Foi então que ela ouviu gritos vindo de trás.
"Eles estão fugindo!"
Scarlet percebeu, com uma sensação de desamparo, que eles estavam despertando e que, apesar de o castelo estar destruído e muitos de sua raça estarem feridos e moribundos ao seu redor, seu desejo de vingança iria levá-los adiante.
"Sage," disse Scarlet, "eles estão vindo atrás nós. Precisamos ir mais rápido."
Sage engoliu em seco e fez uma careta.
"Eu estou indo o mais rápido que consigo."
Scarlet tentou apressar o passo, mas a fraqueza de Sage estava deixando-os muito lentos. Ele teve que parar de correr. Ela tinha que encontrar um lugar seguro para se esconderem, para que pudessem ao menos se despedir.
Ela olhou por cima do ombro e viu vários Imortais avançando. Ali, na parte de trás, meio escondido pelas sombras, ela viu Octal. Então ele não estava morto.
À medida que o grupo se aproximava deles, Scarlet viu que metade do rosto de Octal estava gravemente queimada. Ele devia estar sentindo bastante dor, mas, mesmo assim, ainda queria fazer mal a ela e Sage. Scarlet ficou muito triste ao pensar que o amor entre ela e Sage indignava tanto os Imortais.
De repente, um poderoso acidente fez Scarlet saltar, enquanto um súbito jato de água gelada a encharcou. Ela olhou por cima do ombro esquerdo e percebeu que um lado inteiro do castelo desmoronou no mar, causando uma onda poderosa para cima deles.
Ela ouviu gritos e olhou para trás, viu os Imortais caindo no mar. Eles caíram tão rapidamente que nem sequer tiveram tempo para voar para algum lugar seguro e, assim que as ondas os pegaram, o mar bravo os tragou.
Quando as telhas começaram a ceder sob seus pés, Scarlet bateu as costas contra a parede do corredor e pressionou Sage com seu braço. A água negra se agitou vários pés abaixo deles. Scarlet, de repente, sentiu como se estivesse se equilibrando precariamente na borda de uma montanha.
A única pessoa que restava em pé, do outro lado de um grande abismo, era Octal. Scarlet sabia que ele não levaria mais do que alguns segundos para voar aquela distância entre eles. Mas, em vez disso, ele decidiu esperar.
Ele acha que é impossível. Ele acha que nós vamos morrer.
"Rápido," ela disse a Sage. "Antes de cairmos no mar."
O oceano frio respingou em seu rosto enquanto ela o levava através da borda. A cada passo, mais pavimento rompia e caia no oceano. O coração de Scarlet disparou com angústia. Ela rezou para que eles conseguissem sair do castelo em segurança.
"Ali," ela disse para Sage. "Só mais alguns passos."
Mas assim que as palavras deixaram seus lábios, as telhas sob os pés de Sage racharam. Ele só teve tempo de olhar em seus olhos antes que o piso cedesse e ele caísse para baixo, para a escuridão.
"Sage!" Scarlet gritou, sua mão estendida, tentando alcançá-lo.
Mas ele se fora.
Scarlet olhou para o outro lado do abismo e viu que um sorriso se espalhou pelo rosto terrivelmente desfigurado de Octal.
Sem um segundo de hesitação, Scarlet pulou da beira como um mergulhador salta de sua plataforma, e foi em direção à figura de Sage em queda. Segundos antes de cair no oceano, ela o acolheu em seus braços.
"Peguei você," ela sussurrou, apertando-o contra o peito.
Sage era pesado. Scarlet só conseguiu pairar no ar. Eles estavam a poucas polegadas acima das águas traiçoeiras. Ela sabia que não poderia voar para o alto, pois isso revelaria a Octal que tinham sobrevivido e ele os atacaria imediatamente.
Foi então que ela viu umas cavernas à sua direita. Eles eram naturais, corroídas na rocha sólida pelo oceano ao longo dos séculos. O castelo devia ter sido construído em cima delas.
Scarlet não perdeu tempo. Ela voou para dentro da caverna, com Sage em seus braços, e o pousou no chão. Ele caiu para trás e gemeu.
"Estamos bem," Scarlet lhe disse. "Conseguimos."
Mas ela estava toda molhada e tremendo. Seus dentes batiam enquanto falava. Quando ela segurou a mão de Sage, ela percebeu que ele estava tremendo demais.
"Nós não conseguimos," ele finalmente disse. "Tenho lhe dito o tempo todo, eu vou morrer. Esta noite."
Scarlet balançou a cabeça, fazendo as lágrimas de suas bochechas voarem.
"Não," ela disse.
Mas ela percebeu que era inútil. Sage estava morrendo. Era realmente verdade.
Ela o abraçou e deixou as lágrimas rolarem livremente. Elas desceram pelo seu rosto e pescoço. Ela não se preocupou em limpá-las.
Scarlet estava prestes a proferir seu adeus quando notou um brilho estranho vindo de debaixo de sua camiseta, exatamente onde seu coração estava. Ela balançou a cabeça, pensando primeiramente que ela devia estar alucinando. Mas o brilho ficou mais forte.
Ela olhou para baixo e percebeu que era seu colar que estava iluminado uma luz branca, que se espalhava através das dobradiças. Ela colocou a mão dentro de sua blusa e tirou seu colar. Ela nunca tinha sido capaz de abrir o colar, mas algo lhe dizia que desta vez seria diferente. Quando ela deslizou uma unha na trava, ela percebeu que suas lágrimas tinham escorrido para dentro dele. Talvez tivessem, de alguma forma, desbloqueado o pingente.
As duas metades se abriram e a luza branca irrompeu na caverna, iluminando as figuras de Scarlet e Sage. No meio da luz brilhante, havia uma imagem. Scarlet a analisou. Era um castelo no meio do mar, mas não o Castelo Boldt. Este era mais alto e mais fino, parecia mais uma torre elaborada do que um castelo real.
Scarlet balançou o ombro de Sage.
"Olhe," ela instruiu.
Sage conseguiu abrir metade de um olho cansado.
Scarlet o ouviu respirar bruscamente.
"Você sabe onde é?" Ela perguntou.
Sage assentiu. "Sim."
Em seguida, ele desabou a cabeça em seu colo, exausto.
Algo dentro de Scarlet lhe dizia que onde quer que aquele lugar fosse, era importante. E, se Sage o conhecia, então ele significava algo para os Imortais. Por que seu colar estava lhe mostrando um lugar assim? E por que só se abriu quando suas lágrimas caíram sobre ele? Certamente era uma pista.
Scarlet fechou o colar de uma vez e o brilho branco desapareceu, levando consigo a imagem de um castelo torto no meio de um oceano em fúria. De alguma forma, ela sabia no fundo que, se levasse Sage para este castelo, ele viveria. Mas ela estava ficando sem tempo.
Ela colocou Sage inconsciente sobre suas costas. Ele era pesado, mas, desta vez, Scarlet estava mais determinada do que nunca e mais certa de que ainda havia esperança. Ela voou para o céu.
Iria salvá-lo. Não importava as circunstâncias.
CAPÍTULO SETE
Caitlin lutava para recuperar o fôlego após cair no céu noturno. Em um momento Caleb tinha apertado o botão de ejeção e, no seguinte, o avião de repente não estava mais ao seu redor. Ela estava no ar negro, caindo em direção ao oceano em fúria.
Ela olhou para a direita, procurando por Caleb. Ele não estava lá. Sentindo-se angustiada, ela olhou em volta e, finalmente, viu Caleb acima dela, seu paraquedas armado. Ele estava apontando para o cabo de paraquedas. Ela não podia ouvi-lo sobre o som do ar rugindo.
Então ela percebeu: ele estava tentando lhe dizer para puxar o cabo. Ela o fez e, de uma vez só, a queda foi amenizada quando seu corpo foi retido