– Obrigado senhorita, senhora?
– Senhorita Clara… Mas é claro, você pode me chamar de Clara.
– O prazer é meu. Clara, obrigada pela sua preocupação.
Clara corou ao abrir a bolsa. – De nada. Aqui, pegue isso – ela estendeu um pouco de dinheiro; – Acredito que você terá um longo caminho até a cidade.
– Uau. Não posso agradecer o suficiente por esse gesto maravilhoso. Deus te abençoe muito bem, Clara. Obrigado.
– De nada, senhor?
– Tega, Tega é o meu nome.
– Tudo bem, Tega, é bom conhecê-lo.
– Igualmente, apesar de me desculpar pelas circunstâncias em que estamos nos encontrando.
– Está tudo bem, Tega. Considere isso como providência em ação. É minha esperança que você tenha melhores dias pela frente. Desejo-lhe um dia mais esplêndido e sucesso em todos os seus esforços. Tchau.
– Obrigado e tchau por agora. – Tega e Clara apertaram as mãos e foram em diferentes direções.
Tega e seu pai estavam comendo à mesa quando a senhora Oghenevwede entrou na casa.
Ela atacou eles.
– Não me lembro de deixar comida na cozinha.
– Bem-vinda de volta, mamãe.
– Mesmo que nosso filho seja uma formiga, eu me tornei um rato?
Ela olhou arrogante:
– De onde essa refeição se materializou? Espero que nenhum de vocês tenha tocado meus alimentos?
– Estou falando com você, mulher. Pelo menos mostre alguma consideração por um homem que carregava vinho por sua causa.
– E daí se eu não tiver nenhuma consideração por um homem que tenha um barril miserável de vinho da palma para me arrancar do jardim florido de meu pai e me depositar em sua casa para bater em tanques como um escravo?
Tega ficou furioso. – Como se atreve a falar assim com meu pai? Cristo. Sua atitude é desprezível, mamãe, mostre algum respeito.
– Você vai ficar quieto, seu jovem idiota covarde. Quando os temperos escaldam em uma panela fumegante, uma refeição não preparada não se vangloria como um cardápio saboroso.
– Onde nos perdemos? Onde eu errei? – Oghenevwede lamentou e balançou a cabeça com total espanto.
– Pergunte a si mesma, miserável – a senhora Oghenevwede bufou e se afastou para lavar a louça do freezer.
Tega parou de comer. A situação doentia de sua família o preocupava. Sua mãe os considerava parasitas. A cegueira do pai o impedia de conseguir um emprego.
Tega não conseguiu um emprego remunerado para comprar provisões para a casa. O negócio de alfaiataria de sua mãe fornecia necessidades básicas. Isso fez dela a única provedora da casa. Ela os alimentava diariamente com o veneno da boca, em vez de sustento da bolsa. Houve momentos em que Tega pensou que nunca houve amor entre seus pais.
Ele largou os talheres:
– Oh, isso é um absurdo. – Ele cerrou os punhos.
– Acalme-se, meu filho, e por favor termine sua refeição
– Não papai. Eu perdi meu apetite.
– Você quer que eu perca meu apetite para comer e viver?
– Não papai – Tega pegou sua faca e garfo.
No dia seguinte, Tega e seu pai estavam tomando café da manhã.
– Papa, em breve não nos faltará nada. Se tudo correr como o planejado, pela graça de Deus voltarei para casa, com um emprego.
– Desejo e rezo para isso menino. Seu desemprego contínuo cessará neste dia. Aposto com a minha vida.
– Amém. No entanto, definitivamente não com sua vida, papai, Deus está encarregado disso. Papai, sua vida é mais preciosa para mim do que qualquer emprego que pague um bilhão de nairas.
– Amém. Esse é o meu filho. Desejo a você a melhor benção de Deus. Vá com cuidado.
– Obrigado, papai. Eu deveria ir agora. Não quero me atrasar.
– Mas é cedo. Se eu me lembro bem. Eles agendaram a entrevista para o meio-dia. São apenas oito horas.
– Sim, papai, mas é melhor eu chegar lá mais cedo do que tarde. Quero evitar o horário de pico e preparativos em cima da hora. Isso me deixa tenso. A espera na via expressa se tornou terrível.
– Sim, é verdade. É melhor você ir. Antes de sair, coloque meu telefone para carregar, por favor.
Tega pegou o telefone do pai da mesa e o conectou à caixa de extensão na sala de estar.
– Papa, está feito.
– Obrigado, meu filho.
Tega pegou as louças e foi até a cozinha. A senhora Oghenevwede o abordou. Ela fixou um olhar desdenhoso em seu elegante traje corporativo.
– Eu me pergunto o que estou perdendo nesta casa – ela perguntou a ninguém em particular. Ela apontou um dedo para Tega: – Ultimamente, você e seu pai estão aproveitando. Espero que você não esteja em atividades fraudulentas?
– E por que você faria uma pergunta tão imoral a nosso filho?
– É porque ele é o único que tem força para segurar uma arma de cano duplo. Você é um dodô fraco que não pode empunhar uma adaga – ela avaliou o marido – não vou dizer que você é o contador dele. Como um cego pode contar dinheiro? Seu único apoio será comer o resultado.
– Parece que você ficou louca – disse o senhor Oghenevwede.
– A forma como vocês dois estão jantando como rei e príncipe nesta casa deixa espaço para suspeitas. O que alguém pensaria conhecendo seu status de desempregado?
– O que você está insinuando? – o senhor Oghenevwede perguntou.
– Nada, só espero que ninguém venha me prender por um crime do qual nada sei.
– Você é impossível. Estou desapontado. Suas palavras são odiosas. O que meu pai e eu fizemos para você? Eu deveria sair daqui. Não quero que sua brincadeira repugnante estrague meu dia. – Tega entrou na cozinha. Ele lavou a louça e saiu de casa.
– Para onde ele está indo? O que vocês dois não estão me dizendo? Espero que você não esteja escondendo algo hediondo de mim.
O senhor Oghenevwede continuou em silêncio. Ele foi até a sala e sentou-se confortavelmente.
Tega se aproximou de casa. Ele estacionou o carro de sua nova construtora do lado de fora. Ele queria surpreender o pai com seu novo emprego como motorista. Ele entrou na casa e viu algumas pessoas chorando enquanto outras tinham rostos tristes.
– O que está acontecendo aqui? Mamãe, por que essas pessoas estão em nossa casa? Diga-me por que as lágrimas e os rostos tristes?
– Oh, meu filho… – ela se jogou na cadeira. A senhora Oghenevwede chorou.
– Pare, mamãe, onde está o papai?
– Tega, é triste você ter que voltar para esse cenário. Tenha coragem, seja corajoso. – Um vizinho o consolou.
– Do que você está falando, senhor? Sobre o que você está tagarelando? Alguém pode se comunicar comigo em uma linguagem sã? Sobre o que é toda essa piada?
– Seu pai não existe mais – disse a Sra. Oghenevwede.
– Mamãe, eu não estou pronto para nenhuma das suas zombarias.
– Seu