Ela imaginou que ele deveria trabalhar para o departamento de saneamento da cidade, embora não tivesse certeza de qual seria o seu trabalho. Ele não parecia ter nada para fazer além de caminhar e garantir que a grande máquina fazia seu trabalho e não derrubava nenhum pedaço de lixo perdido.
Como sempre fazia quando o via na rua iluminada, sorria, tirava um braço do punho e acenava para ele. Ele olhou diretamente para ela, como sempre fazia. Ela achou estranho que ele nunca acenasse de volta, apenas ficou lá com os braços inertes devolvendo seu olhar.
Mas daquela vez fez algo que nunca tinha feito antes.
Ele levantou o braço e apontou na direção dela.
Para onde está apontando? Perguntou-se.
Então ela sentiu um calafrio quando se lembrou do momento em que acordou...
Eu pensei ter ouvido um som.
Ela pensou que poderia ser vidro quebrado.
E naquele momento percebeu...
Ele está apontando para algo atrás de mim.
Antes que ela pudesse se virar e olhar, sentiu uma mão poderosa agarrar seu ombro direito.
Robin congelou de medo.
Ela sentiu uma dor súbita e profunda quando algo penetrou em seu ouvido e o mundo ao redor dela rapidamente se dissolveu.
De seguida, já não sentiu absolutamente nada.
CAPÍTULO UM
No momento em que Riley se sentou no sofá da sala de estar e tirou os sapatos, a campainha tocou. Calculou que fosse alguém promovendo uma causa, querendo que ela assinasse uma petição ou passasse um cheque ou algo parecido.
Não é o que eu preciso nesse momento.
Acabara de deixar as filhas, April e Jilly, na escola para o seu primeiro dia de aulas. Estava ansiosa para relaxar por um tempo.
Só então ouviu Gabriela, sua governanta guatemalteca, chamá-la da cozinha...
“No te muevas, señora. Eu vejo quem é.”
Enquanto ouvia os passos de Gabriela na direção da porta da frente, Riley recostou-se e apoiou os pés na mesinha de centro.
Então ouviu Gabriela tagarelando alegremente com a pessoa na porta.
Um visitante? Riley se perguntou.
Riley se esforçou para calçar os sapatos quando ouviu passos se aproximando.
Quando Gabriela levou o visitante para a sala, Riley ficou surpresa e satisfeita em ver quem era.
Era Blaine Hildreth, seu namorado.
Ou é meu noivo?
Por aqueles dias não tinha certeza e aparentemente Blaine também não. Um par de semanas atrás ele tinha mais ou menos feito um pedido de casamento, então na semana anterior ele dissera que queria levar as coisas devagar. Ela não o via há alguns dias e não esperava que aparecesse naquela manhã.
Quando Riley começou a se levantar do sofá, Blaine disse, “Por favor, não se levante. Vou para junto de você."
Blaine se sentou ao lado dela e relaxou no sofá da sala da família. Riley sorriu e tirou os sapatos novamente.
Com uma risada leve, Blaine tirou os seus sapatos, e ambos apoiaram os pés na mesinha de centro.
Estar tão confortável com ele parecia muito legal para Riley, mesmo que ela não tivesse certeza do ponto em que se encontrava o seu relacionamento.
"Como foi sua manhã?" Blaine perguntou.
"OK" Disse Riley. "Acabei de deixar as meninas na escola."
"Sim, eu acabei de deixar Crystal também."
Como sempre, Riley podia ouvir uma nota de afeto sempre que Blaine mencionava o nome de sua filha de dezasseis anos. Ela gostava disso nele.
Então, com uma risada, Blaine acrescentou, “Ela parecia muito ansiosa para eu ir embora quando chegássemos lá. Acho que queria que eu saísse da vista de suas amigas.”
Riley também riu.
" April é igual" Disse ela. “As crianças parecem constrangidas em ter seus pais por perto nessa idade. Bem, a partir de amanhã, a minha vai pegar um ônibus.”
"Minha também."
Blaine colocou as mãos atrás da cabeça, se inclinou para trás e soltou um suspiro profundo.
"Crystal estará dirigindo em breve" Disse ele.
"Também April" Disse Riley. “Eu acho que ela pode solicitar sua licença em novembro. Não sei como me sinto sobre isso.”
"Nem eu. Especialmente porque ensinar Crystal a dirigir me deixou nervoso.”
Riley sentiu uma pontada de culpa.
Disse, "Receio não ter passado muito tempo ensinando April. Quase nunca, na verdade. Terá que se contentar com o treinamento na escola.”
Blaine encolheu os ombros e disse, "Você quer que eu passe algum tempo ensinando-a?"
Riley se encolheu um pouco. Ela sabia que Blaine conseguia ser mais um pai prático do que ela. Seu trabalho na UAC a manteve longe das habituais rotinas de mãe e filha, e ela se sentia mal com isso.
Ainda assim, era meio gentil da parte de Blaine se oferecer para ajudar, e ela sabia que não deveria sentir ciúmes se ele passasse mais tempo com April do que ela. Afinal, ele podia acabar sendo o pai de April dali a pouco tempo. Seria ótimo para April e Jilly terem um pai que lhes desse muita atenção. Isso seria mais do que o ex-marido de Riley, Ryan, alguma vez havia feito.
"Isso seria bom" Disse Riley. "Obrigada."
Gabriela entrou na sala carregando uma bandeja. A mulher corpulenta habilmente se movimentou quando o cachorro pequeno e de orelhas grandes de Jilly, Darby, e o gatinho preto e branco de April, Marbles, brincaram à volta de seus pés. Então Gabriela colocou a bandeja sobre a mesa de café na frente deles.
“Espero que estejam com vontade de café e champurradas.”
"Champurradas!" Blaine disse com prazer. "Que mimo!"
Enquanto Gabriela servia duas xícaras de café, Riley pegou um dos biscoitos amanteigados enrolados em sementes de gergelim. As champurradas tinham sido assadas há pouco e, claro, estavam absolutamente deliciosas.
Assim que Gabriela se virou para voltar para a cozinha, Blaine disse, "Gabriela, não vai se juntar a nós?"
Gabriela sorriu. “Por supuesto. Gracias.”
Foi até a cozinha buscar outra xícara, depois voltou, serviu-se de café e sentou-se em uma cadeira perto de Riley e Blaine.
Blaine começou a tagarelar com Gabriela, metade em inglês e metade em espanhol, perguntando-lhe sobre sua receita de champurrada. Enquanto chefe e proprietário de um restaurante de luxo, Blaine estava sempre interessado em ouvir os segredos culinários de Gabriela. Como de costume, Gabriela resistiu timidamente a dizer muito a princípio, mas finalmente lhe deu todos os detalhes sobre como preparar os deliciosos biscoitos guatemaltecos.
Riley sorriu e ouviu quando Blaine e Gabriela passaram a discutir outras receitas. Ela gostava de ouvi-los falar assim. Pensou que era incrível estarem os três juntos em casa.
Riley procurou em sua mente a palavra para descrever como as coisas pareciam bem ali e naquele momento. Então lhe ocorreu.
Aconchegante..
Sim, era isso. Ali estavam ela e Blaine, descansando sem sapatos no sofá, sentindo-se completamente aconchegados juntos.
Então Riley se sentiu um