Caitlin finalmente deixa o cálice e pega a caixa de prata, levando-a consigo para a cama. Ela se deita, percebendo o cansaço em suas pernas doloridas. A sensação de ficar apenas deitada lhe agrada.
Ela se encosta, apoiando a cabeça contra um pequeno e simples travesseiro e fecha os olhos, apenas por um segundo. Ela está decidida a abri-los em alguns instantes e ler a carta de seu pai.
Mas assim que seus olhos se fecham, o cansaço toma conta de seu corpo. Ela não conseguiria abri-los nem se tentasse. Dentro de segundos, Caitlin está profundamente adormecida.
Caitlin está no meio da arena do Coliseu de Roma, vestida em traje de batalha, com uma espada em punho. Ela está preparada para enfrentar qualquer pessoa que a desafie – na verdade, ela sente a necessidade de guerrear. Mas ao olhar para trás, e para todos os lados, ela vê que o estádio está vazio. Ela olha para as arquibancadas e vê que todos os lugares estão vagos.
Caitlin pisca, e ao abrir os olhos, ela não está mais no Coliseu, e sim no Vaticano, na Capela Sistina. Ela ainda está segurando a espada, mas agora está vestindo um manto.
Ela olha ao redor da sala e vê centenas de vampiros, alinhados de maneira organizada, vestindo mantos broncos e observando-a com olhos azuis brilhantes.
Caitlin deixa a espada cair no chão da câmara vazia, e ao tocar no chão o barulho metálico ressoa pelas paredes. Ela anda lentamente até o padre e, esticando o braço, pega das mãos dele um grande cálice de prata, repleto de sangue branco. Ela bebe com vontade, deixando que o líquido escorra por seu rosto.
De repente, Caitlin se encontrá sozinha no deserto. Ela está caminhando descalça pelo chão de terra batida, enquanto segura uma chave gigantesca nas mãos. A chave é tão grande- tão absurdamente grande – que o peso dela atrapalha seu avanço.
Ela caminha sem parar, com a respiração ofegante pelo calor até que, finalmente, ela chega a uma enorme montanha. No topo daquela montanha, ela vê um homem parado, olhando para baixo com um sorriso nos lábios.
Ela sabe que aquele é seu pai.
Caitlin sai em disparada, correndo o máximo que consegue, tentando chegar até a montanha, – cada vez mais perto dele. Enquanto ela corre, o sol atravessa o céu, ficando ainda mais quente, brilhando sobre ela, parecendo surgir de trás de seu pai. É como se ele fosse o sol, e ela estivesse indo na direção dele.
A temperatura aumenta à medida que ela ascende, e ela está quase sem ar ao se aproximar dele. Ele está parado de braços abertos, esperando para abraçá-la.
Mas a montanha se torna mais íngreme a cada instante, e ela está cansada demais. But the hill became steeper and she was just too tired. She couldn’t go any further. Ela cai onde está.
Caitlin pisca e, ao abrir os olhos, vê seu pai parado acima dela, olhando-a com um sorriso nos lábios.
“Caitlin,” ele diz. “Minha filha. Estou muito orgulhoso de você.”
Ela tenta esticar o braço, abraçá-lo, mas a chave está em cima de seu corpo, e é muito pesada, impedindo-a de se mover.
Ela olha para ele, tentando falar, mas seus lábios estçao rachados e sua garganta está seca.
“Caitlin?”
“Caitlin?”
Caitlin abre os olhos de repente, assustada.
Ela olha para cima, e vê um homem sentado ao seu lado na cama, observando-a sorridente.
Ele estica o braço, e gentilmente tira os cabelos da frente dos olhos dela.
Isso ainda é um sonho? Ela sente o suor frio em sua testa, sente o toque dele em seu pulso, e torce para que não seja.
Pois diante dela, sorrindo com carinho, está o amor de sua vida.
Caleb.
CAPÍTULO TRÊS
Sam repentinamente abre os olhos. Ele está olhando para o céu, para o tronco de um enorme carvalho. Ele pisca diversas vezes, tentando descobrir onde está.
Ele sente algo macio e bastante confortável em suas costas e, ao olhar, percebe que está deitado sobre musgos no chão de uma floresta. Ele olha para cima de novo, e vê dezenas de árvores acima dele, balançando com o vento. Ele ouve um barulho de água, e ao procurar a fonte, enxerga um pequeno riacho que corre por ali, a apenas alguns metros da cabeça dele.
Sentado, Sam observa o lugar a sua volta, olhando em todas as direções para absorver tudo. Ele está no meio de uma floresta, e a única luz disponível é a que consegue atravessas as copas das árvores. Ele olha para baixo e vê que está completamente vestido, com o mesmo traje de batalha que estava usando no Coliseu. O lugar onde ele está é calmo, o único som que ele ouve é o do riacho, dos pássaros e de alguns animais à distância.
Sam percebe, com alívio, que a viagem no tempo havia funcionado. Ele está obviamente em outro lugar e tempo- embora não faça a mínima ideia de quando e onde.
Sam verifica seu corpo atentamente, e percebe que não havia se ferido gravemente, e que se encontra ainda inteiro. Ele sente que a fome começa a incomodá-lo, mas sabe que ainda terá que esperar. Primeiro, ele precisa descobrir que lugar é aquele.
Ele apalpa o próprio corpo, procurando para ver se tinha alguma arma consigo.
Infelizmente, nenhuma delas havia sobrevivido à viagem no tempo. Ele está sozinho de novo, forçado a se defender apenas com as próprias mãos.
Ele se pergunta se ainda tem os poderes de um vampiro. Ele pode sentir uma força sobrenatural cursando suas veias, e pressente que sim. Mas por outro lado, ele não pode ter certeza até que experimente.
E a oportunidade se apresenta antes do que ele imaginava.
Sam ouve um galho se partindo, e ao virar vê um grande urso se aproximando dele lentamente e de forma agressiva. Ele fica paralisado. O urso ruge para ele, mostrando as presas.
Um segundo depois, ele começa a correr, exatamente na direção de Sam.
Sam não tem tempo para correr, e lugar nenhum onde se esconder. Ele logo percebe que não tem escolha, a não ser enfrentar o animal.
Estranhamente, ao invés de ser tomado pelo medo, Sam sente o ódio tomar conta de seu corpo. Ele está furioso com o animal. Ele não gosta do fato de ter sido atacado, especialmente antes que tivesse a chance de se recuperar. Então, sem pensar muito, Sam ataca também, se preparando para lutar contra o urso da mesma forma que faria contra um humano.
Sam e o urso se encontram na metade do caminho. O urso parte para cima dele, e Sam revida. Ele pode sentir o poder cursando suas veias, ele sente a força lhe dizendo que ele é invencível.
Ao encontrar o urso em pleno ar, ele percebe que estava certo. Agarrando o urso pelo ombro, ele segura firme, gira o corpo e o arremessa. O uso é lançado no ar por vários metros, atravessando a floresta e batendo de encontro a uma árvore.
Sam fica parado no lugar e ruge para o urso, um rugido feroz, ainda mais alto que o do animal. Enquanto grita, ele sente seus músculos e veias se contraindo.
O urso se levanta devagar, cambaleando, e olha para Sam com o que parece ser um olhar de surpresa. Enquanto anda, o urso manca e, depois de alguns passos incertos, abaixa a cabeça, dá as costas para Sam, e foge.
Mas Sam não vai deixar com que ele escape tão facilmente. Ele está nervoso, e sente que nada no mundo conseguiria abater sua raiva. E ele está com fome. O urso terá que pagar.
Sam sai em disparada, e fica contente ao constatar que é mais rápido que o animal. Dentro de poucos instantes ele alcança o urso e, com um único salto, vai parar nas costas dele. Ele afasta um pouco o rosto e então perfura o pescoço do animal.
O urso grita de dor, contorcendo seu corpo descontroladamente, mas Sam se mantém firme. Ele enfia suas presas ainda mais fundo