Emily olhou para Patricia no banco de trás ao lado de Chantelle. Ela estava usando sua típica expressão esnobe, e espiando pela janela, olhando com medo para o chão sujo onde estava prestes a pisar. Mas ela segurou a língua e Emily sorriu por dentro. Isso, por si só, já era uma pequena vitória.
Todos saíram da caminhonete, ao mesmo tempo em que a porta da frente da casa se abriu. Um homem saiu, acenando para eles. Parecia muito alegre, com uma barriga redonda. Emily se perguntou se ele já pensou em se tornar um Papai Noel, pois certamente tinha a aparência para isso.
“Olá pessoal!” disse ele, sorrindo. “Eu sou Terry. Vocês vieram para cortar sua própria árvore?”
“Certamente,” disse Daniel.
Chantelle apressadamente se dirigiu ao homem. “Na verdade, precisamos de cinco árvores. Temos uma pousada, entende, e um restaurante e um spa, e todos eles precisam de uma árvore. O salão de baile também.”
“Que tal começarmos com uma?” sugeriu Emily, pensando no fato de que não havia hóspedes na pousada agora para apreciar as árvores. “Então, se precisarmos de mais, podemos voltar outro dia.”
Isso pareceu agradar Chantelle, e ela concordou com a cabeça.
Terry mostrou-lhes as ferramentas que iriam precisar, depois se despediram e dirigiram-se à floresta. Emily pensou na fazenda que eles visitaram no ano passado, que estava muito ocupada, parecia mais uma feira, com passeios de trator e chocolate quente para comprar. Ela preferia essa experiência mais simples, especialmente porque, desde o momento em que eles entraram na floresta, tudo ficou muito quieto.
“É como se fôssemos as únicas pessoas no mundo,” disse ela, com as mãos protegendo o corpo.
Ela olhou para trás para ver como Patricia estava se saindo. Apesar de andar na ponta dos pés e usar uma expressão ligeiramente amarrada, ela não estava reclamando. Emily imaginava se talvez ela estava se divertindo, embora fosse orgulhosa demais para admitir isso.
“Vovó Patty,” disse Chantelle, correndo de volta e segurando sua mão. “Eu acho que há algumas verdes bem escuras por aqui. Vamos!”
Emily sorriu por dentro enquanto observava a filha puxar sua mãe. Ela não conseguia se lembrar de quando Patricia tinha sido tão complacente, juntando-se à uma atividade. Chantelle claramente a contagiava.
Daniel abraçou Emily, trazendo-a para perto.
“Isso é maravilhoso, não é?” disse ele. “Adoro o quanto ela se entusiasma com esse tipo de coisa. Eu mal posso esperar para ver o quanto ela gosta do Hanucá.”
“Que data começa este ano?” perguntou Emily.
“Dezesseis.”
“Então, depois de Charlotte ter se juntado a nós?” perguntou ela, sorrindo, pensando em ter uma recém-nascida em casa durante esta época maravilhosa do ano, quando todos estavam comemorando.
“Talvez até no primeiro dia,” ele disse, sorrindo. “Isso não seria adorável?”
Emily assentiu, concordando. Certamente seria maravilhoso para Daniel que sua filha nascesse em um dia tão significativo.
Naquele momento, eles ouviram Chantelle chamando através das árvores.
“Mamãe! Papai! Conseguimos!”
Eles sorriram um para o outro e depois se dirigiram em direção à voz dela. Chantelle estava de pé ao lado da linda árvore, com as folhas mais escuras que Emily já vira. Era maravilhosamente simétrica também, o tipo de árvore perfeita que seria usada em revistas. E, é claro, era enorme.
“Vovó Patty escolheu,” disse Chantelle, olhando orgulhosa para Patricia.
“É mesmo?” Emily perguntou, satisfeita em ver como as duas estavam se dando bem.
Até Patricia parecia calmamente satisfeita.
“Nesse caso,” disse Daniel, “Vovó Patty deveria dar o primeiro passo.”
“Ai, meu Deus, não,” disse Patricia, sacudindo as mãos ante a serra que Daniel lhe oferecia.
“Sim!” exclamou Chantelle, pulando e batendo palmas. “Por favor, Vovó Patty! É divertido. Eu prometo que você vai gostar”.
Patricia hesitou e finalmente cedeu. “Ah, tudo bem então. Se você insiste.”
Ela pegou a serra de Daniel e olhou para a árvore como se fosse um inimigo. Daniel abaixou-se e afastou os galhos maiores do caminho, expondo o tronco onde ela deveria cortá-lo. Patricia se agachou, claramente numa tentativa de não deixar o joelho tocar o chão lamacento. Emily não pôde evitar rir por dentro. Sua mãe parecia um sapo!
Patricia serrou o tronco da árvore. Ela grunhiu, exultante e olhou para a família que a observava.
“É verdade,” disse ela. “Isso é divertido!”
Emily riu em voz alta. Apenas alguns dias no Maine com sua família e Patricia havia comido smores e cortado uma árvore!
Terry chegou com seu trator e colocou o pinheiro na traseira.
“Todos a bordo,” disse ele.
Todos entraram na parte de trás com a árvore, mas Patricia não se mexeu. Ela parecia atordoada.
“Você quer que eu ande nisso?”
Chantelle saltava no banco de madeira. “É divertido! Você tem que confiar em mim!”
“Eu tenho escolha?” perguntou Patricia.
Chantelle balançou a cabeça, ainda sorrindo, travessa.
Patricia suspirou e subiu no reboque do trator.
Quando todos estavam acomodados, Terry os levou de volta até o carro e ajudou Daniel a fixar a grande árvore no teto da caminhonete. Então eles pagaram e saíram da fazenda, sentindo-se alegres.
“Eu mal posso esperar para decorá-la,” disse Chantelle. “Você vai ajudar, vovó?”
Patricia assentiu. “Sim, mas depois tenho de ir embora. Está bem?”
Chantelle fez beicinho, parecendo um pouco triste. “Se você precisa. Mas eu amei que você tenha vindo. Você vai voltar para o Natal?”
Emily observou a mãe pelo retrovisor. Ela não conseguia nem lembrar da última vez que passaram o Natal juntas. Mesmo quando ela morava em Nova York com Ben, eles tendiam a passar o Natal com a família dele, em vez de com Patricia. A mulher nunca entrava no espírito natalino e parecia uma ideia estúpida, pelo menos para Emily, fazê-los passar por um suplício. Ela se perguntou se o lado mais suave de Patricia, que havia visto nos últimos dias, poderia chegar tão longe.
“Talvez,” disse ela, evasiva. “Mas acho que sua mãe e seu pai estarão muito ocupados. A bebê nascerá até lá, não é?”
“Melhor ainda!” pressionou Chantelle. “Ela precisa conhecer sua vovó.”
Percebendo que ela enfrentaria o lado teimoso de Patricia, Chantelle ofereceu outra sugestão. “Ou, se não no Natal, talvez no Ano Novo? Nós fazemos uma festa na pousada. Você pode vir, não é?”
Patricia continuava evasiva em suas respostas. “Veremos,” foi tudo o que ela prometeu.
Chantelle olhou para Emily em seguida. “Acha que o vovô pode querer vir para o Natal?” perguntou ela.
Emily ficou tensa. Era ainda menos provável que seu pai viesse com a saúde se deteriorando.
“Podemos perguntar,” disse Emily, e a conversa morreu em silêncio.
Eles chegaram à pousada e Daniel estacionou. Stu, Clyde e Evan estavam em casa, então eles saíram para ajudar a carregar a árvore para dentro. Juntos, os quatro homens ergueram-na em sua posição no saguão.
“Esta