecia o Mensageiro da Morte, com foice e tudo.”
“Um demónio da morte”, ponderou Angelica. “Nunca enfrentei nenhum, mas ouvi dizer que podem ser mesmo cruéis.”
“Afundou-se pelo chão adentro e desapareceu”, explicou Ren. “Não conseguimos encontrá-lo desde então.”
“Ainda está aqui”, informou-os Syn.
“Eu sei… consigo sentir a energia maléfica a rastejar por cima de mim, como uma doença maldita”, disse Ren, frustrado.
Angelica respirou fundo e começou a visualizar-se a abrir caminho pelo hospital, através dos andares superiores e inferiores. Por vezes, conseguia seguir o caminho invisível que um demónio poderoso percorrera, mas este demónio estivera em toda a parte, cruzando o próprio caminho por demasiadas vezes, o que tornava as coisas mais difíceis.
Ren ergueu as sobrancelhas no momento em que sentiu o poder dela tocá-lo. “Interessante”, disse, nunca tendo sentido tal coisa antes. Supunha que, quando estavam no refúgio do castelo,