Keira nem precisou de um segundo para considerar a proposta de Bryn. Ela balançou a cabeça com um não enfático. "Absolutamente não," ela disse.
Nina inclinou-se para frente, aparentemente a bordo. "Conheço essa loja incrível de fantasias," ela disse. "Você pode conseguir um vestido de baile completo, luvas, máscara, o lote."
Keira lhe lançou um olhar fulminante. "Por que você não vai ao encontro se gostou tanto da ideia?"
Nina calou a boca. Bryn assumiu novamente o comando.
"Venha pelo menos pela comida," disse Bryn. "Refeição grátis. Comida chique. Baile. Apenas pense como se fosse uma balada para nós duas, com dois caras acompanhando e pagando a conta. Você nem precisa dizer-lhes o seu nome verdadeiro se não quiser, ou mesmo tirar sua máscara. Poderia ser uma noite de anonimato. Você poderia inventar uma nova pessoa."
Keira riu. "Deixe-me adivinhar, você já fez isso antes?"
Nina interrompeu. "Por favor, querida, todo mundo já fez isso antes. Se você nunca foi a um encontro e fingiu que trabalhava para o FBI ou que você era herdeira de uma herança bilionária, então você realmente não viveu."
Balançando a cabeça, Keira olhou de novo pela janela. Ela olhou para as pessoas que passavam pelas ruas. Algumas das lojas já tinham decorações de Halloween em suas janelas. Ela viu um casal de góticos caminhando pela rua— a mulher com um vestido preto de renda carregando uma sombrinha, o homem em trapos de couro. Somente na cidade de Nova York, pensou para si mesma, entretida.
Na vida, deveríamos abraçar o louco, ela relembrou. Ela não havia falado exatamente a mesma coisa essa manhã a si mesma?
"Tudo bem," ela disse, virando para Bryn com um suspiro de resignação. "Irei ao seu baile."
Keira descobriu mais tarde naquela noite que Bryn estava certa sobre uma coisa: Gino estava incrível. O restaurante inteiro estava decorado como se fosse um castelo gótico, as mesas empurradas para o canto para que a parte do meio fosse transformada em uma pista de dança. Havia uma vibração incrivelmente sinistra, com música folk italiana antiga, garçons em ternos de veludo e, claro, todos com máscaras.
Se apenas as duas tivessem ido, Keira teria tido uma ótima noite. Mas, infelizmente, elas estavam com Malcolm, o encontro de Bryn e Glen, o encontro de Keira. Eles deveriam ser os dois homens mais entediantes do mundo.
Keira deu uma garfada em seu macarrão, quase incapaz de manter-se acordada, enquanto Glen contava mais detalhes de sua carreira em contabilidade. Conversa de trabalho geralmente irritava Keira, mas quando envolvia matemática, a chatice alcançava outro nível. Isso sem mencionar que ele não havia feito uma única pergunta sobre seu trabalho.
Houve uma pausa repentina na conversa e Keira sentou-se como se tivesse sido acordada com um susto.
"Então, o que você faz no seu tempo livre?" Ela perguntou a Glen, desesperada para mudar o rumo da conversa.
Glen levou um longo tempo para responder, outra coisa que Keira tomou como um mau sinal. Quem não sabia quais hobbies tinham? Ou o que eles gostavam de fazer além de seus empregos?
"Eu assisto esportes," ele finalmente disse.
"Assiste," repetiu Keira. "Não joga?"
Glen riu. "De jeito nenhum. Não quero uma lesão. Prefiro ser um espectador."
"Isso é …" Keira lutou por uma palavra. A palavra que encontrou era provavelmente o oposto do que ela queria dizer. "…interessante."
"E você?" Perguntou Glen.
Era a primeira vez que ele perguntava sobre ela, e Keira ficou quase surpresa. "Bem, eu estou na área de jornalismo, então passo grande parte do meu tempo livre lendo," ela começou.
Glen interrompeu-a imediatamente. "Eu também leio. Principalmente o Wall Street Journal."
Percebendo que seu tempo para falar havia acabado, Keira sentiu seu peito afundar. Ela espetou seu macarrão novamente. "Legal."
Bryn inclinou-se sobre a mesa. "Nós estávamos falando sobre planos," ela disse. "O que queremos alcançar em cinco anos. Keira, e quanto a você?”
Se Bryn lhe tivesse perguntado ontem, Keira teria certeza de que o que queria nos próximos cinco anos era passar o maior tempo possível com Shane. Comprar a casa de seus sonhos juntos. Talvez até se casar e ter alguns filhos. Mas esse sonho estava destruído agora.
Keira simplesmente encolheu os ombros. "Eu gostaria de viajar. Ver o mundo. Dentro de um período de cinco anos, quero ter pisado em cada continente pelo menos uma vez."
Bryn aplaudiu. "Esse é um plano ótimo, mana".
Glen zombou. "Viajar é tão superestimado nos dias de hoje, agora que temos a tecnologia para mapear tudo. Quero dizer, para que passar horas em um tubo de alumínio voando pelo céu, poluindo a atmosfera, quando você pode ver o mundo a partir do conforto de sua própria casa? A realidade virtual está atualmente engatinhando, mas dentro de cinco anos irá decolar. Um fone de ouvido de cinquenta dólares assumirá o lugar de centenas de dólares desperdiçados em voos."
Apenas Malcolm concordou com a cabeça, sua expressão revelando que ele achou o ponto de vista de Glen provocador. Bryn, por outro lado, ficou horrorizada com a declaração dele e lançou um olhar de desculpas para Keira. Keira apenas deu um olhar inexpressivo para sua irmã, como se dissesse Eu sabia que isso seria terrível.
"E você Glen?" Perguntou Bryn, tentando salvar a conversa. "Se você não é um fã de viagens, como você acha que serão seus próximos cinco anos?"
Todos voltaram sua atenção para o contador. Ele estalou os dedos.
"Tenho tudo planejado," ele disse com confiança. Ele apontou para seu dedo indicador. "Uma esposa em um ano." Então, ele seguiu para o próximo dedo. "Nossa casa dos sonhos nos subúrbios no ano seguinte." Ele apontou para os dois dedos seguintes. "Dois filhos, com uma diferença de dezoito meses. Um menino, uma menina." Então, finalmente, ele balançou o polegar. "E um cachorro."
Keira suspirou profundamente. Ela sabia antes mesmo de sair do apartamento de Bryn que não iria encontrar nada semelhante a um romance nesse encontro. Mas ainda havia um lampejo de esperança. Apenas uma pequena faísca que alguém tão iluminado quanto Shane aparecesse de repente em sua vida, virando seu mundo de cabeça para baixo, tão rápido quanto o próprio Shane havia feito.
Mas ela percebeu, com uma decepção amarga, que havia sido uma boba por até mesmo considerar essa ideia. Shane era uma experiência em um milhão. Não, uma em um bilhão. Seu encontro com Glen tinha acabado de confirmar seus piores medos.
Ela nunca mais acharia um amor como aquele.
CAPÍTULO TRÊS
Keira não teve escolha senão retornar ao escritório na manhã seguinte. Para começar, coração partido não era um motivo válido para faltar no trabalho, e dois dias seguidos parecia abuso. Além disso, ela não queria passar outro dia se lamentando em cafeterias e, definitivamente, não queria ser persuadida a participar de outro esquema maluco e estúpido de Bryn! O último, o encontro no Gino, havia deixado um gosto muito azedo na boca de Keira.
Apesar de sentir que havia uma nuvem negra pairando sobre sua cabeça, Keira conseguiu se vestir e se preparar para começar o dia. Geralmente, ela se sentia poderosa ao se vestir para o trabalho, mas hoje ela se sentia como uma imitação barata, apesar de ter optado por uma das roupas mais casuais de suas opções de roupas formais.
Quando saiu do apartamento de Bryn, Keira viu que Nina havia lhe enviado uma mensagem de apoio.
Todos estão ansiosos para o seu retorno.
Keira sorriu. Ela estava feliz por ter uma boa amiga como Nina. Apesar da diferença de idade, havia uma grande sintonia entre elas. E Nina teve uma carreira tão impressionante no mundo da escrita que também era