Continuaram a cavalgar, falando sobre as colheitas da primavera, das perdizes e dos marrecos que nadavam aos pares, ao longo do rio que corria ao pé do capinzal. Ao se aproximarem da casa da fazenda, o Duque observou:
−Agora tenho um bom administrador. Ele está criando um rebanho de gado Jersey que é o melhor que já tivemos.
−Gostaria de vê-lo− disse o major.
−Iremos lá amanhã. Creio que devemos voltar para ver como Richard está passando.
−Sim, claro. A que horas virá o médico?
−Ele disse que aproximadamente às nove horas.
Pelo seu modo de falar, o major sentiu que estava preocupado com o rapaz. Esperava que ele sobrevivesse, para a felicidade de seu amigo.
−Amanhã eu lhe mostrarei as éguas que estão prenhes… − ia dizendo o Duque.
De repente, viram uma mulher que saíra correndo do celeiro da fazenda, dirigindo-se para eles, sacudia os braços, como para atrair-lhes a atenção. Ambos detiveram os cavalos.
Ao chegar mais perto, viram que era ainda muito jovem e seus cabelos, de um loiro dourado. Evidentemnte, era uma camponesa ou trabalhava na ordenha, pois seu vestido estava desbotado e remendado.
Ao chegar ao lado do cavalo do Duque, estava ofegante e não conseguia falar.
Vendo que os dois esperavam, após um momento exclamou resolutamente:
−Ajudem-me... por favor... ajudem-me!
−O que está acontecendo?− perguntou o Duque.
O major percebeu logo que era muito moça e incrivelmente bonita. Tinha os olhos muito grandes, num rostinho oval e embora os cabelos fossem loiros, as pestanas eram pretas.
Os olhos, que de acordo com o seu tipo deveriam ser azuis, tinham a tonalidade de um céu enevoado, pelo menos naquele momento foi assim que lhe pareceram, mas talvez fosse porque ela estivesse visivelmente assustada, com as pupilas dilatadas.
−O que lhe aconteceu?− tornou a perguntar Nolan.
−É o meu pai… meu pai está muito mal… inconsciente. Receio que tenha sofrido um ataque cardíaco!
O major observou que ela falava como uma pessoa educada, o que não era de se esperar numa pessoa de aparência tão maltrapilha.
−Onde está o seu pai?− indagou o Duque.
−No celeiro. Foi lá que… dormimos, na noite passada.
−Pois então vamos até lá, para ver o que poderemos fazer por ele− sugeriu Nolan.
Fez o cavalo seguir para a frente e a moça foi caminhando a seu lado, ainda bastante ofegante.
O major, que ia atrás, notou que a mocinha era muito esbelta e era evidente a elegância no seu modo de andar. Certamente não è uma cigana, disse para si mesmo, mas quem mais poderia estar vagando pelos campos e dormindo num celeiro?
O celeiro não ficava longe. Ao chegarem, a moça correu na frente, para empurrar a porta que estava aberta. O Duque apeou, entregou as rédeas do cavalo ao major e entrou.
No celeiro estivera guardado o feno para o inverno, mas no momento restava um pequeno monte a um canto, no qual a moça já se encontrava inclinada sobre o corpo de um homem.
O Duque aproximou-se dela. Olhou para baixo e surpreendeu-se ao ver um homem de aspecto distinto, cabelos brancos e traços bem definidos. Vestia um casaco preto e no pescoço viam-se as duas faixas de cassa branca, que indicavam ser ele um pastor.
Seus olhos estavam fechados e o rosto muito pálido fez o Duque supor que estivesse morto, mas ao tomar-lhe o pulso, sentiu as batidas muito fracas, tão débeis que lhe pareceram praticamente imperceptíveis.
−Ele está… vivo?
As três palavras manifestaram tal ansiedade que o duque sentiu-se aliviado por poder responder:
−Sim, está vivo, mas também acho que ele deve ter sofrido um ataque cardíaco.
A moça juntou as mãos e esforçando-se por controlar-se, disse:
−O que… posso fazer? Onde posso encontrar um médico para ele?
−Estou esperando um em minha casa em menos de uma hora.
−Então… o senhor poderia pedir-lhe para… vir ver meu pai?
−Creio que seria melhor se seu pai fosse levado para um lugar mais adequado do que este.
A mocinha escancarou os olhos, dizendo:
−Acho que. . . não temos dinheiro para…
−Não estou lhe pedindo que pague− interrompeu o Duque, com um sorriso−. É melhor deixar que eu me encarregue de tudo.
Virou-se para sair. Após alguns segundos, a moça seguiu-o.
−O que vai fazer?− perguntou.
−Vou até a fazenda, pedir ao administrador que leve seu pai para minha casa numa carroça. Acho que deve querer acompanhá-lo e o melhor meio de evitar que ele seja sacudido será sentar-se no chão da carroça e descansar a cabeça dele em seu colo.
−Farei isso− respondeu a moça ansiosamente−. Muito obrigada! Muito obrigada… mesmo!
O Duque chegou à porta do celeiro, parou e olhou para ela.
−Como se chama?
−Calvine. Meu pai é o reverendo Aaron Calvine e estamos vindo de Northumberland.
O Duque ergueu as sobrancelhas mas não fez nenhum comentário. Montou em seu cavalo e ao pegar as rédeas, disse:
−Espere a carroça que virá buscá-la nestes quinze minutos. Eu a verei mais tarde.
Afastou-se, e o major que o seguia perguntou:
−O que aconteceu? Quem é essa mocinha tão encantadora?
−O pai é um pastor e não há dúvida de que sofreu um ataque cardíaco. Primeiro pensei que estivesse morto.
−Um pastor?!− exclamou o major−. O que ele está fazendo em seu celeiro?
−Sei lá, mas com certeza no devido momento ficaremos sabendo a história e o motivo pelo qual estão tão longe de casa.
−E onde fica ela?
−Em Northumberland− respondeu o Duque.
−Acho que você está sendo positivamente misterioso!
−Estou apenas contando o que sei. Como o reverendo parecia estar morrendo, achei que o momento não era adequado para submeter a filha a um interrogatório.
−Isso me parece incrível− observou o major−, see moram em Northumberland, que diabo estão fazendo aqui?
O Duque não respondeu, porque haviam chegado à fazenda. Mal bateram palmas, o administrador apareceu, visivelmente satisfeito ao ver o patrão.
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