A vaga das canções Natalícias tornou-se depois um verdadeiro business para o cinema, casas discográficas e televisões. Milhares de autores enriqueceram-se produzindo verdadeiros sucessos que nos fazem ainda chorar e sonhar, como WHITE CHRISTIMAS SONG.
Depois, como toda coisa, o movimento esgotou-se e o mercado mudou. Hoje tudo isto que ouvimos do Natal são simples reelaborações de canções do passado, e aquele pouco de novo que existe não faz história. As tradições enterram-se, as festividades reduzem-se a um árido comércio e a gente parece ter perdido também a vontade de cantar.
Por quê? Onde foi parar o Espírito do Natal? Quiçá, talvés perdemo-lo?
ROCKING AROUND THE CHRISTMAS TREE
Um Natal… moderno!
Começamos a nossa vista panorâmica sobre as canções mais belas dedicadas ao Natal com um trecho e com a melodia cativante, uma letra ligeira e um nome genialmente importante: Johnny Marks, um dos poucos compositores de canções Natalícias entrado directamente na Songwriters Hall of Fame.
Entre os anos ’30 e nos primórdios dos anos ’60 compor canções sobre o Natal era pouco mais menos uma profissão. Alguns autores especializavam-se neste ramo que, particularmente com a chegada da televisão, era muito seguido, publicitado e amado. Todos os anos dezenas de autores... Natalícios propunham às casas discográficas as próprias obras. Conseguir depois fazê-las gravar pelos cantores mais na moda era garantia de sucesso. A América, seja católica como protestante, sempre amou o Natal. Bing Crosby, que de canções gravou realmente tantas, tornou-se o preferido do público com White Christmas e graças à popular canção levantou voo no firmamento das stars. Entre os anos ’30 e nos primórdios dos anos ’40, época do swing, do jazz e do rock’ n roll ainda bebé, as canções sobre o Natal tinham um cunho espumoso, alegre e das sugestões dancing. Foi apenas de seguida, nos anos ’50, que assumiram uma coloração mais melódica e sugestiva, adequada a uma sociedade sonhadora perfeitíssima por isso o reviver dos bons sentimentos caracterizava um certo tipo de família tradicional. Todavia Rocking around the Christmas tree trouxe uma lufada de alegria e dinamismo, mesmo mantendo o chamamento à harmonia do lar doméstico muito caro à população Americana.
Eis a letra da canção.
Rocking around the Christmas tree
At the Christmas party hop
Mistletoe hung where you can see
Every couple tries to stop
Rocking around the Christmas tree,
Let the Christmas spirit ring
Later we’ll have some pumpkin pie
And we’ll do some caroling.
You will get a sentimental
Feeling when you hear
Voices singing let’s be jolly,
Deck the halls with boughs of holly
Rocking around the Christmas tree,
Have a happy holiday
Everyone dancing merrily
In the new old-fashioned way
FOTO 4. Eis a capa original do disco de 1958, com uma infantil e sorridente Brenda Lee. O disco, produto da Decca, teve um discreto sucesso. A cantora, na altura com treze anos, colocava-se na esteira do recem-nascido rock’n roll piscando todavia o olho à tradição do Natal na família. Permanecido a única intérprete do trecho durante 30 anos, a Lee foi retirada do pódio pela versão Kim Wilde/Mel Smith de 1987, que se posicionou no terceiro lugar nas Hit Inglesas do ano. Outra vez presente no imaginário colectivo a versão rock da então pudica Miley Cyrus, que em 2006 capturou a atenção de milhões de ouvintes.
E aqui está a tradução em italiano
Dançando em volta da árvore de Natal
Nas festas natalícias
O visco está pendurado ali onde vês,
cada casal procura beijar-se lá em baixo
dançando em volta da árvore.
Deixemos que o espírito do Natal se erga,
mais tarde comeremos um pouco de bolo de abóbora
e cantaremos uma certa ária de Natal.
E comover-te-á
Quando ouvires o coro a cantar “fiquem alegres!”
Daremos alegria as salas com a visqueira
E dançaremos em volta da árvore cantando
“Boas festas”!
E todos cantam felizes
Naquela forma antiga,
que é sempre novo!
Como podem ver uma letra que à primeira vista parece ligeira mas que apresenta umas partes interessantes. O termo rocking (dançando) introduz a novidade da sugestão rock, exactamente como já tinha sucedido numa outra canção de Natal talvés mais famosa: Jingle BellRock de Bobby Helms. A introdução do rock, mesmo privado da dureza característica, foi realmente uma novidade para o género das canções Natalícias e, estranhamente, resultou favoravelmente aceite pelas tradicionalíssimas gerações precedentes, que viam na alma do nascente rock um símbolo da degradação da sociedade. Magia do Natal?
Efectivamente a canção deixa-se logo “perdoar” sublinhando os temas fixados da tradição: o beijo em baixo do visco, as vozes alegres, o espírito do natal e... – toque do mestre! – A união velho-novo citando precisamente o refrão da famosíssima DECK THE HALLS, canção símbolo do americano médio mais adulto. O trecho foi composto por Johnny Marks em 1957 e confiada pela DECCA à então catorzinha Brenda Lee, que gravou-a duas vezes, em ’58 e em ’59. Parece que originariamente a canção tivesse tingido mais country e que depois tenha sido “cosido” nas peculiaridades canoras e interpretativas da Lee. Experiência muito bem sucedida se for a considerar que a gravação da Brenda Lee foi pois quase a única para esta canção.
FOTO 5. Criança prodígio, Brenda Lee começou a sua carreira com 6 anos de idade colocando-se no primeiro lugar num concurso de talento escolar, cujo prémio era aquele de exibir-se ao vivo num programa radiofónico muito na moda, Star makers revue. A sua família era paupérrima e, graças às intervenções radiofónicos da garota que se exibia sem trégua nas rádios locais, conseguia manter-se. Era muito franzina de estatura, cerca de 145 cm, mas a sua voz era de tal forma impetuosa até que mereceu o nome de “Miss Dinamite”. Alcançou o sucesso não com o Rocking Around the clock porém com o trecho I’m sorry de 1960, pelo qual foi condecorada com Grammy Award. Considerada pelo público como uma cantora pop Brenda Lee foi todavia expoente máximo do rockabilly e do rock’n roll, uma das pouquíssimas mulheres da época.